O
governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), esteve nesta quarta (8) em
um café da manhã com o presidente Jair Bolsonaro, líderes do Senado e os demais
governadores. O objetivo era discutir o pacto federativo, que é esperado para
que a situação financeira dos estados melhore.
Os
governadores reivindicaram a implementação de um plano pelo governo federal que
restabeleça o equilíbrio fiscal nos estados e no Distrito Federal. Segundo
Ibaneis, essa pauta está avançada entre os governadores, já que as discussões
entre eles ocorre desde o ano passado.
“Começamos
nossas reuniões logo após as eleições. Eles [o governo federal] começaram a
trabalhar isso durante a transição. O ministro Paulo Guedes tem deixado muito
claro que esse plano, chamado de Plano Mansueto, vem com uma vontade muito
grande de incentivar os estados que estão com disposição de fazer suas reformas
administrativas e o enxugamento da máquina, inclusive com as privatizações”,
declarou.
Segundo
Ibaneis, os governadores têm a necessidade de colocar o plano do governo em
prática o mais rápido possível, para que haja a recuperação financeira dos
estados. “Temos dez estados que não suportam esse ano, mais nove que não
suportam o ano que vem. Essa é a fila da bancarrota: todos vão cair.”
A
cobrança está presente em uma carta elaborada pelos governadores, como
resultado dos fóruns que vem acontecendo desde o ano passado. Nela, são
cobrados alguns pontos para “assegurar a estabilidade financeira dos estados” e
a “promoção do desenvolvimento social em todas as regiões do Brasil”.
No
documento, os governadores reiteram a importância de que sejam realizadas as
compensações pelas perdas na arrecadação tributária decorrentes da desoneração
de exportações, regulamentada na Lei Kandir.
Os
governadores cobraram também a instituição de um Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profisisonais da
Educação (Fundeb) “permanente e dotado de status constitucional, que atenda às
reais necessidades da população brasileira no tocante à educação”.
O
quarto ponto da carta pede a regularização adequada da “securitização” de
créditos dos estados e do DF para o fortalecimento de suas finanças. Os
governadores pedem ainda a garantia de repasses federais dos recursos
provenientes de cessão onerosa e bônus de assinatura.
Por
último, na carta, os chefes dos estados buscam o apoio à PEC que aumenta para
25% a parcela do produto da arrecadação dos impostos sobre a renda e proventos
de qualquer natureza e produtos industrializados.
Reforma
da Previdência
A
reforma da Previdência também estava na pauta do encontro. Para o governador,
as mudanças devem atender a comunidade e não só a economia. “Tem dois pontos
que são muito ressaltados, principalmente pelos governadores do Norte e
Nordeste — onde mora a grande maioria da população pobre —, que é a questão do
BPC e da aposentadoria rural. Eu acho que esses pontos o Congresso já entendeu
de retirá-los e falta agora a anuência do governo federal”, afirmou.
Segundo
o governador, a intenção de todos é que a a reforma seja aprovada ainda no
primeiro semestre. Ibaneis afirmou ainda que os governadores sempre apoiaram a
reforma da Previdência, desde que os eleitos no ano passado começaram a se
reunir nos fóruns dos governadores, quando ainda não era conhecido o texto
enviado ao Congresso. O chefe do Executivo local falou, no entanto, que será
grande o exercício de conciliação entre os parlamentares.
“Tque
ser colocado de forma muito clara que essa eleição passada foi a eleição que
manteve o país dividido. A grande maioria dos governadores não tem controle de
suas bancadas. E isso acontece com o próprio governo federal. Basta que você
analise as discussões que existem dentro do próprio partido do presidente da
República”, completou o governador do Distrito Federal.
Ibaneis
negou que Bolsonaro tenha condicionado a elaboração do pacto federativo ao
apoio dos governadores à reforma da Previdência. “Eu não ouvi isso do
presidente em nenhum momento. Eu ouvi uma disposição ao diálogo muito grande.
Acho que ele compreende [cada vez mais] a importância dele participar do debate
político”, afirmou o emedebista.
Ainda
segundo o governador, a intenção é que a reforma da Previdência seja aprovada o
mais rápido possível para que se possa “virar a página”. “Ali na esquina, os
problemas são muito maiores: saúde, educação, segurança pública e um desemprego
alarmante em todo o país.”
Greves
no DF
Ibaneis
caracterizou como uma falta de compreensão com o governo a greve e os
indicativos de paralisação dos serviços públicos do DF. Desde a última semana,
os funcionários do Metrô-DF estão em greve, reivindicando a manutenção do
acordo coletivo de trabalho, que venceu em abril. Além de pedir que a jornada
de trabalho dos pilotos passe de 8 horas para 6 horas por dia e o cumprimento
de sentenças judiciais.
“Todos
nós sabemos que não vai dar em nada, porque não existe possibilidade de se
negociar nada no âmbito de salários”, declarou o governador.
O
chefe do Executivo local disse ainda que, por causa de gestões passadas no DF
de esquerda e socialistas, “houve uma apropriação das empresas do Distrito
Federal pelo serviço público”, com aumentos salariais fora da proporção
nacional. Quando você pega um condutor de um trem de metrô, ele ganha em torno
de R$ 12 mil. Enquanto em São Paulo, ele faz o mesmo serviço e ganha R$ 4 mil.”
Segundo
o governador, agora terão que ser feitas mudanças para que as empresas não
quebrem. “Vamos chegar no ponto de estados — como o Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul, Rio Grande do Norte — que tem salários atrasados. O que eu to fazendo,
junto da minha equipe econômica, é um esforço para manter as contas do Distrito
Federal em dia”, afirmou. (DP)
Quarta-feira,
08 de maio, 2019 ás 11:40
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