"NÃO HÁ DEMOCRACIA ONDE O VOTO É OBRIGATÓRIO"

Se ainda não é, seja nosso novo seguidor

Amigos SP

19 de novembro de 2015

CONGRESSO CONTRARIA DILMA E DERRUBA VETO A VOTO IMPRESSO




Em meio a discursos calorosos sobre a falta de confiança no atual sistema eleitoral, o plenário do Congresso manteve nesta quarta-feira a implantação de um modelo de comprovantes nas urnas eletrônicas. Essa medida chegou a ser aprovada pela Câmara e pelo Senado durante a votação da reforma política, mas acabou vetada pela presidente Dilma Rousseff. Em despacho para inviabilizar a proposta, a presidente informou que a medida causaria um impacto de 1,8 bilhão de reais entre o investimento para aquisição de equipamentos e as despesas de custeio das eleições.

O veto de Dilma foi analisado nesta quarta-feira em sessão do Congresso e provocou debate entre os parlamentares. Governistas inicialmente se posicionaram contra o voto impresso, mas acabaram liberando suas bancadas ao longo da votação. Já a oposição se uniu pela retomada do texto aprovado anteriormente. A medida foi aprovada por 368 votos na Câmara e 56 votos no Senado. Era necessário o apoio de ao menos 257 votos entre os deputados e de 41 senadores para contrariar a decisão presidencial.

Comprovante - Pelo projeto, o processo de votação permanecerá acontecendo nas urnas eletrônicas. Os equipamentos, no entanto, vão imprimir o registro de cada voto, que serão armazenados em um local lacrado. Durante esse processo, não haverá contato manual do eleitor com os comprovantes. O sistema do voto impresso já deve valer nas eleições de 2016.

"Como podemos negar ao eleitor brasileiro o comprovante do exercício máximo da sua cidadania? Por que não permitir que o nosso sistema eleitoral possa ser auditado? Não é disputa de oposição ao governo. É de respeito ao sufrágio, ao voto popular", discursou o senador Cássio Cunha Lima (PB), líder do PSDB. "Não dá para confiar em um sistema que não permite checagem. O voto precisa ser verificado, caso seja necessário auditoria nas urnas eletrônicas", disse o deputado Mendonça Filho (PE), líder do DEM.

Contrário à matéria, o líder do governo no Senado, José Pimentel (PT-CE), exaltou o prejuízo financeiro que a proposta traria e ponderou que o governo está implantando uma série de medidas para reduzir as despesas.

Financiamento - Também em votação do Congresso, deputados e senadores seguiram o veto de Dilma e mantiveram a canetada presidencial ao financiamento empresarial nas campanhas. A medida foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

(Veja)

Quinta-feira, 19 de novembro, 2015

17 de novembro de 2015

25 de outubro de 2015

'PRESENÇA DE MULHERES NA POLÍTICA FORTALECE A DEMOCRACIA'




A participação das mulheres na vida política nacional ainda está longe da isonomia assegurada pela Constituição; Segundo a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luciana Lóssio, pouca coisa mudou decorridos mais de 80 anos desde que a primeira mulher ocupou uma cadeira no Legislativo brasileiro.

Em um artigo publicado pelo jornal Folha de São Paulo, a magistrada destaca que no Brasil "de raízes patriarcais, no qual o homem sempre ocupou postos de comando, os desafios das mulheres ainda são gigantescos". Segundo ela, "a Reforma Eleitoral, sancionada e publicada no último dia 29/9, trouxe alguns poucos avanços" sobre a participação feminina na política.

"Ainda é pouco, muito pouco. É hora de avançarmos mais. A exemplo de outros países, busquemos a paridade de gênero e a reserva de cadeiras no Parlamento", defende. "O progresso da participação das mulheres na política é fundamental para o fortalecimento da democracia, já que a igualdade é um dos pilares do Estado democrático de Direito", finaliza a ministra.

Confira aqui a íntegra do texto da ministra do TSE Luciana Lóssio.

