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8 de abril de 2013

“Goiás está vivendo uma calamidade” Ex-governador vê caos em áreas nevrálgicas como saúde, educação e segurança pública, além das malha viária




O ex-governador Iris Rezende criticou a administração do governador Marconi Perillo e defendeu um engajamento maior de seu partido, o PMDB, para aplicar “uma nova forma de governar” em Goiás. Iris considera que a situação político-administrativa no Estado está sendo de “calamidade” e muito preocupante.
Ainda recluso e sem muitas aparições públicas, o velho líder saiu de sua fazenda em Canarana, no Mato Grosso, onde comanda pessoalmente a colheita de soja, para paraninfar uma turma de formandos de Ciências Contábeis nessa última semana. Enquanto aguardava a cerimônia da colação de grau, Iris falou com exclusividade para o Diário da Manhã e sentenciou que do jeito que a conjuntura em Goiás está “não se sabe onde vai parar”.
Com quase meio século de vida pública, Iris Rezende é liderança em seu partido e nas oposições ao governo do Estado e demonstra mudanças substanciais em sua forma de fazer política. Muito mais conciliador do que já foi um dia, demonstrando capacidade para ouvir e avaliar os pontos considerados por seus interlocutores, ele é bem diferente do líder que retornou ao poder 30 anos atrás, em 1983, na esteira de um milhão de votos e inaugurando uma nova era de poder em Goiás.
O Iris de agora tem a malícia que só a experiência dá aos políticos e sabe seduzir com a argúcia de quem ouve, avalia e mede as palavras para dizer exatamente o que o interlocutor quer ouvir. Diluíram-se todas as arestas que quem exerce o poder invariavelmente desenvolve e sabe que poder é muito mais convencimento do que obrigação a uma determinação.
Sempre lembrado como virtual candidato ao governo do Estado em 2014 ele declara não ter pretensão de entrar na disputa novamente e acredita que a aliança PT/PMDB é uma composição política que deu certo e que deverá ser mantida por muitos pleitos ainda. “Juntos nós teremos mais força para realizarmos os projetos e anseios da população”.
Diário da Manhã – Qual é sua avaliação sobre o quadro político em Goiás?
Iris Rezende - Determinados momentos exigem de nós muita observação e compreensão, porque se por um lado os governantes na esfera federal e estadual estão descambando para a segunda metade de seus mandatos, os prefeitos e vereadores estão iniciando suas gestões. Então não se pode exigir dos mandatários nos municípios um comportamento que mostre os resultados que todos esperamos. O tempo decorrido ainda foi curto e é difícil mostrar a olhos vistos algum resultado positivo. Acredito que no próximo ano já será possível cobrar da presidenta, dos parlamentares e dos governos estaduais uma prestação de contas. Será possível avaliar, principalmente daqueles que buscam a reeleição, se realmente fizeram jus à confiança que o povo lhes depositou. Se cumpriram o que foi proposto e se honraram a palavra empenhada junto à sociedade. Em Goiás vamos fazer essa cobrança juntamente com a população e vamos avaliar o quadro político de forma mais detida.
DM – O senhor avalia que o PMDB deva lançar candidatura majoritária própria nas eleições de 2014?
Iris Rezende - Eu tenho comigo a ideia de que o PMDB tem perdido terreno ao não lançar candidato à presidência da República. Há quanto tempo isto não acontece. Quando eu era senador lutei muito para que o PMDB tivesse um candidato a presidente, que seria Itamar Franco. O hoje prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, que era nosso candidato à presidência do diretório nacional do PMDB, também defendia uma candidatura própria. Infelizmente ele foi derrotado na escolha para o diretório. De lá prá cá nosso partido tem ficado a reboque, ora do PSDB e em outros momentos a reboque do PT, de forma que isto tem se revertido contra o partido. Eu defendo que seja trabalhada uma candidatura genuinamente peemedebista, não para o próximo pleito em 2014, quando a liderança da presidenta Dilma é incontestável e fazemos parte desse governo, mas em um  outro momento adiante.
DM – E no plano estadual PT e PMDB devem marchar juntos?
Iris Rezende – Claro. Nossos partidos desenvolveram ações radicalizadas durante muito tempo e isolados. Com a minha eleição para a prefeitura de Goiânia surgiu a possibilidade de uma composição muito produtiva em 2004. À época eu disse que esperava ser essa aliança muito duradoura e continuo acreditando que foi uma aproximação de grande valia. Eu entendo que vamos caminhar juntos, PT e PMDB, por muito tempo ainda, porque juntos temos mais força para realizar os projetos e sonhos do povo goiano.
DM – O senhor é candidato
ao governo em 2014?
Iris Rezende – Hoje não. Eu não estou pensando em candidatura. Em 2004 eu sequer cogitava uma candidatura a prefeito de Goiânia. Jamais cogitei isto. E, no entanto, nos últimos dias de registro de candidatura eu saí candidato a prefeito. Na eleição de 2010 também eu fui categórico, inclusive com o Paulo Garcia, que era nosso vice-prefeito, de que eu em hipótese alguma deixaria o cargo na prefeitura para ser candidato ao governo. Daí a 20 dias tive de chamar o Paulo e dizer que tudo havia mudado. Eu recebi a visita de 39 prefeitos do PMDB e 10 deputados que me emocionaram e eu saí candidato. De forma que eu nunca dizer sim ou não para amanhã faltar com a palavra anterior. Mas, eu estarei aí junto com nossos companheiros buscando pra Goiás o que for melhor. Uma coisa é certa: o PMDB precisa estar à frente desse processo porque Goiás não pode continuar como está. Nosso estado está sofrendo com uma falta de ação pública, com um governo que tem deixado muito a desejar e consequente tudo está a esperar de nós uma intervenção.
DM – O que está faltando?
Iris Rezende – Tudo. Está tudo muito difícil sob todos os aspectos. Em todas as áreas o governo está deixando tudo a desejar. Saúde, segurança pública, educação, saúde, a situação das nossas rodovias com os produtores com sérias dificuldades para escoar sua produção e as finanças do estado em situação de calamidade. Nesse ritmo eu não sei onde nós vamos chegar, francamente eu temo pelo futuro de Goiás.


Fonte: Diário da Manhã
Por: Hélmiton Prateado

 Segunda-feira 8 de abril

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