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12 de janeiro de 2023

GABINETE DE LULU DISPENSOU REFORÇO DE GUARDA NO PLANALTO NA VÉSPERA DA INVASÃO DOS REVOLUCIONÁRIOS

Cerca de 20 horas antes da invasão do Palácio do Planalto, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) dispensou por escrito o pelotão de 36 homens do Batalhão da Guarda Presidencial. Atendendo a pedidos na sexta-feira, dia 7, o batalhão reforçou no sábado a segurança do prédio. O domingo, porém, amanheceu na Esplanada com a sede do governo federal apenas com o efetivo da guarda normal.

 

A segurança estava quase desprovida de equipamentos de controle de distúrbios civis, como escudos, bombas de gás e balas de borracha. A maioria do efetivo dispunha somente de fuzis com munição letal.

 

Foi só no início da tarde que o Comando Militar do Planalto (CMP), por iniciativa própria, entrou em contato com o GSI e reenviou o pelotão ao Planalto. Mas foi uma tropa muito menor do que a mobilizada em outras situações, a pedido do gabinete.

 

Por exemplo, o contingente reunido em 24 de maio de 2017 para conter a ação de black blocks que pediam a saída do presidente Michel Temer (MDB), acusado de corrupção pelo empresário Joesley Batista, era 15 vezes maior.

 

No domingo, o Exército acompanhava a ação na Esplanada por meio de drones – às 14h30, ocorreu o primeiro confronto dos revolucionarios com a Polícia Militar, perto da catedral de Brasília. Às 15 horas, o general Geraldo Henrique Dutra Menezes, chefe do Comando Militar do Planalto, enviou uma companhia com 113 homens e equipamento de choque, do Setor Militar Urbano (SMU) para o Palácio.

 

O general informou ao GSI o envio da tropa. Era a primeira de três levas despachadas para retomar o lugar das mãos dos infiltrados que executaram o que chamaram de “tomada de poder”.

 

Só então o gabinete formalizou o pedido de reforço e ativou o Plano Escudo – que prevê a proteção do Planalto, da Alvorada, do Jaburu e da Granja do Torto sem que seja necessária decretação de operação de Garantia de Lei e Ordem (GLO). As duas levas seguintes de reforço – com 93 e 118 militares – foram enviadas após o pedido do GSI.

 

Todos os militares saíram do Setor Militar Urbano. Era ali que o Comando Militar do Planalto mantinha três subunidades do Exército. Se não fossem elas, não haveria tropa pronta para enfrentar os vândalos.

 

De acordo com os militares consultados pela reportagem, era do GSI a responsabilidade de pedir reforço para a guarda do Palácio do Planalto, assim como acionar o Plano Escudo.

 

O Estadão reconstruiu com fontes militares que trabalharam no Batalhão da Guarda Presidencial, no GSI e no CMP as 72 horas que antecederam os eventos de domingo, até a prisão dos extremistas que estavam acampados na frente do Quartel-General do Exército. Os fatos colocam o GSI no centro dos acontecimentos que levaram à invasão do Planalto.

 

Existe desconfiança de que ainda há pessoas ligadas às Forças Armadas, não identificadas, que participaram dos atos de domingo. O Gabinete foi povoado por oficiais ligados ao bolsonarismo na gestão do general Augusto Heleno. O fato levou o PT a desconfiar da lealdade dos integrantes do GSI. Quando tomou posse, Lula da Silva resolveu retirar sua segurança pessoal do gabinete para deixá-la com a Polícia Federal (PF).

 

Na semana passada, o general Marco Edson Gonçalves Dias, nomeado por Lula para chefiar gabinete, ainda não havia escolhido sua equipe. Foi esse momento de transição – onde o fluxo de informações da base para o comando fica comprometido – que foi aproveitado pelos extremistas para atacar.

 

Desde o dia 2, o Comando Militar do Planalto tentava esvaziar o acampamento em frente ao QG paulatinamente, seguindo a estratégia defendida pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho. Temia-se que uma ação violenta atingisse mulheres, idosos e crianças. O esvaziamento do lugar parecia indicar que tudo ia como planejado. Banheiros químicos e caixas d’água foram retiradas.

 

Cerca de 200 bolsonaristas permaneciam no lugar. Rezavam e cantavam hinos militares. Oficiais ouvidos pelo Estadão afirmaram que os remanescentes demonstravam “fanatismo”. Um deles discursava dizendo que Bolsonaro deixara o País, mas assinara um decreto tornando o general Heleno presidente. Outro dizia que o Brasil se tornaria comunista em janeiro.

 

Para estrangular os acampados, desde o dia 6, o CMP decidiu que ninguém mais entraria na concentração. Nesse dia começaram a sair de todo o Brasil caravanas para a capital federal. Chegaram mais de cem ônibus a Brasília, com 4 mil extremistas.

 

No domingo de manhã, em uma reunião na Secretaria da Segurança do DF, os militares receberam informações de que o protesto seria pacifico. Nesse momento, porém, grupos de bolsonaristas não faziam mais segredo de suas intenções violentas. Integrantes do governo desconfiam que essas informações foram sonegadas para comprometer a segurança da Esplanada.

