O
presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei que fixa o orçamento da União para
2020 num montante de 3,6 trilhões de reais, incluindo a destinação de dois
bilhões para o fundo eleitoral a ser distribuído proporcionalmente às
representações na Câmara Federal. Acontece, com exemplos do ano passado, quando
desvios ocorreram. Não houve eleições em 2019, mas as despesas ocorreram.
Reportagem
de Ranier Bragon e Camila Matoso, Folha de São Paulo de domingo, assinala que o
PSL utilizou parte das verbas públicas que recebeu para outros destinos que não
propriamente eleitorais.
O
problema do fundo partidário é complexo pois é praticamente impossível
fiscalizar todas as despesas realizadas pelas legendas, muitas delas com base
em recibos emitidos para iludir a Justiça eleitoral. Isso de um lado. De outro,
o processo em si termina proporcionando condições que lançam sombras sobre a
utilização de recursos legais. Uma análise das contas de 2019 por exemplo, pelo
Tribunal de Contas da União apontou diversas despesas e aquisições de bens pelo
partido ao qual o presidente da República foi vinculado.
Esse
é um exemplo, mas outros virão se somar, sobretudo agora nas eleições municipais
em outubro deste ano. Como definir as despesas partidárias e eleitorais? É
tarefa difícil, tal a multiplicidade de aplicações que vão desde a instalação
de comitês eleitorais até a propaganda colocada nas redes sociais. Pode haver
ainda despesas com a publicidade nos jornais dos candidatos que optarem por
esse meio de divulgação. Enfim, como se constata as despesas variam de uns
setores para outros.
Acontece
que a legislação atual é melhor do que aquela que permitia a doação financeira
por parte de empresas. Existe a possibilidade de pessoas físicas doarem, neste
caso até o limite máximo de 10% sobre a remuneração recebida no exercício
anterior.
Entretanto,
como disse há pouco, o problema é complexo e parece até não ter uma solução
melhor do que a atual. Isso não quer dizer, no entanto, que seja esse o caminho
ideal no rumo da Democracia.
Não
é ideal porque os partidos certamente vão destinar as verbas que lhes couberem
para os candidatos que já possuem mandato e que sejam pessoas de influência
junto às direções das legendas.
O
que se pode pretender é reduzir os casos de aplicação em outros setores ou
aqueles que possam distinguir uns candidatos de outros. Mesmo assim o problema
persiste, porque na verdade a distribuição do fundo partidário segue o critério
da proporcionalidade entre as bancadas.
Assim,
basicamente pode-se argumentar que os atuais deputados têm prioridade porque
contribuíram com as votações que receberam no ano passado exatamente para
fortalecer a proporção financeira de cada legenda.
Acrescente-se
mais um detalhe importante. Como as direções partidárias vão agir para segurar
recursos àqueles candidatos que vão disputar as eleições legislativas pela
primeira vez? Como será feita a distribuição das verbas? É preciso definir um
critério fundamental.
(Tribuna da internet)
Segunda-feira,
03 de fevereiro, 2020 ás 18:00