Metade
da Câmara quer o impeachment da presidenta Dilma. A outra metade deseja a
cassação de Eduardo Cunha. Engalfinham-se os deputados, sem perceber que o
povão tem outras preocupações: o desemprego em massa, o aumento do custo de
vida, o congelamento e até a redução dos salários, a alta dos impostos e taxas
de serviços essenciais, a péssima qualidade da saúde e da educação públicas
e a violência urbana e rural.
A
falta de sintonia entre eleitos e eleitores acentua-se cada vez mais, como se
vivessem em dois mundos distintos. Não vai dar certo, ainda que tanto Dilma
quanto Cunha possam ser objeto da frustração e da indignação geral. Falta um
roteiro, um plano e um esforço para enfrentar as carências generalizadas, mas
nem o governo nem o Congresso parecem preocupar-se. Madame e o deputado querem preservar
os respectivos mandatos, como se suas obrigações se esgotassem nesse
objetivo.
Vale
indagar como ficaria o país sem Dilma e sem Cunha. Mudaria o quê, caso ambos
fossem postos para fora? Nada. A população talvez vivesse dez minutos de
euforia, comemorando as duas ausências, mas logo voltaria a sofrer as mesmas
agruras. O grave na conjuntura atual é a inexistência de alternativas. Executivo e Legislativo comportam-se como se
não lhes coubesse enfrentar a desagregação nacional. Desconhecem a falência do
Estado, hoje posto em frangalhos.
Já
se escreveu muito sobre a rebelião das massas, sonho de alguns poetas. Elas poderão
ganhar as ruas por pouco tempo, mas logo terão que ir para casa.
Em
suma, só um programa capaz de enfrentar um por um os obstáculos que nos assolam
substituiria com extrema vantagem a presença de Dilma e Cunha. O diabo é que
inexistem partidos, corporações, associações e centrais sindicais cuidando
disso. Sendo assim, não vai adiantar nada trocar seis por meia dúzia, ainda que
mudanças assim sirvam ao menos para melhorar o humor...
Caros
Chagas
Domingo,
11 de outubro, 2015
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