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26 de fevereiro de 2024

ATO NA PAULISTA: ORAÇÃO DE MICHELLE E ATAQUES DE MALAFAIA: O PROTESTO DE BOLSONARO.


Manifestação ocorre em meio a investigações sobre possível envolvimento do ex-presidente e de aliados em um suposto plano para subverter o resultado da eleição de 2023, vencida supostamente pelo atual presidente.

 

O protesto convocado pelo ex-presidente JB (PL22) reuniu políticos e milhares de manifestantes em São Paulo no domingo (25/2) em meio ao avanço das investigações da Polícia Federal (PF) sobre um suposto plano de golpe de Estado depois da eleição do descondenado esquerdista.

 

O protesto foi realizado, segundo seus organizadores, como uma defesa da "liberdade e do Estado democrático de direito".

 

Mas a manifestação foi vista por analistas como um esforço do ex-presidente de demonstrar que tem força política e apoio popular.

 

Bolsonaro pediu que o público não levasse faixas contra autoridades e ministros Supremos, como ocorreu em outros atos com a participação do ex-presidente.

 

Do alto de um trio elétrico, diante de manifestantes que carregavam a bandeira do Brasil e vestiam a camisa da seleção, Bolsonaro negou que tenha havido uma tentativa de golpe de Estado e defendeu que agiu dentro dos limites da Constituição.

 

Bolsonaro também pediu anistia para os que participaram da manifestação de 08 de janeiro e não depredaram nada,em 2023 e afirmou querer "passar uma borracha no passado".

 

O protesto contou com a participação da ex-primeira dama Michelle, que abriu o ato na avenida Paulista com uma oração e um discurso emocionado.

 

O pastor Silas Malafaia, principal organizador do ato, foi o último a discursar antes do ex-presidente e assumiu tom mais duro em sua fala.

 

A manifestação também contou com a presença de diversos políticos, entre eles, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Jorginho Melo (PL), de Santa Catarina, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (PSDB), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, além de parlamentares.

 

O ato também ficou marcado pelas centenas de bandeiras de Israel, empunhadas por bolsonaristas ao longo da Paulista e da presença de judeus, após Lula ter sido criticado por ter comparado o conflito em Gaza ao Holocausto.

 

A BBC News Brasil reuniu em cinco pontos os principais momentos e fatos do protesto convocado por Bolsonaro.

1. Bolsonaro: Negativa de golpe e pedido de anistia

 

Em seu discurso, que durou 22 minutos, Jair Bolsonaro refutou a acusação de que teria planejado dar um golpe de Estado após a vitória de Lula nas eleições de 2022.

 

"Eu teria muito a falar, e tem gente que sabe o que eu falaria, mas o que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado, é buscar uma maneira de nós vivermos em paz, é não continuamos sobressaltados", disse, dirigindo-se a deputados e governadores que estavam ao seu lado.

 

De acordo com investigações da PF, Bolsonaro teria se envolvido na confecção de uma minuta de decreto com medidas que impediriam a posse de Lula para mantê-lo no poder.

 

Militares próximos a Bolsonaro também teriam organizado manifestações contra o resultado das eleições e atuado para garantir que os manifestantes tivessem segurança.

 

Já o grupo em torno de Bolsonaro teria monitorado os passos do ministro do STF Alexandre de Moraes, incluindo acesso à sua agenda de forma antecipada.

 

A minuta, encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, previa "estado de defesa na sede do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, Distrito Federal, com o objetivo de garantir a preservação ou o pronto restabelecimento da lisura e correção do processo eleitoral presidencial do ano de 2022, no que pertine [sic] à sua conformidade e legalidade, as quais, uma vez descumpridas ou não observadas, representam grave ameaça à ordem pública e a paz social".

 

Inicialmente, Bolsonaro negou ter conhecimento da minuta, mas um documento com este mesmo teor foi encontrado depois pela PF na sala do ex-presidente na sede do PL, seu partido.

 

Em sua fala no protesto, Bolsonaro afirmou que agiu dentro dos limites da Constituição e que, para ser aplicado, o decreto de estado de defesa dependeria da aprovação do Congresso.

 

"Continuam me acusando de um golpe, porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Tenha santa paciência", disse.

