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24 de janeiro de 2023

O DESCONDENADO NÃO MUDOU NADA E VOLTA A COLOCAR O BNDES “À DISPOSIÇÃO” DAS EMPREITEIRAS

Era só o que faltava, diria o Barão de Itararé. Já esquecido dos 580 dias que passou na cadeia, por ter montado o maior esquema de corrupção do mundo e colocado o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a serviço das empreiteiras em obras no exterior, o presidente Lula da Silva resolveu repetir a dose. 

 

Em Buenos Aires, durante encontro com empresários brasileiros e argentinos, anunciou na segunda-feira (23/01) que o BNDES vai “voltar a financiar as relações comerciais do Brasil e projetos de engenharia no exterior”.

 

Segundo a repórter Sylvia Colombo, da Folha, que acompanha a visita presidencial à Argentina, mais cedo Lula já havia afirmado que o financiamento de obras na América Latina pelo BNDES seria um “motivo de orgulho” para o Brasil, que a seu ver tem o dever de ajudar os países vizinhos.

 

Disse ainda que, se os empresários brasileiros mostrarem esforço, as condições para a construção de um gasoduto entre Brasil e Argentina poderão ser criadas.

 

“Tenho certeza que os empresários brasileiros têm interesse no gasoduto, nos fertilizantes que a Argentina tem, no conhecimento científico e tecnológico da Argentina. E se há interesse dos empresários e do governo, e nós temos um banco de desenvolvimento para isso, vamos criar as condições para fazer o financiamento que a gente possa fazer para ajudar no gasoduto argentino”, assinalou.

 

Ajudar as empreiteiras brasileiras a fazer obras no exterior é uma boa política, claro, mas desde que não cause prejuízos ao Brasil, como aconteceu no Porto de Mariel, em Cuba, cuja construção foi feita pela Odebrecht com financiamento do BNDES e o pagamento era o trabalho de médicos cubanos no lugar dos brasileiros. Outras importantes obras foram financiadas na Venezuela e em Moçambique —que também deram calote nos pagamentos.

 

Como acentuou a repórter Sylvia Colombo. a atuação do banco de fomento no exterior foi alvo de críticas de opositores nas gestões petistas e agora durante a campanha eleitoral.

 

Os calotes de Cuba, Venezuela e Moçambique estão sendo pagos pelo Fundo de Garantia à Exportação, cujo patrimônio inicial foi constituído mediante a transferência de 98 bilhões de ações preferenciais do Banco do Brasil S.A. e 1,2 bilhão de ações preferenciais da Telebrás.

 

Em tradução simultânea, as empreiteiras e os exportadores não têm risco. Se o país vizinho não pagar, a União arca com o prejuízo. Cuba não tinha a menor condição de financiar mais de 957 milhões de dólares, mas Venezuela e Moçambique poderiam dar como garantia sua produção de derivados de petróleo que o Brasil importa. Mas quem se interessa?

 

Agora, o generoso e audacioso Lula da Silva vai repetir a dose, pois o acordo prevê abertura de crédito para importadores argentinos e criação de um fundo pelo governo brasileiro para garantir o pagamento dos empréstimos, conforme anunciou o despreparado ministro da Fazenda, Fernando Haddad:

 

“O Banco do Brasil não vai tomar risco nenhum com essa operação de crédito de exportação. Nós vamos ter um fundo garantidor, que é um fundo soberano, que vai garantir as cartas de crédito emitidas pelo BB para os exportadores brasileiros”.

 

As irresponsáveis falas de Lula e Haddad, é claro, derrubaram as ações do Banco do Brasil. As transações entre os dois países não podem ser em peso ou real, mas em moeda forte. Motivo: além do calote, há o problema da desvalorização do peso, que é maior do que a do real. Mas isso também não é problema…

 

Segundo o neoeconomista Haddad, a perda a ser sofrida pelo Banco do Brasil será coberta pelo Fundo Garantidor de Exportações. É genial! Ou bestial! como dizem os portugueses.

 

O duo Lula/Haddad sonha (?) em conseguir que, a cada operação, o governo argentino ofereça garantias colaterais com liquidez internacional — que podem ser títulos da dívida de países estáveis ou contratos futuros de venda de commodities, por exemplo. Mas acontece que a Argentina está quebrada, o que até as mães da Praça de Mayo sabem, mas Lula e Haddad ignoram.

 

*Carlos Newton

Terça-feira, 24 de janeiro 2023 às 13:59