O
gestor acusa o secretário de saúde, Rui
Borges, de ingerência, fala das péssimas condições da unidade de saúde e do
empenho dos servidores
O
ex-diretor do Hospital Municipal Bom Jesus, em Águas Lindas, Josias
Fernandes, fez uma live para esclarecer os reais motivos de sua saída e
afirma ter sido exonerado “pois acho que estava trabalhando demais”. O gestor
acusa o secretário de saúde, Rui Borges, de ingerência, fala das péssimas
condições da unidade de saúde e do empenho dos servidores. De acordo com
Josias, faltava praticamente tudo: soro, luvas, máscaras e medicamentos.
“Encontrei
um ambiente sujo, abandonado, largado e com servidores desmotivados, pois
carregavam e carregam o hospital sozinhos, sem apoio do poder público. Eu caí
para a linha de frente com os servidores. O que eu percebi é que os gestores
não querem ninguém que trabalhe, eles querem alguém que fique sentado atrás da
mesa, vendo a banda passar. O hospital tinha diretores de enfeite”, revelou.
Como
tentativa de suprir parte das carências, além dos pedidos enviados ao prefeito
e ao secretário, buscou parcerias e doações com prefeituras de municípios
vizinhos. “Corri ao longo de dois meses atrás da doação e aquisição de insumos
para que o hospital não parece de funcionar. Por vezes, saí da minha casa às 10
horas para ir atrás de soro, após receber ligação dos médicos, enfermeiros e
técnicos, que diziam não ter condições de trabalhar. Profissionais sem
valorização, que tiravam dinheiro do bolso para comprar luvas e máscaras”,
ressaltou.
Segundo
Josias, o descaso ficava ainda mais evidente quando se deparava com a falta de
alimentação, tanto para os pacientes, quanto para os profissionais. “Via eles
comendo arroz e feijão, por falta de uma refeição digna. Era fornecida uma
comida da pior qualidade para os profissionais e para os pacientes. Técnicos
que ganham R$ 1.100 reais e tem que tirar dinheiro do bolso para comprar
proteína para os pacientes”, relatou.
Entre
as acusações mais graves do ex-diretor do Hospital Bom Jesus estão a de
ingerência por parte do secretário, que acataria ordens da irmã de um
secretário da atual gestão e da esposa de um ex-vereador. “O que eu sinto,
dentro da secretaria de saúde, é que o secretário está perdido. Lá quem manda é
a irmã de um ex-vereador, que agora é secretário, e a esposa de um suplente de
um vereador. O secretário só assina o que elas colocam no papel”, denunciou.
Na
live, ainda destacou que a situação se agravou após a unidade ser referenciada
para a COVID. Motivo pelo qual cobrou a aquisição de respiradores e de insumos
ao secretário de saúde. De acordo com Josias, a gestão anterior deixou a pasta
com oito milhões em recursos, sendo dois milhões exclusivos para o combate à
pandemia. “O secretário não queria fazer compras emergenciais alegando medo de
usar seu CPF. Em janeiro poderíamos ter comprado pelo menos dez respiradores e
equipado o Hospital Municipal Bom Jesus. Eu imaginava que teríamos uma farmácia
abarrotada de medicamentos”, denunciou.
Josias
elogiou a atuação dos servidores e ressaltou a confiança no prefeito, um médico
que sempre defendeu a humanização da saúde. Quanto a gestão da saúde, destacou
esperar por ajustes. “Eu espero que o Dr. Lucas chame ele para conversar e
alinhe o trabalho, porque ficou dinheiro público do ano passado para cá. E
dinheiro público não é para ser economizado, é para ser investido,
principalmente o dinheiro da saúde. Investido com responsabilidade! Na saúde a
gente não faz economia não”.
De
acordo com o ex-diretor, o prefeito não havia sido comunicado de sua exoneração
e o chamou para conversar em sua casa. O chefe do Executivo na cidade destacou
que deu autonomia ao secretário, por isso não interviria na situação, mas que
buscaria uma colocação para Josias, tendo em vista tratar-se de um excelente
gestor.
Por:
Equipe OEDF em Águas Lindas
Quinta-feira,18
de março, 2021 ás 13:15