O
saque-aniversário, modalidade de saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
(FGTS) que entrará em vigor em abril, tem o potencial de quintuplicar o volume
de crédito consignado (com desconto no salário) para os trabalhadores da
iniciativa privada. A estimativa foi divulgada pela Secretaria de Política
Econômica (SPE) do Ministério da Economia.
De
acordo com a secretaria, o saque-aniversário deve criar um mercado de até R$
100 bilhões em recebíveis de crédito nos próximos quatro anos. Os recebíveis representam
os recursos de que os bancos podem se apropriar em caso de calote do tomado. A
lei que criou o saque-aniversário permite que os trabalhadores usem o dinheiro
sacado a cada ano como garantia em operações de crédito.
Os
recebíveis do saque-aniversário deverão fazer com que os juros médios caiam
para o tomador. Isso porque a garantia de receber parte do saldo do FGTS em
caso de inadimplência reduz os riscos para os bancos, que podem cobrar taxas
mais baixas.
“Como
os recebíveis de saque-aniversário são uma garantia com risco zero, à medida
que é possível uma substituição de crédito de risco elevado por crédito com
risco zero, os juros cobrados serão menores, logo, há a tendência de expansão
significativa de crédito estimulando a economia. Ademais, os juros cobrados
nessa modalidade deverão ser inferiores a todas as outras opções no mercado”,
explicou a SPE em nota.
A
secretaria fez uma simulação em que considerou o impacto dos R$ 100 bilhões de
recebíveis no mercado de crédito consignado para os trabalhadores da iniciativa
privada. No primeiro cenário, que considera a substituição de 50% do crédito
pessoal não consignado pelo crédito com recebíveis do FGTS, o crédito pessoal
consignado saltaria dos atuais 0,32% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos
bens e serviços produzidos no país) para 1,24% do PIB em até quatro anos. Os
juros médios do crédito pessoal total (consignado e não consignado) cairiam de
2,77% para 2,14% ao mês.
No
segundo cenário, que considera não apenas a substituição de 50% do crédito, mas
também a expansão do crédito pessoal total, decorrente da entrada de novos
clientes que não contraíam empréstimos, a evolução seria maior. O volume de
crédito pessoal consignado saltaria para 1,72% do PIB no mesmo período. A taxa
média de juros do crédito pessoal total cairia ainda mais, para 2,11% ao mês.
Segundo
a SPE, a estimativa é conservadora porque considera que o crédito com
recebíveis do FGTS pagará juros médios de 1,57% ao mês, equivalente à taxa
média do crédito consignado para servidores públicos e beneficiários do
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Para o órgão, a nova modalidade de
crédito tem o potencial de cobrar juros ainda menores.
Saque imediato
O
relatório estimou que o saque imediato, retirada de até R$ 998 das contas
ativas e inativas do FGTS, injetou R$ 26,2 bilhões na economia em 2019. A SPE
calcula que o saque-aniversário, que prevê a retirada de parte do saldo do FGTS
a cada aniversário do trabalhador, resultará em crescimento de 2,57% do PIB
(Produto Interno Bruto) per capita nos próximos dez anos apenas pela injeção de
dinheiro na economia. O cálculo, no entanto, desconsidera o impacto da expansão
do crédito por meio do mercado de recebíveis. (ABr)
Quinta
- feira, 09 de Janeiro, 2020 ás 18:00