"NÃO HÁ DEMOCRACIA ONDE O VOTO É OBRIGATÓRIO"

Se ainda não é, seja nosso novo seguidor

Amigos SP

11 de julho de 2016

TRÊS IDEOLOGIAS E 35 PARTIDOS



Nesse momento, há 35 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Evidente que não existe esse número de propostas político-ideológicas para enfrentamento dos problemas das sociedades atuais.

Alguns dessas agremiações correspondem a posições de momentos históricos anteriores, como o PDT que representa o nacional-desenvolvimentista do pré 64 e o PMDB e o PP do bipartidarismo imposto pelo regime militar.

Após a redemocratização do país, com a promulgação da Carta Constitucional de 1988, é possível identificar as principais correntes do pensamento político-ideológico representadas por três principais partidos brasileiros: PFL/DEM, originário da Arena/PP, que prega o liberalismo, e o PSDB e o PT, formados por integrantes do antigo MDB, que representam respectivamente a socialdemocracia e a dita "esquerda" de origem marxista-leninista.

Importante destacar o papel do PMDB na conjuntura política pós 88. Durante o período militar, o MDB constituiu-se como uma frente política organizada em torno de um programa mínimo, a redemocratização do Brasil. Por sua composição plural, foi capaz de liderar a luta democrática de massa pela reconquista do Estado Democrático de Direito. Cumpriu sua tarefa quando Ulysses Guimarães promulgou a Constituição Cidadã.

A partir de então, seu mérito tornou-se seu defeito. Após 88, a tarefa política urgente no país passou a ser a afirmação de um programa para o desenvolvimento econômico e o combate às desigualdades sociais. E justamente por ser uma frente, o PMDB passou a enfrentar enormes dificuldades para dar conta dessa tarefa. Tornou-se uma federação de interesses regionais, que vive do passado da luta democrática contra a ditadura e que, por isso mesmo, apesar de ser o maior partido brasileiro, passou a desempenhar papel de principal coadjuvante na disputa eleitoral polarizada entre o PSDB e o PT nas eleições de1994 a 2014.

Por outro lado, é compreensível que, após a conquista do Estado Democrático, num país desigual como o Brasil, a disputa tenha se polarizado entre os dois partidos que apresentam propostas diferentes para a promoção de justiça social.

Entretanto, apesar desse propósito em comum, mesmo que não admitido pelos petistas, PSDB e PT são radicalmente diferentes.

Em primeiro lugar, o PSDB tem responsabilidade fiscal, respeitando o princípio de não gastar mais do que se arrecada. O PT gasta os recursos públicos de forma irresponsável, e defende essa posição como necessária a fim de assegurar os chamados gastos sociais.

Em segundo lugar, o PSDB entende que o Estado deve conviver com a economia de mercado, que deve ser regulado, em oposição ao liberalismo clássico e ao intervencionismo e o planejamento estatal da economia. É o chamado Estado necessário dos sociais democratas em contraposição ao Estado mínimo dos liberais e ao Estado máximo da esquerda marxista-leninista, representada no Brasil pelo PT e aliados, como o PCdoB.

Em terceiro lugar, o PSDB defende a eficiência da gestão pública, com metas e indicadores, e remuneração dos servidores pelos resultados alcançados. O PT não enfatiza a eficiência da gestão e é contra a remuneração por resultados, com o argumento de que essa é a lógica da empresa privada que não pode ser transposta para o Estado. Na prática, o PT representa mais os trabalhadores do Estado e uma elite operária do que os trabalhadores em geral; mais os servidores públicos do que os cidadãos contribuintes aos quais se destina a ação do Estado.

Em quarto lugar, o PSDB preocupa-se em implementar políticas sociais emancipatórias e não assistencialistas, como as do PT. Como exemplo, o Bolsa Escola, com contrapartida a fim de assegurar a porta de saída do programa de distribuição de renda, em contraposição ao Bolsa Família, no qual a contrapartida perdeu força.

Em quinto lugar, o PSDB é favorável ao parlamentarismo, ao voto distrital misto e à regulamentação do financiamento privado de campanha eleitoral (segundo o Presidente Fernando Henrique, por exemplo, com contribuição de pessoa jurídica somente para uma candidatura e recursos entregues ao TSE). Enquanto o PT defende o presidencialismo, o voto em lista fechada e o financiamento somente público de campanha.

