De
olho na reeleição, o presidente lança propostas para beneficiar grupos de
interesse e aliados. Além de ignorar as contas públicas e ferir a legislação,
projetos desconsideram as prioridades nacionais
O
presidente Jair Bolsonaro se elegeu com a proposta de abandonar a velha
política e implantar uma agenda liberal que permitisse a volta do crescimento
econômico. Na prática, porém, cada vez mais se movimenta nas pequenas ações do
compadrio, criando benesses para aliados e categorias amigas. Faz isso
atropelando as leis e desconsiderando as consequências econômicas. Assim, rasga
princípios elementares de isonomia e lança obstáculos para a melhora do
ambiente de negócios. O “custo Brasil bolsonarista” só aumenta com as propostas
populistas intempestivas.
A
mais recente iniciativa de favorecimento visava líderes religiosos evangélicos
— uma importante base de apoio de Bolsonaro. O presidente pediu estudos para
subsidiar as contas de luz dos templos religiosos. A conta, na sua visão, iria
para o consumidor, taxado com o aumento indireto para favorecer as igrejas. Foi
demovido pelo ministério da Economia depois da repercussão negativa. Só
desistiu na quarta-feira 15, após conversar com o pastor Silas Câmara
(Republicanos-AM), presidente da bancada evangélica na Câmara Federal, e o
missionário R. R. Soares. Disse que estava “suspensa a negociação” e que “a
política da economia é de não ter mais subsídios”. Melhor assim. Para a
economia e o contribuinte, a iniciativa criaria mais uma distorção. Para as
indústrias, que dependem fortemente de energia, o custo maior significaria
menos produtividade e condições desfavoráveis para competir no mercado
internacional. Elementar, mas não para o bolsonarismo. (IstoÉ)
Quinta-feira,
23 de janeiro, 2020 ás 18:00
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