O PMDB parece, afinal, estar despertando do longo sono letárgico ao
qual se entregou em 2003, quando aceitou assumir o papel de vassalo de um
Partido dos Trabalhadores que, então, chegava poder com a promessa de renovar e
moralizar as práticas e os hábitos de como se fazer política no Brasil.
Não tardou para que PMDB percebesse que a proposta “purificadora”
do PT era vazia, desprovida de qualquer conteúdo, não passava de conversa
para tapear seus próprios afiliados e os brasileiros de modo geral.
Os novos detentores do poder, mal dominaram as engrenagens do Governo e
do Congresso, tornaram-se excelentes vilões, hábeis nas artimanhas e nas
trapaças, como deixou bem claro para a sociedade as investigações e as
condenações do “mensalão”.
Para assegurar sua perpetuação no poder, o PT nunca percebeu limites nas
esferas da ética e dos bons costumes republicanos. Formou uma base de apoio,
alimentada por cargos e prebendas, encantando os partidos da base aliada,
inclusive o PMDB, o mais forte e o mais voraz de todos.
Acreditando que faziam parte efetiva do poder, satisfazendo-se com as
migalhas que caíam da mesa principal, os dirigentes do PMDB demoraram a
perceber que haviam apenas se tornado massa de manobra para a viabilização
do projeto de poder absoluto conduzido pelo PT.
Na medida em que o PMDB despertou e começou a exigir tratamento
compatível com sua expressão representativa no Congresso, o PT decidiu
descartá-lo, passando a buscar outras fontes de subserviência que pudessem
substituí-lo. Encontraram agente perfeito em Gilberto Kassab, sempre
disposto a trocar de camisa e atraiçoar velhos companheiros, em troca de
quinquilharias do poder.
Ontem o Governo, Kassab e o PT tomaram uma patada do leão. O PMDB não
morreu. Parecia de fato moribundo, mas mostrou que ainda tem garra e energia. O
presidente do Senado, Renan Calheiros, articulou a aprovação rápida e de
maneira simbólica projeto de lei que torna mais rigorosa a fusão e incorporação
de partidos políticos.
Não se sabe, porém, o que acontecerá com essa garra toda do PMDB se na
lista dos envolvidos no escândalo da Petrobras, estiver efetivamente incluído,
como se propala, o nome de importantes figurões da agremiação.
(A/E)
Quinta-feira, 05 de março, 2015
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