A
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) atualizou segunda-feira (23/8) suas
recomendações para prevenir a covid-19 no retorno às aulas presenciais e
destacou que a vacinação dos adolescentes deve ser uma das medidas buscadas
para aumentar a segurança nas escolas em meio à pandemia.
Elaborado
por um grupo de trabalho coordenado pela vice-presidência de Ambiente, Atenção
e Promoção da Saúde da Fiocruz, documento divulgado hoje avalia que "a
implementação da vacinação para adolescentes pode reduzir significativamente o
fechamento prolongado de turmas, escolas e interrupções de aprendizagem e
lentamente permitir o relaxamento das medidas de proteção na escola", diz
o texto.
Para
os pesquisadores, "não há razão para acreditar que as vacinas não devam
ser igualmente protetoras contra a covid-19 em adolescentes como são em adultos
e em conjunto com as medidas de distanciamento e uso de máscaras propiciem um
retorno às aulas ainda mais seguro".
A
vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos já ocorre em algumas cidades do
Brasil, conforme é concluída a vacinação da população adulta com a primeira
dose. Até o momento, somente a vacina da Pfizer é autorizada pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para essa população, já que não há
estudos reconhecidos pela agência sobre o uso dos outros imunizantes em menores
de idade.
A
Fiocruz afirma que é fundamental que a vigilância para faixas etárias mais
jovens e nas unidades escolares, como um todo, seja reforçada, já que essa
população ainda tem acesso limitado às vacinas.
Outro
alerta é em relação à variante Delta, cuja transmissibilidade é maior que a da
cepa inicial do SARS-CoV-2. "É importante ressaltar que o aumento da
transmissibilidade em todas as faixas etárias foi relatado para as variantes de
preocupação (Vocs) do SARS-CoV-2, mais notavelmente para a variante Delta. Em
regiões onde uma porcentagem crescente de adultos está totalmente vacinada
contra covid-19, mas onde as crianças não são vacinadas, pode-se antecipar que,
nos próximos meses, proporções cada vez maiores de casos da doença relatados
ocorrerão entre crianças".
O
guia com as recomendações da Fiocruz indica que os principais cuidados são
manter ambientes ventilados, usar máscaras de eficácia comprovada, manter
distanciamento físico de pelo menos 1,5 metro, definir estratégias para
monitoramento de casos e rastreio de contatos e promover uma higienização
contínua das mãos. A fundação também defende que a situação vacinal dos
trabalhadores da comunidade escolar seja monitorada e que haja número máximo de
ocupantes nos ambientes.
O
texto sugere protocolos para lidar com o surgimento de casos de covid-19 nas
escolas. Quando dois ou mais alunos que convivem em uma mesma sala de aula
tiverem casos confirmados simultaneamente, é necessário suspender as aulas da
turma por 14 dias. Já quando casos simultâneos forem registrados em turmas
diferentes, deve-se suspender as aulas presenciais por 14 dias nos dias da
semana em que aquelas turmas têm aula. Além disso, todos os contatos próximos
devem ser monitorados.
Pessoas
com casos sintomáticos respiratórios não devem frequentar a escola de forma
presencial. Tal quadro pode ser descrito com ao menos dois dos seguintes
sintomas: febre (mesmo que referida), calafrios, dor de garganta, dor de
cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou distúrbios gustativos. Em
crianças, além dos itens anteriores, considera-se também obstrução nasal, na
ausência de outro diagnóstico específico.
"É
importante que haja um monitoramento muito próximo dos casos entre crianças,
adolescentes e adultos das comunidades escolares, além de ampla testagem ao
longo dos próximos meses de retorno pleno às atividades presenciais nas
escolas, sem o qual fica bastante difícil o monitoramento da real dimensão e
significado da pandemia nestes ambientes. O momento agora é de se implementar a
vigilância epidemiológica escolar em tempo real com a produção de dados para o
acompanhamento das experiências locais".
Segundo
a Fiocruz, "a abertura de escolas geralmente não aumenta de forma
significativa a transmissão na comunidade, especialmente quando as orientações
delineadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef) e Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC)
são seguidas". Além disso, a fundação afirma que "o risco de
afastamento dos menores de 18 anos de suas atividades normais como escola e
eventos sociais pode se revelar um risco maior do que o da própria SARS-CoV-2
para eles".
O
documento traz dados do Ministério da Saúde que indicavam que, até o início de
agosto, as crianças e os adolescentes correspondiam a aproximadamente 1,5% das
hospitalizações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) no Brasil (14.011
casos) e a 0,3% dos óbitos por SRAG em que a covid-19 foi confirmada (1.057
óbitos).
O
estudo da Fiocruz também elenca os principais indicadores que devem ser
observados para que haja um retorno seguro às aulas presenciais. O primeiro
deles é a taxa de contágio (R), que deve ser menor do que 1,0. Isso significa
que cada caso de covid-19 infecta, em média, mais de uma pessoa. Dessa forma, o
ritmo de novos casos não representa um agravamento da pandemia.
Outro
dado importante é a ocupação dos leitos de terapia intensiva para covid-19, que
são necessários para tratar casos graves da doença. Para o retorno seguro, a
Fiocruz recomenda que 25% desses leitos estejam livres.
O
terceiro indicador trata dos novos casos registrados em uma localidade. O
retorno seguro às aulas presenciais pode ocorrer quando novos diagnósticos não
superem a proporção de nove casos para cada 100 mil habitantes nos últimos sete
dias.
Por
fim, a fundação pede que seja observada a taxa de testes diagnósticos (RT-PCR
ou antígeno) positivos, recomendando que esse percentual não seja superior a
5%. Apesar disso, a pesquisa pondera que, no Brasil a média de positividade nos
testes diagnósticos gira em torno de 35%. "Isso pode significar que os
exames estão sendo realizados em sintomáticos moderados ou graves que procuram
os serviços de saúde, mas também um elevado risco de transmissão
local." (ABr)
Segunda-feira,
23 de agosto, 2021 ás 18:39
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