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21 de outubro de 2019

Demitido por Bolsonaro por defesa da nova CPMF, Marcos Cintra é chamado para socorrer o PSL


Sob forte crise interna e com parte da legenda em briga com o presidente Jair Bolsonaro, o PSL chamou o ex-secretário especial da Receita Federal Marcos Cintra para ajudar a reestruturar o partido. Cintra foi demitido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

O ex-secretário perdeu o cargo, em setembro passado, porque o presidente Bolsonaro não concordou com a volta de um imposto nos moldes da antiga CPMF. Para atender o presidente e acabar com especulações em torno do retorno do tributo, o ministro demitiu o seu auxiliar.

MISSÃO DADA – No PSL, Cintra recebeu a missão de aprimorar o conteúdo técnico da atuação da sigla e auxiliar as bancadas no Congresso no debate dos grandes temas nacionais, como as reformas econômicas, entre elas a reforma tributária que tramita na Câmara e no Senado com duas propostas diferentes.

Cintra trocou o PSD pelo PSL em janeiro deste ano. O convite para a filiação foi feito diretamente pelo presidente do partido, Luciano Bivar. Na época, o deputado também chamou o secretário para presidir o Instituto de Inovação e Governança (Indigo), fundação ligada ao partido.

ATIVIDADE PROGRAMÁTICA – Ao Estado, Cintra informou que vai acelerar a formulação de propostas de governo para o PSL e trabalhar na capacitação de quadros do partido em todo o País. Segundo ele, sua atividade será programática. Ele ressaltou que sua atuação na fundação Indigo é pro bono.

Fora do governo, ele é um crítico da demora da equipe econômica em apresentar a sua proposta de reforma tributária, que vem sendo discutida desde a transição e pode perder a prioridade de tramitação no Congresso para a reforma administrativa.

CONTAS – Há quem defenda no partido que Cintra possa inclusive ajudar o PSL a arrumar suas contas. Como o Estadão/Broadcast mostrou na semana passada, o PSL acumula dívidas de ao menos R$ 5,9 milhões com a União relacionadas aos seus diretórios regionais. A maior parte (86%) diz respeito a multas eleitorais, aplicadas por irregularidades envolvendo gastos em campanhas de candidatos do partido. Dirigentes da sigla atribuem os débitos a gestões anteriores da legenda nos Estados.

A criação da Contribuição sobre Pagamentos (CP), com forma de cobrança muito parecida à CPMF, era o ponto central da proposta de reforma desenhada quando Cintra integrava a equipe de Guedes. O ministro chegou a defender publicamente a criação do novo imposto, rejeitado pelo presidente.

IMPOSTO ÚNICO – Cintra afirma que o presidente do partido, Luciano Bivar, tem uma proposta de reforma tributária importante para ser defendida. “Pessoalmente sempre defendi o Imposto Único. Agora estou mais livre para debater a minha proposta de introduzir um imposto compatível com a Nova Economia digital”, disse Cintra ao Estado. O economista afirma, no entanto, que o partido deve analisar todas as propostas. 

(Camilla Turtelli/Adriana Fernandes/Estadão)

Segunda-feira, 21 de outubro ás 18:00

18 de outubro de 2019

Delegado Waldir diz que Bolsonaro enfraqueceu Moro; Major Olimpio ataca Eduardo e Flávio



O senador Major Olímpio (PSL-SP) defendeu nesta sexta-feira a saída imediata de Eduardo Bolsonaro do comando do PSL em São Paulo. Aliado do presidente nacional do partido, deputado Luciano Bivar, de Pernambuco, Olímpio disse que Eduardo não tem mais condições de liderar a sigla em seu estado.

  Eu não sei se já fizeram as comunicações ou notificações em relação a isso (a destituição). Vamos definir hoje isso. Eu defendo que saia já — disse o senador, reforçandou que é preciso dar celeridade a esta decisão. “O problema é só de quando nós vamos efetivar isso”.

FLÁVIO, TAMBÉM – Ele acrescentou que o senador Flávio Bolsonaro também deve ser destituído do comando do PSL no Rio de Janeiro:

— As decisões estão tomadas. Há uma exigência dos parlamentares nos estados da total impossibilidade de se prosseguir. Um dos grandes problemas que gerou conflito do presidente com o partido, o que foi? Eduardo Bolsonaro. Há também uma insatisfação dos parlamentares do Rio dizendo: nós não queremos mais o Flávio Bolsonaro.

Por sua vez, o líder do PSL , Delegado Waldir (GO), disse na manhã desta sexta-feira que o grupo ligado ao presidente nacional da legenda, Luciano Bivar , vai divergir de algumas pautas do governo no Congresso. Perguntado sobre uma possível retaliação caso Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) assuma a liderança do partido na Câmara, ele disse que o governo Jair Bolsonaro enfraqueceu a Polícia Federal.

PAUTAS PRÓPRIAS — “Antes de conhecer o presidente, antes de qualquer coisa, eu pessoalmente, outros deputados também, nós temos nossas pautas. Nós somos defensores da família, da pátria, do combate à corrupção. Nós vamos divergir do governo sim em alguns itens. Por exemplo, o governo trabalhou pelo enfraquecimento da Polícia Federal, da Lava-Jato. Não quer uma CPI Lava-Toga” — disse Waldir.

