A Executiva Nacional do MDB
reiterou terça-feira (24/5) a indicação da senadora Simone Tebet (MS) como
pré-candidata à Presidência da República. A Executiva Nacional do Cidadania,
também reunida nesta terça, reafirmou apoio à pré-candidatura de Tebet.
Os partidos aguardam agora a
decisão do PSDB, que marcou reunião para o próximo dia 2 a fim de definir se
apoiará Tebet ou lançará candidatura própria (veja detalhes abaixo).
As posições de MDB e Cidadania
foram reforçadas um dia após o ex-governador de São Paulo João Doria anunciar
que desistia de ser o pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto.
Apesar de ter vencido as
prévias tucanas, Doria enfrentava resistências dentro do próprio partido e nas
demais siglas que negociam uma candidatura única.
Participaram presencialmente
da reunião em Brasília, entre outros membros do MDB, o deputado Baleia Rossi
(SP), presidente da sigla; Confúcio Moura (RO), senador; Alceu Moreira (RS),
deputado; Flaviano Melo (AC), deputado; Raul Henry (PE), deputado; Sergio Souza
(PR), deputado; Celso Maldaner (SC), deputado; Enrico Misasi (SP), deputado; e
Tadeu Filippelli (DF), ex-deputado federal. Outros emedebistas participaram de
forma virtual.
"A reunião de hoje serviu
apenas para demonstrar que há uma esmagadora maioria do MDB que defende a
candidatura própria da senadora Simone Tebet. [...] Acredito eu que a gente
nunca vai buscar a unanimidade, mas hoje, pelo apoio da pré-candidatura, mais
de 90% do MDB e dos convencionais declararam, abertamente, apoio à
pré-candidatura da Simone Tebet", declarou Baleia Rossi.
"Pra gente conseguir
somar com os demais partidos, era muito importante que nós conseguíssemos
reunir na reunião de hoje, como conseguimos, as grandes lideranças do MDB
reafirmando a confiança e o entusiasmo na pré-candidatura da Simone Tebet. É
mais um passo de consolidação dessa candidatura, que agora nos permite
conversar com os demais partidos", acrescentou o presidente do MDB.
Simone Tebet foi oficializada
pré-candidata do MDB à Presidência em dezembro do ano passado. O nome dela
dentro do partido, entretanto, não é consenso.
Líderes emedebistas da região
Nordeste, por exemplo, defendem apoio do MDB ao ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT), já no primeiro turno das eleições. É o caso do senador Renan
Calheiros (MDB-AL) e do ex-senador Eunício Oliveira (MDB-CE).
As chapas que concorrerão
oficialmente à Presidência da República nas eleições de outubro só serão
registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre julho e agosto, após as
convenções partidárias nacionais.
Informalmente, o presidente da
Cidadania, Roberto Freire, já havia firmado compromisso de apoio a Simone Tebet
na última quarta. O tema, no entanto, ainda não tinha sido pacificado junto à
executiva nacional da sigla.
A decisão é vista por
integrantes da legenda como uma forma de pacificar divergências abertas durante
as discussões de uma possível federação com o PSDB.
Durante as reuniões destinadas
à aprovação da união com os tucanos, membros criticaram a aproximação da cúpula
do Cidadania com o partido e a disposição da legenda em apoiar o então
pré-candidato João Doria.
Em nota, o presidente do
partido relembra a decisão de Doria em abrir mão da candidatura e diz que o
PSDB abre mão da “cabeça de chapa para que o MDB se torne novamente uma grande
frente democrática. E retome seu papel histórico”.
"Com Simone Tebet, MDB,
PSDB e Cidadania dão um passo concreto na direção da manutenção da democracia
com um programa comum: projetar o Brasil do Século XXI. Um encontro com o novo
mundo digital, as novas relações sociais e de trabalho e os desafios que elas
ensejam", diz Freire.
"O centro democrático
continua aberto ao diálogo com todas as forças que vejam na polarização um
embate que empobrece o país. Gera fome e desemprego. Insufla o ódio. Divide
famílias e sociedade. Coloca em risco nosso futuro. Uma polarização cujo legado
poderá ser ainda a reeleição do pior governo que esse país já teve. Ninguém
está aqui a dizer que uma ditadura como a de 58 anos atrás se avizinha. Mas a
destruição de seus pilares está em curso", prossegue o texto do partido.
MDB, PSDB e Cidadania negociam
uma candidatura única à Presidência em uma tentativa de furar a polarização
entre as chapas de Lula e do presidente Jair Bolsonaro (PL), que figuram nas
primeiras posições nas pesquisas de intenção de voto.
Na última semana, presidentes
dos três partidos receberam os resultados de uma pesquisa contratada para ver
qual, entre os nomes da terceira via, teria maior viabilidade eleitoral. O
resultado não foi divulgado oficialmente, mas fontes apontaram a senadora
Simone Tebet como "vencedora".
Na reunião, os partidos
combinaram de reunir suas executivas para ratificar o nome da senadora como
candidata unificada do grupo. A cúpula do Cidadania também se reúne nesta
terça.
No PSDB, a situação é mais
complicada. O partido adiou a reunião da executiva nacional, também prevista
para esta terça, após verificar impasse entre os filiados. O encontro foi
reagendado para a próxima semana.
Com a saída de João Doria da
disputa, uma ala tucana, liderada pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), passou a
defender a apresentação de uma nova candidatura própria. O nome com maior força
é o do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que foi derrotado por
Doria na eleição interna do PSDB.
Bruno Araújo, presidente do
PSDB, e o líder do partido no Senado, Izalci Lucas (DF), entre outros nomes da
legenda, são contrários à apresentação de uma nova pré-candidatura própria e
defendem o avanço das negociações com MDB e Cidadania.
Esse grupo dentro do PSDB
avalia que João Doria fez um "gesto de grandeza" ao desistir da
pré-candidatura, em favor da terceira via.
Sobre o racha no PSDB, o
presidente do MDB disse acreditar que nenhum partido conseguirá unanimidade em
torno de uma candidatura.
"Eu tenho convicção de
que o PSDB conseguirá maioria absoluta para vir para este movimento do centro
democrático. Vejo no presidente Bruno Araújo toda a vontade, o esforço para que
a gente busque as convergências necessárias para que a gente tenha uma só
candidatura, isso é importante pra que a gente não duvida do centro
democrático", afirmou Baleia Rossi.
*Estadão
Terça-feira, 24 de maio 2022 às
22:55