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Amigos SP

16 de fevereiro de 2016

MUDANÇAS EM PARTIDOS ALTERAM A BASE ALIADA EM BRASÍLIA



A abertura de uma janela para troca partidária pode alterar o equilíbrio de forças na Câmara Legislativa e mudar a composição da base aliada ao Palácio do Buriti. A Proposta de Emenda à Constituição 113/2015, que será promulgada na quinta-feira, abrirá um prazo de 30 dias para que políticos com mandato troquem de legenda sem risco de serem punidos por infidelidade partidária. No Distrito Federal, cerca de 10 parlamentares devem trocar de sigla — mas esse número pode crescer, já que a maioria ainda negocia e deixará o anúncio para o fim do prazo.

O troca-troca de partidos é o primeiro capítulo da disputa eleitoral de 2018. Os parlamentares que vão mudar de legenda fazem contas e analisam o cenário político global antes da decisão — especialmente aqueles que pretendem disputar cargos majoritários. A presença de muitos políticos bons de voto na mesma sigla pode frustrar os planos eleitorais de alguns deles.

As mudanças mais expressivas ocorrerão no PDT. O senador Cristovam Buarque vai deixar a legenda e se filiar ao PPS, como possível candidato à Presidência da República. Ele recebeu o convite do presidente nacional do PPS, Roberto Freire. Cristovam tem feito duras críticas ao governo federal, apesar de o PDT integrar a base aliada da presidente Dilma Rousseff. O senador Reguffe também decidiu deixar a sigla, mas ele não tem pressa para escolher a nova legenda e pretende ficar pelo menos um ano sem vinculação partidária.

Câmara
Também vem do PDT outra novidade significativa no cenário político da cidade: a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão, decidiu acompanhar Cristovam Buarque e migrará para o PPS. Ela comunicou ao presidente regional do PDT, Georges Michel, e aguarda apenas uma conversa com o presidente nacional, Carlos Lupi, para fazer o anúncio público. Celina pretende disputar um mandato de deputada federal, mas não descarta concorrer ao Senado, a depender dos planos eleitorais de Cristovam. O PPS ainda negocia com o deputado distrital Raimundo Ribeiro (PPS).

Um dos partidos mais afetados pelas alterações é o PMDB. A legenda tem três deputados distritais e todos negociam a saída. Robério Negreiros, por exemplo, chegou a recorrer à Justiça para se desfiliar e espera a abertura da janela de troca para escolher o destino. “Uma coisa é certa: no PMDB, eu não fico de jeito nenhum. Quero ir para algum partido que tenha democracia. Tenho respeito pelo (Tadeu) Filippelli, mas faço questão de participar das decisões partidárias”, explica Robério. Os outros dois distritais do PMDB, Welington Luiz e Rafael Prudente, também têm conversado com os chefe de várias siglas.

O presidente regional do PMDB, Tadeu Filippelli, lamenta a migração, mas afirma que ainda negocia com os parlamentares do  partido para que permaneçam nos quadros. “É claro que seria uma perda grande, mas estamos conversando e tenho expectativa de que ninguém saia do PMDB. Meu esforço é para eles fiquem”, diz o líder peemedebista.

Pupilo político de Filippelli, o deputado federal Rôney Nemer pode ir do PMDB para o PP, mas com a bênção do presidente do partido. A mudança faria parte de uma negociação nacional entre as duas siglas. Essa movimentação depende de outra conversa: o PP também flerta com o deputado federal Alberto Fraga (DEM). Ele nega que haja definições. “Estou numa fase de avaliação. Com essa janela partidária aberta — e eu na iminência de disputar cargo majoritário —, estou pensando num partido maior do que o DEM. Já tive algumas sondagens, mas ainda preciso tomar uma posição com meu grupo político”, disse Fraga ao Correio.

O presidente regional do PDSB, deputado Izalci Lucas, está otimista com o crescimento do partido a partir da janela de mudanças. “Acredito que o PSDB pode ganhar mais dois ou três distritais. Conversei com vários parlamentares com perfil semelhante ao nosso, como Rafael Prudente, Cristiano Araújo, Robério Negreiros, Sandra Faraj, entre outros políticos. Todos analisam as possibilidades”, conta Izalci.

Debate
A possibilidade de mudança de legenda sem risco de cassação de mandato faz parte de um debate mais amplo sobre a reforma política. O texto já passou pela Câmara dos Deputados, mas alguns aspectos ainda precisam do aval do Senado, como o fim da reeleição para presidente e governador. Para Everaldo Moraes, mestre em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), o Brasil “nem de perto vive uma reforma política”. O especialista argumenta que a janela nada mais é do que uma oportunidade para mudanças de partidos, com o pensamento já nas próximas eleições.

Helena Mader, Guilherme Pera

Terça-feira, 16 de fevereiro, 2016

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