O deputado acrescentou que o ministro da Justiça, Sergio Moro, sofre retaliações de Bolsonaro e foi enfraquecido pelo presidente. As declarações de Waldir foram dadas na portaria da sede nacional do PSL, que realizou convenção nesta sexta-feira.

(Bruno Góes e Naira Trindade/O Globo)

Sexta-feira, 18 de outubro ás 18:00

17 de outubro de 2019

Tentativa de destituição de líder do PSL na Câmara acirra disputa entre bolsonaristas e bivaristas




A briga no PSL culminou na noite desta quarta-feira, dia 16, em uma disputa entre os grupos do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da sigla, Luciano Bivar, em torno da destituição do líder do partido na Câmara, delegado Waldir (GO). Os ligados a Jair Bolsonaro formalizaram um pedido para tirar Delegado Waldir (GO) do posto – a ideia é que Eduardo Bolsonaro (SP) seja o novo líder. Os aliados do presidente do partido, porém, reagiram logo com um segundo pedido, mantendo o atual líder no cargo.

O requisito para a troca de líder é a assinatura de mais da metade da bancada junto ao pedido. Os bolsonaristas conseguiram as assinaturas de mais de metade dos 53 deputados na noite desta quarta-feira. Logo depois, os aliados de Luciano Bivar, presidente da sigla, protocolaram uma nova lista, com 32 assinaturas, pedindo a permanência de Waldir.

PRÓ E CONTRA – Os deputados não divulgaram os nomes contidos nas duas listas. Portanto, não é possível saber quais deputados teriam assinado ambos os requerimentos, pró e contra a permanência de Waldir. A deputada Carla Zambelli (SP) ainda protocolou, no fim da noite, uma terceira lista com 27 assinaturas.

Como há um impasse, porém, não é possível saber se alguma das três será considerada válida. A decisão cabe ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que precisa referendar qualquer troca de líder. Um deputado do grupo pró-Bivar disse ao O Globo que eles já estavam com a lista pronta. Alguns deputados que já haviam assinado pela permanência de Waldir mudaram de ideia e assinaram a lista dos bolsonaristas.

No lugar de Delegado Waldir (GO), os bolsonaristas tentam colocar Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente. Deputados ouvidos pelo GLOBO relatam que o presidente Bolsonaro fez ligações nesta quarta-feira pedindo assinaturas no requerimento para retirar Waldir.

DISPUTA – Durante a tarde, deputados dos dois grupos, bolsonaristas e ligados a Waldir e a Luciano Bivar, presidente da sigla, tentaram convencer os indecisos a assinar ou não o requerimento para a troca de líder. O último a assinar a lista dos bolsonaristas foi o deputado General Peternelli (SP).

“Tendo em vista os últimos acontecimentos referentes apenas à liderança do PSL, visando preservar a imagem do partido na Câmara, por aclamação da maioria dos deputados do partido, ficarei à frente da liderança até dezembro, mês em que realizaremos eleições para o novo líder”, disse Eduardo.

OBSTRUÇÃO – Na terça-feira, Waldir retaliou o governo retirando Major Vitor Hugo (GO), líder do governo na Câmara, da comissão especial da reforma da Previdência. Ele também obstruiu por uma hora uma votação de uma Medida Provisória (MP), o que foi interpretado como um recado contra o governo.

O líder vinha se posicionando contra Bolsonaro após o presidente criticar Luciano Bivar, presidente do partido, na última semana. A bancada se dividiu entre bolsonaristas e bivaristas. Apesar de o primeiro grupo ser menor, de apenas 20 deputados, a pressão do presidente ajudou na obtenção de assinaturas.

EMBAIXADA É  “SECUNDÁRIA” – Eduardo afirmou que a discussão sobre a Embaixada do Brasil em Washington, prometida a ele por seu pai, torna-se “secundária” neste momento de acirramento da briga no partido. “Todos os temas como a embaixada e a viagem para a Ásia são temas secundários. A gente está aqui para cuidar dos nossos eleitores, meu foco é ajudar o país”, disse.

Na linha de frente da investida de Jair Bolsonaro na Câmara estavam Carla Zambelli (SP), Vitor Hugo, Bia Kicis (DF), Filipe Barros (PR), Alê Silva (MG), Bibo Nunes (RS) e Hélio Lopes (RJ), conhecido como Hélio Negão, amigo próximo do presidente da República. “Nunca falei com tanta gente na minha vida”, comentou Hélio com os colegas após protocolarem o requerimento.

ÚLTIMOS MOVIMENTOS – Vitor Hugo atribui o movimento aos posicionamentos recentes de Waldir. “A decisão foi dos deputados do PSL, que decidiram em função de todo o tensionamento que tem acontecido. Em função de todos os posicionamentos do líder anterior do PSL, que contrariava os posicionamentos do governo, que colocava em dúvida inclusive a questão da transparência do partido, que atacava membros do partido de uma maneira desmedida”, disse Vitor Hugo, um dos responsáveis por protocolar o requerimento destituindo Waldir.

“E que, por exemplo, quase colocou em xeque a votação da Medida Provisória 886, extremamente importante, com prazo apertado com relação a orientação de obstrução. O próprio partido do presidente, que não é base do governo, é o próprio governo, orientando obstrução no painel. Diante disso, dessas evoluções, a maioria, neste momento, dos deputados federais decidira destituir”, afirmou.

Bruno Góes-Natália Portinari/O Globo

Quinta-feira, 17 de outubro ás 12:00