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2 de dezembro de 2021

NESSES DOIS ANOS FORMOU-SE UMA CASTA QUE, POR RAZÕES DIVERSAS, TEM TIRADO VASTO PROVEITO DA COVID


Nada como uma boa cepa nova, sobretudo se ela vem de algum fundão perdido deste mundo, para encher de esperanças, mais uma vez, todos os que criaram nestes dois últimos anos um estado de dependência em relação à covid. Uma parte da sociedade, de fato, não sabe mais viver sem o vírus.

 

Quem está nela inventou um universo particular, o “-l”, viciou-se em seu estilo e agora não quer voltar à vida de antes. A epidemia está cedendo? Então é preciso que ela volte com tudo.

 

Essa variante sul-africana, a “Ômicron” que está triunfando nas manchetes, no horário nobre e nos comissariados de médicos-burocratas que se encantaram com a tarefa de dar ordens a todos, é um clássico. Até agora, a nova cepa revelou-se de baixo impacto; espalha-se muito rapidamente, mas agride pouco o organismo. Ou seja: o sujeito pega a covid, mas não vai para a UTI. Na verdade, até agora, não está indo nem para o pronto-socorro.

 

Mas e daí? Uma bela cepa vinda da África, onde reinam o ebola, a mosca tsé-tsé e outras coisas horrorosas, resolve qualquer síndrome de abstinência causada por notícias positivas sobre a covid.    

 

Foi o que aconteceu. O Japão fechou o seu território, e até o espaço aéreo nacional, para se defender da nova variante. São Paulo, que vinha pensando em suspender a obrigação de usar máscaras em público, resolveu “repensar”.

 

A mídia, desprovida de mortos em escala suficiente para dramatizar o noticiário, recuperou as esperanças. Pegaram três infeccionados em São Paulo, anuncia-se com entusiasmo. Parece que há um em Brasília. Interceptou-se um viajante que passou pela Etiópia. O Marrocos não permite mais a entrada de brasileiros. Estão fazendo isso na Holanda. Estão fazendo aquilo na Mongólia Exterior – e etc. etc. etc.

 

É fato inegável que o Brasil já teve 22 milhões de infeccionados pela covid, e mais de 615 mil pessoas morreram em consequência da epidemia. Está igualmente fora de discussão a necessidade de dar todo o combate à essa praga – como, por exemplo, mantendo o avanço da vacinação, área em que o Brasil obteve um notável sucesso com a aplicação, até agora, de mais de 300 milhões de doses. Não se pode, em suma, subestimar nada.

 

Mas é igualmente verdade que nesses dois anos de covid formou-se uma casta que, por razões diversas, tem tirado vasto proveito da epidemia – e está duramente empenhada em manter as vantagens que obteve. É toda essa gente que ganhou o direito de mandar na vida dos outros – a classe social que permite, proíbe ou exige, dá licenças, fornece certificados, faz as pessoas responderem a questionários.

 

É o mundo do “home office” e das escolas fechadas. É a multidão de “autoridades locais” que receberam verbas de “emergência”, de cujo uso não precisam prestar contas. São todos os militantes da ideia de fazer a revolução mundial com o vírus e sem a necessidade das massas operárias.

 

É mais do que compreensível que todo mundo, nesse bonde, esteja torcendo pela nova cepa.

 

*Estadão

Quinta-feira, 2 de dezembro de 2021 às 13:28


 

 

28 de novembro de 2021

BRASIL INFELIZMENTE TERÁ CASOS DA VARIANTE ÔMICRON, DIZ PRESIDENTE DO BUTANTAN

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse que a recém-descoberta variante da Covid-19, denominada Ômicron, "infelizmente" vai chegar ao Brasil. De acordo com ele, "resta saber se [a variante] será contida".

 

Identificada primeiramente na África do Sul, a Ômicron foi classificada como "variante de preocupação" pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e causa apreensão por parte de autoridades ao redor do mundo, devido à maior facilidade de transmissão.

 

Até o momento, pelo menos 10 países já registraram casos de infecção pela nova cepa do vírus e muitos deles fecharam suas fronteiras a viajantes vindos de países da parte sul do continente africano. O Brasil proibiu voos de 6 países: África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue.

 

"O Brasil e os demais países dependem de medidas locais e regionais", disse Covas à Folha de S. Paulo. De acordo com ele, além do controle de entrada de viajantes, também é preciso que eles façam quarentena. "Não vejo isso sendo adotado".

 

O presidente do Instituto afirmou ser estudada a possibilidade de fazer doações da vacina CoronaVac a países africanos para ajudar na contenção do vírus, já que a taxa de imunização no continente é baixa.

 

Conforme o Our World in Data, apenas 7,15% da população do continente africano inteiro estão totalmente vacinados contra a Covid-19. Em comparação, a União Europeia, por exemplo, tem 66,94% de seus habitantes com o esquema vacinal completo.

 

*iG Saúde

Domingo, 28 de novembro 2021 às 12:50