Sob
forte crise interna e com parte da legenda em briga com o presidente Jair
Bolsonaro, o PSL chamou o ex-secretário especial da Receita Federal Marcos
Cintra para ajudar a reestruturar o partido. Cintra foi demitido pelo ministro
da Economia, Paulo Guedes.
O
ex-secretário perdeu o cargo, em setembro passado, porque o presidente
Bolsonaro não concordou com a volta de um imposto nos moldes da antiga CPMF.
Para atender o presidente e acabar com especulações em torno do retorno do
tributo, o ministro demitiu o seu auxiliar.
MISSÃO
DADA – No PSL, Cintra recebeu a missão de aprimorar o conteúdo técnico da
atuação da sigla e auxiliar as bancadas no Congresso no debate dos grandes
temas nacionais, como as reformas econômicas, entre elas a reforma tributária
que tramita na Câmara e no Senado com duas propostas diferentes.
Cintra
trocou o PSD pelo PSL em janeiro deste ano. O convite para a filiação foi feito
diretamente pelo presidente do partido, Luciano Bivar. Na época, o deputado
também chamou o secretário para presidir o Instituto de Inovação e Governança
(Indigo), fundação ligada ao partido.
ATIVIDADE
PROGRAMÁTICA – Ao Estado, Cintra informou que vai acelerar a formulação de
propostas de governo para o PSL e trabalhar na capacitação de quadros do
partido em todo o País. Segundo ele, sua atividade será programática. Ele
ressaltou que sua atuação na fundação Indigo é pro bono.
Fora
do governo, ele é um crítico da demora da equipe econômica em apresentar a sua
proposta de reforma tributária, que vem sendo discutida desde a transição e
pode perder a prioridade de tramitação no Congresso para a reforma
administrativa.
CONTAS
– Há quem defenda no partido que Cintra possa inclusive ajudar o PSL a arrumar
suas contas. Como o Estadão/Broadcast mostrou na semana passada, o PSL acumula dívidas
de ao menos R$ 5,9 milhões com a União relacionadas aos seus diretórios
regionais. A maior parte (86%) diz respeito a multas eleitorais, aplicadas por
irregularidades envolvendo gastos em campanhas de candidatos do partido.
Dirigentes da sigla atribuem os débitos a gestões anteriores da legenda nos
Estados.
A
criação da Contribuição sobre Pagamentos (CP), com forma de cobrança muito
parecida à CPMF, era o ponto central da proposta de reforma desenhada quando
Cintra integrava a equipe de Guedes. O ministro chegou a defender publicamente
a criação do novo imposto, rejeitado pelo presidente.
IMPOSTO
ÚNICO – Cintra afirma que o presidente do partido, Luciano Bivar, tem uma
proposta de reforma tributária importante para ser defendida. “Pessoalmente
sempre defendi o Imposto Único. Agora estou mais livre para debater a minha
proposta de introduzir um imposto compatível com a Nova Economia digital”,
disse Cintra ao Estado. O economista afirma, no entanto, que o partido deve
analisar todas as propostas.
(Camilla
Turtelli/Adriana Fernandes/Estadão)
Segunda-feira,
21 de outubro ás 18:00
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