 

"Querem entubar a todos nós um golpe, usando dispositivo da Constituição cuja palavra final quem dá é o Parlamento brasileiro."

 

No protesto, o ex-presidente também pediu aos congressistas um projeto de lei que anistie seus apoiadores que foram em Brasília por participarem na depredação de prédios públicos em 8 de janeiro de 2023.

 

"[Queremos] Anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília, nós não queremos mais que seus filhos sejam órfão de pais vivos. Agora nós pedimos a todos os 513 deputados e 81 senadores um projeto de anistia para que seja feita a Justiça em nosso Brasil", disse Bolsonaro.

 

"E quem, porventura, depredou o patrimônio, nós não concordamos com isso. Que paguem, mas que essas penas não fujam ao mínimo da razoabilidade."

2. Valdemar da Costa Neto: 'PL é maior partido do Brasil'

 

O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, compareceu ao ato na Paulista, mas discursou horas antes de Bolsonaro chegar ao local.

 

Ambos estão proibidos pela Justiça de manter contato, após Costa Neto ser alvo em 8 de fevereiro de uma operação da PF que investiga a suposta tentativa de golpe, que teria o envolvimento de Bolsonaro, segundo os investigadores.

 

Costa Neto chegou a ser preso por porte ilegal de arma de fogo e teve sua liberdade provisória concedida por Moraes dois dias depois.

 

Seus advogados afirmam que "a arma é registrada, tem uso permitido, pertence a um parente próximo e foi esquecida há vários anos" no apartamento do presidente do PL, onde foi encontrada.

 

Na Paulista, Costa Neto falou por poucos segundos, do alto de um trio elétrico, e agradeceu ao público.

 

"Vim aqui só para falar que vocês transformaram o PL no maior partido do Brasil. Pátria, saúde, liberdade e família", disse.

3. Michelle Bolsonaro: 'Estamos sofrendo'

 

A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro abriu o ato na avenida Paulista com seu discurso e uma oração, momento em que causou forte reação do público presente, como testemunhou a reportagem.

 

Emocionada, ela chorou citando "um momento tão difícil da história".

 

"Desde 2017, estamos sofrendo porque exaltamos o nome do senhor no Brasil, porque meu marido foi escolhido e declarou que era Deus acima de todos", disse.

 

"Não tem como não se emocionar vendo o exército de Deus nas ruas, o exército de homens e mulheres patriotas que não desistem da sua nação."

 

A ex-primeira-dama foi implicada em alguns escândalos envolvendo o ex-presidente e sua família.

 

Um deles foi o caso das joias que foram presenteadas ao casal Bolsonaro em 2021 pelo governo saudita.

 

Uma investigação apura se as joias foram trazidas ao país de forma ilegal.

 

Bolsonaro e Michelle prestaram depoimento à PF sobre o caso em agosto do ano passado. Ambos negam quaisquer irregularidades.

 

Em sua fala durante o ato na Paulista, Michelle também agradeceu o público.

 

"Aqui fica meu agradecimento a cada uma de vocês, por saírem de suas casas, de sua zona de conforto para dizer que o Brasil é do senhor, que somos um povo que defende valores e princípios cristãos".

 

A ex-primeira-dama é desde o ano passado presidente do PL Mulher, braço da legenda de Bolsonaro dedicado a mobilizar o eleitorado feminino, e sempre atuou como uma ponte do ex-presidente com o eleitorado evangélico.

 

Após Bolsonaro ser considerado inelegível pela Justiça Eleitoral, Michelle passou a ser citada como uma possível herdeira do seu capital político e um nome forte para futuras eleições.

4. Bandeiras de Israel

 

O protesto contou com a presença de muitas pessoas que carregavam a bandeira de Israel, e havia entre os presentes judeus com adereços tradicionais judaicos.

 

Os ambulantes vendiam bandeiras de Israel ao lado de bandeiras do Brasil.

 

Outros congressistas da base governista, no entanto, defenderam a fala de Lula.

 

5. Silas Malafaia e aliados no palanque

 

A manifestação bolsonarista também teve a presença de quatro governadores.

 

Além de Tarcísio de Freitas, de São Paulo, também participaram os governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina.

 

Bolsonaro fez acenos aos quatro em seus discursos, assim como ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (PSDB), que também compareceu ao ato.

