O
ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil dos governos do PT) afirmou
em delação premiada na Polícia Federal que entregou propinas em espécie para o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele relatou pelo menos dois episódios
aos investigadores, um no Terminal da Aeronáutica, em Brasília, e outro no
Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em que teria entregue dinheiro vivo da
empreiteira Odebrecht em uma caixa de celular e em uma caixa de uísque.
As
informações sobre a delação de Palocci foram reveladas pelo site O Antagonista
e confirmadas pela reportagem do Estadão.
Palocci
depôs no dia 13 de abril do ano passado, uma semana depois que o ex-presidente
foi preso para cumprir pena de 12 anos e um mês de reclusão no processo do tríplex
do Guarujá.
Este
relato do ex-ministro foi anexado quinta-feira (17/01), ao inquérito da PF que
investiga supostas fraudes na licitação e construção da usina de Belo Monte.
Segundo
Palocci, os repasses a Lula teriam ocorrido em 2010. O ex-ministro relatou uma
conversa que teria tido com Marcelo Odebrecht na qual o empresário acertou o
repasse de R$ 15 milhões para o ex-presidente depois que a empreiteira entrou
no negócio de Belo Monte.
O
delator, que foi alvo da Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato em 2016,
livrou-se da prisão depois que fechou acordo de delação com a Polícia Federal.
No
depoimento de abril do ano passado, Palocci afirmou ter repassado “em
oportunidades diversas” cerca de R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil e R$ 80 mil em
espécie para o próprio Lula.
Segundo
Palocci, “os valores eram demandados pelo próprio Lula com a orientação para
que não comentasse sobre os pedidos com Paulo Okamoto (presidente do Instituto
Lula) e nem com ninguém”.
Ele
afirma que “sempre atendia aos pedidos de Lula”.
Indagado
pela PF se tinha testemunhas de suas revelações, Palocci apontou dois
motoristas que trabalhavam para ele, na ocasião.
Palocci
detalhou duas entregas de dinheiro a Lula, uma no Terminal da Aeronáutica, em
Brasília, no valor de R$ 50 mil “escondidos dentro de uma caixa de celular”. A
outra entrega teria ocorrido em Congonhas. Ele contou que se recorda que a
caminho do aeroporto “recebeu constantes chamadas telefônicas de Lula cobrando
a entrega”.
O
ex-ministro falou, ainda, de uma reunião com outra empreiteira, Andrade
Gutierrez, na qual teria sido acertado pagamento de 1% em propinas sobre o
valor recebido pelo grupo nas obras de Belo Monte. Em troca, Palocci atuaria
contra um consórcio que estava tentando “atravessar” a licitação.
Defesas
O
ex-presidente Lula sempre negou recebimento de valores ilícitos. A Odebrecht
informa que colabora com a Justiça nos termos do acordo que firmou com a Lava
Jato. A reportagem está tentando contato com a Andrade Gutierrez.
(Estadão
Conteúdo)
Sexta-feira,
18 de janeiro, 2019 ás 20:08
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