Mesmo após a recomendação da
Anvisa, a vacinação completa contra covid-19 continua não sendo obrigatória
para desembarque no país. A chegada do verão, temporada em que o país mais
recebe turistas, combinada com a nova onda de infecções na Europa e o
surgimento de novas variantes na África, preocupa especialistas mesmo com a
queda nos índices.
Atualmente, para entrada por
terra ou aeroportos, são exigidos o teste RT-PCR feito até 72h antes do
embarque, e a Declaração de Saúde do Viajante, documento que também deve ser
preenchido dentro desse período. Ela contém dados pessoais e perguntas sobre
possíveis sintomas recentes.
"Felizmente o Brasil está
em tendência de queda de casos e óbitos, mas o vírus continua circulando. Isso
mostra que existe a possibilidade de um retorno, talvez uma nova onda. Os
outros países ja demonstraram que a imunização através da vacina não é
duradoura, não é para sempre", alerta o pesquisador do Observatório da
FioCruz, Christovam Barcellos.
Ele lembra que o Brasil ainda
não cumpriu sua meta de 80% da população total ou 90% da população adulta
vacinada contra covid-19, o que coloca em risco o momento de esperança de um
fim breve pelo qual passamos. Segundo o site 'Our World in Data', da
Universidade de Oxford, 60% dos brasileiros acima de 18 anos foi totalmente
imunizado.
"Estamos nesse momento de
queda no Brasil e de aumento no hemisfério norte - Estados Unidos, Europa e
Ásia. Se algumas dessas pessoas infectadas resolverem vir para o Brasil,
podemos ver a transmissão aumentar. Temos que lembrar que o nosso país atrai
muita gente principalmente no verão. Se o Brasil não impor restrições nesses
voos, estaremos em situação muito vulnerável", aponta.
Para Barcellos, as festas de
fim de ano servirão de parâmetro para que os pesquisadores consigam mapear o
estágio real da pandemia no Brasil, e quem sabe, vislumbrar se será possível
pular carnaval ainda em 2022.
"Ao longo das últimas
semanas vimos muitos eventos-teste, mas no fim do ano teremos eventos-teste
informais. Uma grande amostra de como a sociedade vai funcionar, e nós só vamos
conseguir avaliar o que aconteceu em janeiro. Gostaríamos que o fluxo de dados
fosse mais acelerado para avaliar rapidamente o que aconteceu em virtude das
aglomerações", diz.
"Algumas [aglomerações]
vão acontecer sem máscaras, outras, expondo familiares idosos, com doenças
crônicas. Em janeiro poderemos entender com mais calma e precisão o que pode
acontecer no carnaval, com grandes aglomerações ou pequenas. Esse vai ser o
grande teste. O comportamento geral do brasileiro, do governo e a efetividade
da vacina serão testados e poderemos dizer se vai haver carnaval".
Ig
Quinta-feira, 25 de novembro
2021 às 17:09