Por fim, se é verdade que há ou pode haver corruptos em qualquer partido, no PT a corrupção parece ser orgânica e justificada como meio necessário ao fim de defesa dos interesses populares, que, para os petistas, só o PT é o verdadeiro defensor. O velho (des) princípio de que os fins justificam os meios, de que tudo é válido para promover a "revolução popular" (sic).

*****Mariza Abreu é consultora legislativa aposentada da Câmara dos Deputados, além de ex-secretária de educação de Caxias do Sul/RS e do Estado do RS

Segunda-feira, 11 de julho, 2016

CANDIDATOS FAVORITOS NA CÂMARA TÊM PENDÊNCIAS JUDICIAIS



Dos seis candidatos favoritos à sucessão do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Câmara, quatro enfrentam algum tipo de processo judicial, um apareceu na Operação Lava Jato e o sexto não responde mais a ações porque os crimes dos quais era acusado prescreveram. Entre os que ainda respondem, há acusações como peculato (desvios de recursos públicos) e até por submeter empregados a condições de trabalho análogas à escravidão.

A eleição do próximo presidente da Câmara, prevista para quarta-feira, vai definir uma figura central para os próximos passos do governo. Além de ser o primeiro na linha sucessória do presidente em exercício Michel Temer, o substituto de Cunha terá poder para acelerar ou atrapalhar o processo de cassação do peemedebista e as votações de projetos importantes para o ajuste fiscal do governo.

Levantamento checou as pendências dos 16 nomes até agora cotados para a disputa nos bancos de dados públicos dos tribunais de Justiça, nas cortes superiores e eleitorais. Em nove deles, encontrou algum tipo de procedimento. Iniciada após a renúncia de Cunha, na quinta-feira, a disputa pelo cargo tem número recorde de concorrentes e promete movimentar a semana que antecede o recesso parlamentar do meio do ano.

Favoritos

Entre os mais cotados na disputa e possível candidato do Centrão (bloco que reúne 13 partidos), o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) é investigado por peculato e indiciado por corrupção. Os crimes são relacionados ao mandato-tampão como governador do Distrito Federal, em 2010, após um escândalo de corrupção que prendeu o então governador José Roberto Arruda e obrigou o vice, Paulo Octávio, a renunciar.

O possível adversário direto de Rosso, Beto Mansur (PRB-SP), primeiro-secretário da Câmara, é o que tem a maior lista de pendências judiciais entre os 16 pesquisados. Ele já foi condenado e responde a um processo por exploração de trabalho análogo à escravidão em uma fazenda no interior de Goiás. O caso envolve 46 trabalhadores, sete dos quais eram menores de idade na época.

Em outra ação penal no Supremo Tribunal Federal, Mansur responde por crime de responsabilidade relacionado ao período em que foi prefeito de Santos (1997-2004). Ele também é alvo de dois inquéritos na Corte por crimes contra a administração pública. Na Justiça paulista, o deputado ainda foi condenado por improbidade administrativa e é alvo de uma segunda ação por dano ambiental.

Outro candidato que aparece com boas chances, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) não responde a processo, mas teve seu nome envolvido na Operação Lava Jato após aparecer em troca de mensagem de Léo Pinheiro, da OAS, pedindo doações. Maia é alvo de um pedido de inquérito da Procuradoria-Geral da República.

Já Fernando Giacobo (PR-PR), graças à prescrição, não responde a processo atualmente, mas escapou de duas ações penais no STF por formação de quadrilha e crime tributário.

Também no páreo, Heráclito Fortes (PSB-PI) teve as contas das últimas eleições reprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do seu Estado. O deputado ainda pode recorrer na ação em que o Ministério Público Eleitoral pede a cassação do mandato. Antes, foi condenado por improbidade administrativa quando era prefeito de Teresina, entre 1989 e 1993, por usar publicidade institucional para fazer promoção pessoal.

A Justiça determinou ressarcimento aos cofres públicos.

Do PTB, o goiano Jovair Arantes foi condenado pelo TRE por utilizar funcionário público em seu comitê de campanha em 2014. Ele foi multado em R$ 25 mil. Ainda cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Correndo por fora na disputa, Hugo Leal (PSB-RJ) foi condenado no Rio por violações administrativas em licitações quando foi presidente do Detran no Estado. Ainda cabe recurso.

No PP, os dois possíveis candidatos também respondem a processos. Esperidião Amim (SC) responde por improbidade administrativa e dano ao erário e Fausto Pinato (SP) é réu em ação no STF acusado de falso testemunho. (AE)

Segunda-feira, 11 de julho 2016