As
eleições municipais de 2020 não foram as eleições das redes sociais, assim como
previsto no artigo “O mito das redes sociais nas eleições 2020”, divulgado
durante a pré-campanha. Imaginar que uma rede de relacionamento social iria,
por si só, gerar votos era, no mínimo, previsível de não acontecer na
realidade.
É
claro que acreditar nisso era um conforto para a maioria dos candidatos,
afinal, é mais barato e dá menos trabalho. O envolvimento gerado é virtual, ou
seja, não garante necessariamente um relacionamento forte capaz de ser
convertido em voto. Política é relacionamento; eleição é voto na urna.
As
redes sociais sem dúvida são ótimas para gerar curiosidade e simpatia. Mesmo
assim, é fundamental lembrar que grande parte dos eleitores detesta a política
ou os próprios políticos. Por isso, para usar as redes sociais é necessário ter
uma estratégia definida e conhecimento sobre o público que deseja alcançar. Não
adianta acreditar que uma postagem vai atingir milhares de pessoas sozinha.
Para isso são necessários vários fatores, e muitos deles não estão no controle
do candidato.
O
voto não é um produto atraente ao consumidor. Ele nasce da palavra compromisso.
Em 90% dos casos, o voto nasce de um comprometimento assumido entre duas
pessoas que confiam uma na outra, na maioria das vezes em favor de uma
terceira. Assim vão se formando as “ondas eleitorais”, que podem ser chamadas
de efeito de ressonância.
Durante
a participação em campanhas de todas as partes do Brasil, foi possível
acompanhar diferentes candidatos focados nas redes com trabalhos altamente
técnicos e abrangentes, desde aqueles com pouca presença virtual até os de
muito impacto com milhares de seguidores. O resultado foi que a maioria dos que
apostaram nas redes como carro-chefe da sua candidatura acabaram sendo
derrotados nas urnas.
O
olho a olho e as redes individuais de relacionamento fizeram a diferença nessas
eleições. Um líder que inspira a sua equipe, seus coordenadores, é justamente
uma pessoa que cria a sensação de pertencimento nos seguidores. Assim, os
objetivos entre ambas as partes ficam alinhados.
Por
enquanto, vencer as eleições com as redes sociais ainda fica restrito para as
grandes campanhas, onde as opções são menores. Os candidatos proporcionais,
como deputados, vereadores e prefeituras até 50 mil habitantes, precisam
investir no treinamento de equipe e em suas próprias características de
liderança com inteligência emocional. Os resultados recentes das eleições
municipais são uma prova disso.
*Times Brasília
Sexta-feira,
04 de dezembro, 2020 ás 11:55