A
corrupção é social, transcende a esfera política e atinge a mais inocente
relação social. Mesmo crianças de 3 anos de idade praticam política e, muitas
das vezes, de forma corrupta. É o típico caso de dois irmãos, que um deles
ganhando 5 pirulitos, diz ter ganho apenas 1.
Portanto,
a corrupção possui uma alta margem de inocência e ingenuidade, isso se deve ao
fato humano, somos errantes, somos imperfeitos e não construímos ou nascemos
com uma moral irrepreensível.
O
político que se elege pela compra de voto, só o faz porque alguém vende. O
político que se enriquece demasiadamente, só o faz porque empresas aceitam
pagar propina, fazer caixa 2.
Pensando
nestas questões, na corrupção oriunda da inocência, vou destacar apenas uns dos
tantos elementos que colaboram para a manutenção e desenvolvimento da
corrupção, qual seja O VEREADOR.
Diferente
dos outros cargos políticos, como Prefeito, Governador, Senador… o vereador é o
mais próximo do eleitor, geralmente, pede votos aos conhecidos, familiares, aos
vizinhos, é alguém do povo. Sendo alguém do povo, entende que sua eleição não
depende de projeto, mas de conhecimento de pessoas, e faz de tudo para
amplia-lo.
Conversa
com um amigo que conhece outro amigo e aceita apoia-lo, quando chega na casa
deste amigo do amigo, descobre que, para ter seu apoio, terá que ajudar a
família carente, com cestas básicas, e se eleito for, com empregos.
Essa
promessa de emprego e ajuda vai se estendendo durante a campanha. Certamente,
para se fazer eleito deve ter prometido bem mais que 1000 empregos e favores.
Sendo vencedor, entra com uma dívida muito grande de confiança.
Ele
não é bobo e sabe que precisa ganhar de novo, e como vai ganhar se não
corresponder com a promessa de emprego e favor? Impossível. Então, ele começa
vender votos favoráveis para o prefeito.
O
prefeito, só é prefeito porque tem uma rede de vereadores que o apoiam, se não
tivesse estes vereadores aliados, jamais conseguiria convencer as pessoas que
ele seria a melhor opção, tendo 15 segundos de propaganda na TV, e inúmeros
santinhos espalhados em meio a tantos outros.
Logo
ele percebe que precisa ter o máximo de candidatos vereadores em sua base de
apoio, vereadores estes que já estão endividados e dizem, sem a menor maldade e
cheios de inocência:
-Se
o senhor for eleito, eu quero uma secretaria, tem um pessoal meu que precisa de
emprego. Podemos fechar negócio?
O
prefeito que não é bobo nem nada, claro, promete 100 secretarias para 100
candidatos ao legislativo, existindo apenas 10 secretarias, a conta não
fecha, mas a eleição precisa fechar.
Após
ser eleito e diplomado, o prefeito precisa cumprir sua palavra com os
vereadores, com não tem 100 secretarias, precisa mudar a forma de adimplir com
a promessa, precisa de dinheiro e de empresas para receber tantos
desempregados.
Porém,
fazer parcerias com empresas depende de imunidade fiscal, caixa 2, vistas
grossas e uma infinidade de coisas, o prefeito, já endividado diz:
-por
mim tudo bem.
Dois
anos se passam…
O
Governador, bem antes da eleição, procura prefeitos que estejam dispostos a
ajudar. O prefeito que agora está endividado, afinal já se passaram dois anos e
ainda não ficou rico, apenas pagou contas, está ávido por uma grande proposta,
e a proposta vem, o governador na melhor das intenções, ser eleito, diz:
-se
você me apoiar vou destinar verbas para este município.
O
prefeito que ainda não fez nada para o povão, estava apenas pagando as contas
(prestem atenção nos dois primeiros anos de mandato dos prefeitos) responde:
-claro
senhor, preciso me reeleger e tenho que ganhar um dinheiro por fora porque
estou endividado.
Governador
eleito, os dois últimos anos do mandato de prefeito são obras e mais obras,
como ele já aprendeu a negociata com empresas, a licitação é mole para burlar e
ficar rico.
O
governador, agora faliu o estado porque é o primeiro mandato e injetou muito
dinheiro nas prefeituras, pretende sua reeleição pois sabe que terá
grandes problemas se não conseguir se reeleger, injeta ainda mais dinheiro
no Estado, pretendendo a prorrogação do compra e paga.
Após
ser eleito repete os passos do prefeito, e isso vai se repetindo até chegar na
presidência. É igual dívida de cartão de credito, você olha, gosta compra na
inocência, a fatura chega e na maioria das vezes não dá pra pagar, então você
entra no cheque especial e vende a Petrobrás, o BNDS, os índios e nós, que
queríamos apenas um emprego, estamos, com o perdão da palavra, NA MERDA.
Como
resolver isso? pare de votar no vereador amigo, vote em quem tem projeto, e
pare de votar no prefeito que seu vereador apoie, vote em quem tem proposta,
está qualificado, pare de vender seu voto por emprego ou favores, PARE, PARE,
nós já estamos no cheque especial.
Não
há como eleger alguém com a certeza de sua honestidade e integridade, mas agora
que você conhece o esquema, fique mais atento. O povão, isso mesmo nós, é o que
menos importa e não somos levados em conta neste jogo.
Como
sei isso, sou um mero estudante de direito de 25 anos, mas trabalhei no
Congresso Nacional, diretamente com Deputados Federais e alguns chefes de
gabinete, tomei um prejuízo enorme, vim para a não tão pequena cidade de Águas
Lindas de Goiás, e descobri que a sistemática é a mesma.
Vereadores
prometem emprego, prefeitos prometem secretarias.
Nós
queremos promessas de projetos que nos beneficiem, na maioria das vezes
irrealistas. Sejamos realistas e justos, o Brasil está em crise. Então vote em
pessoas que definitivamente sejam realistas e não prometam o que não podem
cumprir, além de um punhado de emprego.
Por:
Mateus Teodolino Santana- Publicitário e Estudante de Direito
Segunda-feira,
27 de junho, 2016
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