O
governo vai utilizar um site e um call center para ajudar na simulação de
cálculos da aposentadoria conforme a proposta da reforma da Previdência, como
forma de ajudar a esclarecer dúvidas da sociedade. Segundo o secretário
especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho,
os dois instrumentos devem entrar em operação depois do carnaval.
O
secretário negou que o governo esteja perdendo a batalha da comunicação para
alcançar o apoio da sociedade e de parlamentares. Durante um debate no Rio de
Janeiro, o secretário lembrou que tem experiência parlamentar em duas
legislaturas como deputado federal, tendo completado o último mandato no fim de
janeiro.
Ele
disse que que tem se reunido com bancadas parlamentares para explicar as
medidas, e que conta com as articulações políticas dos líderes do governo e dos
partidos no Congresso, além da atuação dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM), e do Senado, David Alcolumbre DEM), e da interlocução dos ministros da
Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e da Secretaria de Governo, Santos Cruz.
“Rodrigo
[Maia] é um liberal, é um reformista, e vai ajudar muito. A liderança que ele
exerce na Casa - se elegeu com mais do que um quorum de PEC [proposta de emenda
à Constituição], teve 340 e tantos votos - demonstra que ele tem toda condição
e capacidade de exercer esse papel de liderança em relação à reforma. Mas também
como presidente de um Parlamento que tem pensamentos plurais, tem que dar
condição para aqueles que pensam diferente possam se manifestar, participar do
processo de discussão. O papel que Rodrigo está fazendo é um papel que a gente
espera do Parlamento, que apresente os pensamentos de forma cristalina”, disse.
Ele também fez elogios ao desempenho do presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
Disposição
O
secretário assegurou que nunca viu entre os parlamentares uma disposição tão
grande em aprovar a reforma da Previdência. “Nunca vi tanta vontade e
disposição de aprovar um projeto como estou vendo agora. As bancadas que
percorri, mesmo com os reparos e indagações, com os argumentos sobre este ou
aquele texto, de uma forma geral todos reconhecem a necessidade de mudar o
nosso sistema previdenciário. Nossa tarefa é tentar costurar um apoio que
permita ter, pelo menos, dois terços dos votos, em torno de uma proposta que
minimamente contemple as necessidades de deem uma resposta à sociedade
brasileira. O Brasil não pode mais esperar”.
Marinho
disse que o Estado brasileiro, incluindo a União, estados e municípios, faliu e
não se sustentará sem as mudanças na área previdenciária. Ele lembrou que hoje
está no Rio de Janeiro e é do Rio Grande do Norte, dois estados que enfrentam
problemas para o pagamento de aposentados. “Tenho familiares que são
aposentados e estão há quatro meses sem receber os salários. O que acontece no
meu estado, aconteceu no Rio de Janeiro, acontece no Rio Grande do Sul, em
Minas Gerais, em Goiás, por isso, a mudança de percepção da população
brasileira”, observou.
Pesquisas
De
acordo com o secretário, pesquisas mais recentes mostram a mudança de apoio da
população. Segundo ele, uma enquete feita no ano passado apontava a
desaprovação de mais de 70% dos entrevistados à reforma do sistema
previdenciário, e em uma outra pesquisa realizada esta semana, empatou em 45%
entre os a favor e os contras. “Nossa tarefa é traduzir a narrativa. É muito
fácil pegar um ou outro ponto do projeto e sair gritando como mantra ‘isso aqui
está sendo contra os pobres’”, disse.
Marinho
acrescentou que corporações, que não revelou quais, não reclamam claramente
sobre a perda de regalias que têm nas aposentadorias, mas fazem críticas a
outros pontos da proposta. “Eles estão dizendo publicamente o seguinte: estamos
preocupados com o BPC [Benefício de Prestação Continuada pago a idosos e
pessoas com deficiência], estamos preocupados com o aposentado rural. Essa tem
sido a cantilena. Isso tem sido o mantra e vem principalmente das corporações
que estão se aproveitando desses pontos para dizer que a reforma é contra o
pobre. Não, pelo contrário, [a reforma] faz com que a maioria da população, dos
contribuintes, que hoje são mais de 20 milhões pagando uma alíquota de 8% passem
a pagar 7,5%, e quem recebe acima do teto, porque teve uma sentença judicial
que contradisse, inclusive, a constituição brasileira que impede que se ganhe
acima do teto do STF, pague 22%”, disse.
“Quem
tem mais, paga mais, quem tem menos paga menos”, concluiu. (ABr)
Quinta-feira,
28 de fevereiro, 2019 ás 14:46