 

Quando a tropa do Batalhão da Guarda chegou ao Planalto, o comandante da unidade, coronel Paulo Jorge Fernandes, a levou até o quarto andar e, de cima para baixo, foi desocupando e detendo os vândalos. Neste momento PMs da tropa de choque chegaram ao prédio. Pelo Plano Escudo, eles deviam permanecer fora do prédio, mas o GSI os convocou.

 

Ali, na frente do palácio, um dos PMs em um cavalo havia acabado de ser agredido pelos invasores. Quando entraram no Planalto, os policiais soltaram bombas de gás e passaram – segundo militares do Exército – a agredir os detidos. Uma senhora rezando levou um tapa. Outra de pé foi derrubada com uma rasteira.

 

Foi quando, segundo relato dos militares do Exército, o coronel tentou conter os PMs e foi filmado. O vídeo foi distribuído em redes sociais. Militares do Exército afirmam que ele foi editado para dar a impressão de que o coronel queria dar fuga aos detidos.

 

Na versão do policial militar que fez o vídeo, o coronel queria livrar os bolsonarista. As imagens passaram a ser usadas por críticos da ação do Exército para pressionar por mudanças no Ministério da Defesa. E, assim, o oficial se tornou alvo da esquerda. Mas também da direita.

 

É que, no momento das prisões, uma das detidas, uma mulher que parecia ter 70 anos, acusou o coronel: “O senhor é um traidor”. Segundo relatos dos colegas, o coronel Fernandes ficou abalado. Entre os detidos havia parentes de militares. Todos foram presos e entregues pelo coronel à polícia.

 

À noite, o comandante do Exército Júlio César de Arruda, o general Dutra, o ministro Múcio e os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Flávio Dino (Justiça) se reuniram por duas horas e decidiram desocupar o acampamento pela manhã. Os militares acreditavam que seria arriscado fazê-lo à noite.

 

Os militares localizaram ume mulher, que se apresentou como líder dos acampados e ela concordou em conversar com os demais. Ela explicou que quem quisesse permanecer deveria ficar à esquerda. Os demais embarcariam nos ônibus e sairiam dali.

 

Às 6h30, após serem informados de que seriam levados à PF, apenas 40 dos 1,2 mil acampados disseram que iam resistir. Quando viram que todos os demais se dirigiram aos ônibus, esse grupo também desistiu e se entregou. Terminava, assim, a chamada tentativa de “tomada do poder” dos extremistas.

(Com o Estadão)

Quinta-feira, 12 de janeiro 2023 às 15:23


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14 de junho de 2020

INQUÉRITO NO DF INVESTIGA AMEAÇA AO GOVERNADOR APÓS DESMONTE DE AGLOMERAÇÃO FASCISTA



O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Adauto, determinou a instauração de inquérito para apurar crime de ameaça ao governador Ibaneis Rocha, após a operação conjunta da SSP e do DF Legal, no sábado (13/06), que desmontou um acampamento subversivo e ilegal em área pública de apoiadores do presidente. Decreto de Ibaneis proíbe aglomerações em razão da pandemia.

Ao blog Ibaneis reafirmou que defende o direito a manifestações, mas não pode tolerar aglomerações em pena pandemia, tampouco ameaças.

Além das ameaças, um sujeito que diz ser ligado a produtores rurais se revela desinformado, ao acusar Ibaneis de ter feito parte de um grupo de governadores que supostamente tentou “derrubar” Bolsonaro. Ibaneis não participa de qualquer iniciativa hostil ao presidente. Ao contrário, ausentou-se de eventos e não assinou documentos contra o presidente, por considerar que, como anfitrião da sede governo federal, tem o dever de manter boas relações com o Palácio do Planalto.

Os líderes de movimentos bolsonaristas prometem “entrar numa guerra jurídica” contra a Secretaria de Segurança do DF, segundo afirmou Sara Winter, do grupo dos “300 do Brasil”, uma das pessoas investigadas no inquérito que apura fake news e ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

“Os manifestantes ocupavam área pública, na Esplanada dos Ministérios, o que não é permitido”, segundo informou em nota a Secretaria de Segurança, que também mencionou o decreto de Ibaneis Rocha proibindo aglomerações com mais de 100 pessoas em eventos que demandem a autorização prévia do GDF”.

Havia três grupos distintos acampados na Esplanada até a manhã deste sábado, totlizando cerca de 200 pessoas, incluindo um denominado de “QG Rural”, próximo ao Ministério da Agricultura, responsável pelas ameaças diretas a Ibaneis Rocha, que se encontra no interior do Piauí, em sua fazenda, recuperando-se de recente procedimento cirúrgico no intestino por videolaparoscopia. Havia ainda um terceiro grupo, “Patriotas”, na Praça dos Três Poderes.

Invasão no Senado

O grupo de bolsonaristas também invadiu dependências do Congresso Nacional, neste sábado, levando o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM), a acionar a Polícia Legislativa para expulsar os invasores.

O Senado divulgou nota informando que “na tarde de sábado (13/06), um grupo denominado 300 do Brasil tentou invadir áreas restritas do Congresso Nacional. O grupo chegou a subir no prédio, na parte externa onde ficam gôndolas, próximo às cúpulas do Congresso Nacional. Assim que tomou conhecimento do ato, o presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre determinou a polícia legislativa que fizesse a retirada do grupo. No momento a polícia negocia com os manifestantes de maneira pacífica. ”

Com O Diário do Poder

Domingo, 14 de junho, 2020 ás 00:05