Começou o período eleitoral de 2014, momento em que os eleitores
brasileiros serão procurados, assediados e bombardeados pelas ferramentas de
comunicação eleitoral usadas pelos candidatos. Em grande parte, muito mal
utilizadas, diga-se de passagem.
Na ânsia de cooptar o maior número de votos possível, a fim de
conquistar um mandato em 2015, candidatos de todas as agremiações partidárias
colocarão suas estratégias de campanha nas ruas. Veremos candidatos com
gigantescas estruturas, e milionários orçamentos, e centenas de campanhas
modestas estampadas com nomes desconhecidos que, em grande parte, continuarão
desconhecidos após o pleito.
Apoiados em modelos políticos defasados, e principalmente em paradigmas
comunicacionais e eleitorais que não mais representam a realidade dos eleitores
de 2014, muitos candidatos incidirão em erros grotescos que lhes renderão, ao
invés de votos, enorme rejeição. O valor do voto é efêmero, já disseram os
estudiosos, mas o não voto é sempre mais barato.
Sem planejamento e conhecimento técnico das formas e possibilidades de
uso das ferramentas de comunicação eleitoral, pois em sua maior parte as
campanhas não contam com profissionais de comunicação e marketing político em
suas equipes, os candidatos usam e abusam de materiais de campanha com intuito
de impactar seus possíveis eleitores e conquistar-lhes o voto. No entanto, os
erros e excessos cometidos nas campanhas têm grande poder de causar ojeriza e
perda de votos.
Carros de som com volumes exagerados, jingles irritantes, excesso de
santinhos jogados nas casas, caixas de correios e ruas, adesivos pregados em
bens particulares sem autorização, excesso de mensagens nos celulares e
telefones, e mais uma série de erros cometidos pelas equipes de campanha
poderão prejudicar diretamente os candidatos por elas representados. Neste ano
também teremos, ainda mais forte, a utilização das redes sociais para
disseminação das mensagens – outro ponto que tem forte potencial para irritar
os eleitores, e fazer com que os candidatos ganhem uma contra militância
aguerrida e agressiva disposta a combatê-los voluntariamente. Esse canal é
bilateral.
Cabos eleitorais que não sabem pedir, nem justificar, votos para seu
contratante, campanhas de rua que são destoantes das campanhas digitais, falta
de compreensão dos anseios dos eleitores, de suas capacidades intelectivas e
canais usados para acessar mensagens políticas são fatores que vão expor a
ausência de planejamento e compreensão dos candidatos goianos sobre o que é
fazer uma campanha eleitoral embasada em conceitos de marketing.
As falhas de campanha não têm relação direta com ausência de recursos
financeiros. Vemos campanhas milionárias protagonizando erros absurdos, e
campanhas modestas atuando com muita técnica e assertividade, fatos que podem
contribuir, e contribuem, para que nem sempre o candidato mais rico seja
eleito.
Bom, a partir de agora e até 5 de outubro teremos contato com todos os
tipos de candidatos e linguagens de campanhas, umas boas e outras ridículas,
mas certamente precisamos observá-las, compreendê-las e usá-las para decidirmos
nosso voto de forma consciente e inteligente, pois as campanhas passam e seus
resultados ficam, pelo menos, por quatro anos.
Marcos Marinho é professor e analista político
Domingo,20 de julho,2014