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19 de maio de 2020

PRESIDENTE IMPULSIONA NOS BASTIDORES O NOME DE MARCOS PEREIRA, HOMEM DE CONFIANÇA DE EDIR MACEDO, PARA A SUCESSÃO DE RODRIGO MAIA



O líder da Igreja Universal, Edir Macedo, e o presidente Jair Bolsonaro desejam ver o bispo Marcos Pereira, deputado e presidente do partido Republicanos, como sucessor de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2021.

A informação foi divulgada por ex-membros da igreja em vídeos nas redes sociais, e os rumores de que o bispo é um forte candidato foi confirmada por parlamentares entrevistados pela reportagem da Agência Pública.

Caso chegue ao posto, Pereira seria o segundo nome na linha de sucessão presidencial, logo depois do vice-presidente da República. O presidente da Câmara é o responsável, por exemplo, pela aceitação ou não de um pedido de impeachment de Bolsonaro.

A bancada evangélica é tida como a maior avalista de Bolsonaro hoje no Congresso e, por isso, a candidatura de Pereira estaria sendo impulsionada nos bastidores pelo presidente da República, afirmam parlamentares entrevistados. Marcos Pereira é presidente do Republicanos (ex-PRB), o braço político da igreja de Edir Macedo e é atualmente o vice-presidente da Câmara dos Deputados. Além disso, comanda uma bancada de 30 deputados do partido ligado à Universal – a maioria bispos e pastores ou artistas e radialistas ligados à TV Record.

Ex-ministro da Indústria e Comércio no governo Michel Temer, Pereira é um dos expoentes do Centrão. Para conquistar a presidência da Casa, Pereira terá de disputar espaços com um outro importante nome do Centrão, o deputado Arthur Lira (PP-AL), que também tem se aproximado de Bolsonaro. Já o nome preferido de Maia para sucedê-lo seria o líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), segundo se comenta nos bastidores.

Parlamentares da oposição ouvidos pela reportagem consideram “prematuro” o lançamento da candidatura de Marcos Pereira. Mas o bispo demonstrou seu prestígio nas últimas semanas. Conseguiu a indicação de Tiago Queiroz para comandar a Secretaria Nacional de Mobilidade, ligada ao Ministério do Desenvolvimento Regional. No ato da nomeação, na quinta-feira 7 de maio, era o bispo Pereira quem aparecia nas fotos, na imprensa, cumprimentando Bolsonaro – e não o novo secretário.

Tiago Queiroz foi diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde na gestão do ministro Ricardo Barros (PP), durante o governo Michel Temer. Em dezembro de 2018, o Ministério Público Federal moveu ação contra o então ministro da Saúde por supostas irregularidades na compra de medicamentos e contratação de empresa fornecedora e Queiroz, além de outros dirigentes do órgão, teve o seu nome envolvido no caso.

Numa postagem no Twitter, Marcos Pereira disse não ter tratado com o presidente da República de composições no governo. Mas fez a ressalva: “Ainda que fosse, e se em algum momento acontecer, não seria incoerente, uma vez que apoiamos Jair Bolsonaro, e no início de sua gestão eu disse que nossa pauta convergia em 80%. O Republicanos segue coerente”.

A aliança entre Bolsonaro e Edir Macedo envolveu também o acolhimento de familiares do presidente da República no partido da Universal. O Republicanos recebeu, em março, dois filhos de Bolsonaro, o vereador Carlos e o senador Flávio, e sua ex-mulher, Rogéria. Macedo também já anunciou que o Republicanos estará de portas abertas para garantir legenda nas próximas eleições aos candidatos do Aliança pelo Brasil, o partido de Bolsonaro que não conseguiu o registro a tempo para participar oficialmente da disputa.

Às vésperas das eleições municipais de 2008, a Universal apresentou publicamente ao país o seu projeto político, por meio de um livro, “Plano de Poder: Deus, os cristãos e a política”, escrito por Edir Macedo e o jornalista Carlos Oliveira. A obra destacava a importância de os fiéis participarem do poder e influenciarem nas decisões políticas. O objetivo mais importante, anunciava Macedo, era governar o Brasil com “um grande projeto de nação elaborado e pretendido pelo próprio Deus”.

E a aliança com o bolsonarismo tem permitido ampliar esse poder político da igreja. Em um áudio vazado na terça-feira, 5 de maio, uma assessora da secretária de Cultura, Regina Duarte, contou à sua chefe que Edir Macedo havia indicado um nome ao governo para substituí-la. “Eu acho que ele [Bolsonaro] está me dispensando”, lamentou Regina, mantida no cargo até o momento.

Macedo sempre alertou seus seguidores, segundo o ex-pastor da Universal Ronaldo Didini, de que seus empreendimentos e a força dos seus templos espalhados pelo Brasil e pelo mundo somente conduziriam sua igreja a um novo patamar de poder se estivessem aliadas a uma expressiva representação política. Por isso, a organização do grupo Universal é estruturada em três pilares: a religião, a TV e a política. Cada área tem um responsável, geralmente um bispo.

Para cuidar da política, Macedo enxergou no fiel Marcos Pereira exímio talento para essa função. Calmo, voz baixa, Pereira não é de arroubos. Reflete antes de emitir qualquer opinião e só dá passos seguros, contam os colegas da Câmara. “Não foi à toa que o Edir Macedo o escolheu. Ele dialoga com muita gente”, avaliza o ex-deputado do PT Candido Vaccarezza, líder do partido e do governo na Câmara durante as gestões de Lula e Dilma Rousseff. “Ele é muito articulado”, atesta o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

*Carta Capital

Terça-feira, 19 de maio, 2020 ás 11:00


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