Domingo, 25 de outubro, 2015

19 de outubro de 2015

HOMENS IMPERMEÁVEIS



Lembro-me que, nos idos dos anos 1970, na escola jesuíta em que estudava, quatro meninas chegaram à sala. Foram as primeiras na, até então, escola de padres para meninos. Os padres (que na época eram mais sábios, porque menos "progressistas") decidiram por colocar garotas "aos poucos" na escola.

O colégio era um palco de brigas e competições. A monotonia da vida escolar era quebrada apenas quando algum de nós começava a brigar para valer e, às vezes, uma minibatalha campal se instalava no meio do campo de futebol. Esse ritual tinha lá sua graça e diversão.

Quando as meninas surgiram nas salas de aula, tudo mudou. A própria hierarquia entre os meninos sofreu uma alteração gigantesca. Se antes "mandava" quem batia mais e era mais dado às práticas do que hoje se chama "bullying", a partir do momento que as lindinhas entraram na sala, quem "mandava" passaram a ser aqueles por quem as meninas demonstravam interesse.

Hoje, suspeito que naquele momento repetíamos algum tipo de ritual pré-histórico em que a presença feminina implicava alguma forma sofisticada de poder que passava pelo desejo que tínhamos de "possuí-las". Essa forma de organização de poder num bando devia ser ancestral, pela força e delicadeza com a qual se fazia sentir. Quanto mais ancestral é o poder, maior sua sutileza. Deus é um discreto.

Imagino que, hoje em dia, chatinhas e chatinhos chamariam isso tudo de "machismo". Mas essas chatinhas e esses chatinhos não entendem nada de mulher. Eu chamaria isso de permeabilidade ao poder feminino.

Semanas atrás, nesta coluna, fiz referência a que, talvez, um dia, chegaríamos à situação em que os homens ficariam impermeáveis às mulheres. Recebi alguns e-mails de leitoras que afirmavam que isso já está acontecendo, que muitos homens já são impermeáveis às mulheres. Tanto eu quanto minhas leitoras não nos referíamos a gays, que são, por natureza, impermeáveis e inofensivos às mulheres.

E o que seria um homem impermeável a uma mulher? Um cara que sabe (ou acha que sabe, como é comum neste mundo contemporâneo de modinhas de comportamento) que não precisa de uma mulher para "ser feliz".

Ele é autônomo em seu dia a dia, sabe cozinhar se for preciso (melhor do que as meninas, que confundem ignorância na cozinha com liberdade), tem uma casa na medida de suas necessidades, sabe administrar funcionárias de limpeza, sabe que compra sexo fácil com garotas especializadas, inclusive em "ser namoradas light", e que, quando quer uma mulher "amadora", tem sempre alguma emancipada por perto –para quem nem precisa pagar o jantar, porque ela se orgulha em fazê-lo.

Aliás, isso de "gastar dinheiro com mulher" é uma coisa que esses homens emancipados já resolveram. Só homens antigos imaginam que "devem" algo a uma mulher. Pelo contrário, o mercado estando difícil como está, talvez elas é que devam demonstrar felicidade pagando coisas para caras generosos.

O homem emancipado é fruto da queima dos sutiãs. Não se sente obrigado a satisfazer a mulher em nenhum nível que seja. Ainda vamos perceber que todo discurso emancipatório se alimenta da libertação de qualquer vínculo. E do ressentimento com a vida.

O emancipado é um ingrato. É um solitário com grana para gastar e jamais um sujeito que trabalha demais para satisfazer os desejos de alguma mulher, a começar pelos que ela sente de ser mãe.

Num universo como esse, quatro meninas numa sala de aula mal seriam percebidas, porque o que estava em jogo ali era o convívio próximo. A intimidade da conversa sobre a prova de matemática. O medo partilhado do professor terrível. Além, claro, da graça com a qual elas sentavam nas cadeiras, antes ocupadas o tempo todo por jovens chimpanzés.

Toda a ópera da emancipação passa pela destruição da intimidade. A mulher emancipada é uma invisível. O homem emancipado não quer se libertar do que as mulheres carregam entre as pernas, quer se libertar do que as mulheres carregam dentro de si. E isso, só se "vê" numa intimidade compartilhada, jamais num mundo impermeável às neuroses do amor.

Luiz Felipe Pondé

Segunda-feira, 19 de outubro, 2015.