 

Tarcísio de Freitas falou ao público e, em seu discurso, disse que "não era ninguém" até ser indicado por Bolsonaro para ser ministro da Infraestrutura.

 

"Ele é um presidente que sempre defendeu a liberdade acima de tudo. Meu amigo Bolsonaro, você não é mais um CPF, não é mais uma pessoa, você representa um movimento de quem acredita que vale a pena brigar pela família, pela pátria e pela liberdade", disse Tarcísio.

 

"Muito obrigado, Bolsonaro, nós sempre estaremos juntos."

 

Entre os parlamentares estavam os deputados federais Nikolas Ferreira e Marco Feliciano, ambos do PL.

 

O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, foi um dos principais organizadores do protesto.

 

Malafaia foi o último a falar antes de Bolsonaro. Coube a ele os comentários em tom mais incisivo e críticas mais duras.

 

Malafaia questionou, por exemplo, se Lula sabia com antecedência das invasões do 8 de janeiro.

 

"Eu tenho algumas perguntar para fazer: primeiro, por que Lula saiu às pressas de Brasília e foi para Araraquara? Ele foi avisado que ia ter baderna?", disse Malafaia.

 

Lula estava em visita oficial à cidade do interior paulista, que havia sido atingida por fortes chuvas e enchentes, e é governada por Edinho Silva (PT).

 

"Outra pergunta: cadê os vídeos gravados pelas câmeras do governo? Que estão em posse de Alexandre de Moraes?! O povo precisa saber quem está por trás daquela baderna, daquela safadeza", afirmou.

 

Malafaia também criticou os ministros M..., que conduz as investigações contra Bolsonaro no STF, e o atual presidente da Corte, Luís.

 

*Com reportagem de João da Mata, João Fellet, Leandro Machado, Rafael Barifouse e Vitor Serrano. (Portal Terra)

 Segunda-feira, 26 de fevereiro 2024 às 13:02

 

22 de fevereiro de 2024

“NÃO PODEMOS CONTINUAR VIVENDO NESSE IMPASSE DE QUE BOLSONARO VAI SER PRESO”

 


Presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar na quarta (21/02) os inquéritos dos quais é alvo e disse que o ato que chamou para este domingo (25/02) terá poucos discursos. “Não podemos continuar vivendo aqui naquele impasse. ‘Ah, o Bolsonaro vai ser preso amanhã. Pode ser preso a qualquer momento’. Qual crime eu cometi?”, disse ele.

 

O ex-presidente concedeu entrevista a Esmael Morais, que se apresenta como um blogueiro de esquerda. Sobre a manifestação de domingo, Bolsonaro afirmou na entrevista que será um ato pacífico e pedindo respeito à Constituição.

 

Bolsonaro também disse que poucas pessoas devem falar no evento. “A senhora Michelle [Bolsonaro] fazendo uma oração. Seria o governador Tarcísio [de Freitas], o próprio pastor Silas Malafaia e eu. A princípio apenas essas pessoas falarão. Qual o recado ali? Em defesa do Estado democrático de Direito, da nossa liberdade e um retrato para o Brasil e imagens para o mundo do que nós, de verde e amarelo, queremos: Deus, pátria, família e liberdade.”

 

Bolsonaro também disse que não vai responder a perguntas nesta quinta-feira (22) em depoimento marcado com aval do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), porque seus advogados ainda não tiveram acesso aos autos da investigação sobre golpismo.

 

“Pelo processo legal, eu tenho que saber do que estou sendo acusado. Eu tenho que ter acesso ao processo.”

 

Na entrevista, ele se disse vítima de uma “perseguição sem tamanho” do governo Lula e de “outros setores”.

 

“Na transição, ninguém reclamou. Foi feita uma transição pacífica. No penúltimo dia, fui embora para os Estados Unidos. Resolvi não passar a faixa, é um direito meu. Não é porque [João] Figueiredo não passou a faixa para [José] Sarney lá atrás. É um direito meu. Não sou obrigado a fazer isso aí”, disse o ex-presidente.

 

Na entrevista, Bolsonaro disse que ainda tem esperanças de ser candidato em 2026, caso consiga uma revisão de seu julgamento.

*Folha

 Quinta-feira, 22 de fevereiro 2024 às 14:01