A
dúvida era sobre a renovação automática das atuais licenças de radiofrequência
de que as operadoras necessitam para funcionar. Muitas delas expirariam a
partir de novembro deste ano, e a questão da renovação estava incerta. As
operadoras argumentavam que, se tivessem que devolver as licenças expiradas e
gastar dinheiro para readquiri-las em um novo leilão, teriam de usar recursos
que estão reservados para a implantação das redes 5G. Com o decreto, os
caminhos para as redes móveis de quinta geração ficam mais abertos.
Como
explica Eduardo Ricotta, presidente da Ericsson para o Cone Sul da América
Latina, o decreto em si não afeta os planos para o leilão, que teriam
prosseguimento mesmo com essa questão. O que o decreto realmente faz é
proporcionar ao mercado mais segurança para realizar os investimentos pesados
que serão necessários para a implementação da tecnologia no Brasil, criando um
ambiente menos hostil para o setor de telecomunicações.
Isso
coloca o mercado em uma situação favorável em que há poucas questões a serem
resolvidas até o leilão
do 5G . Como nota Ricotta, já não existem mais grandes preocupações
burocráticas e regulatórias além do rito da Anatel, que inclui pontos como a publicação
do edital do leilão e a aprovação de valores pelo Tribunal de Contas da União.
Além
disso, também já não há mais grandes pontos técnicos a serem resolvidos. Uma
das questões bastante debatidas ao longo dos últimos anos foi a interferência
do 5G com outras tecnologias. A preocupação hoje reside apenas nos serviços de
TV por antenas parabólicas, que usa uma frequência vizinha da proposta para o
5G, de 3,5 GHz. No entanto, os maiores centros urbanos já contam com sinal de
TV digital, que utilizam outra frequência, e os 3,5 GHz devem ser dedicados às
maiores cidades; no campo, onde a parabólica é mais presente, deve ser usada
outra frequência mais baixa e de maior alcance, que não deve se aproximar do
patamar de interferência.
Ricotta
aponta que para uma interferência acontecer, é necessária uma coincidência
pouco provável de fatores. A antena do 5G e a parabólica devem estar a uma
distância entre 50 metros e 100 metros uma da outra, em alinhamento perfeito e
com potência máxima na mesma direção. Novamente, para isso acontecer, seria
necessário ter na mesma região o 5G de 3,5 GHz e a TV parabólica, o que não
deve fazer parte do plano de implementação da tecnologia.
Uma
questão que certamente não ajuda a implementação do 5G neste momento, no
entanto, é a pandemia de Covid-19, que derrubou basicamente toda a economia
global e as empresas do setor de telecomunicações não é diferente, o que
poderia criar uma aversão a investimentos. No entanto, o setor prevê um cenário
interessante para o momento da retomada, quando uma parte dos hábitos de
consumo de internet adquiridos durante este momento de utilização mais intensa
da rede deve permanecer como parte do cotidiano dos brasileiros. E justamente
neste ponto o 5G se mostra como a tecnologia ideal para esse momento, já que
foi pensada justamente para o uso intenso das redes móveis para jogos,
streaming de vídeo, música e outras aplicações.
Agora,
no entanto, resta saber quando o leilão acontecerá. O cronograma já passou por
alguns adiamentos, mas a Anatel acredita que o arremate das frequências pode
acontecer ainda durante 2020, o que poderia permitir o início da operação
comercial no Brasil em 2021. No entanto, já se discute o uso de alternativas
que podem acelerar o processo. Uma delas está o compartilhamento de espectro,
que permitiria ativar as redes 5G já nas frequências existentes do 4G. Segundo
Ricotta, essa opção aceleraria em um ano a implementação do 5G, ainda que não
substitua o uso das frequências dedicadas quando elas forem disponibilizadas no
leilão.
*Olhar
Digital
Domingo,
21 de junho, 2020 ás 18:00
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