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17 de novembro de 2018

Luciano Bivar é reconduzido à presidência do PSL, partido de Bolsonaro

O deputado federal reeleito Luciano Bivar (PSL-PE) foi reconduzido a mais um mandato como presidente do Partido Social Liberal (PSL) na sexta-feira (16). Um membro de longa data do partido, Antônio de Rueda, seguirá como vice. Demais cargos serão ocupados por filhos e aliados que vieram com a filiação de Bolsonaro.

Considerado dono da sigla, ele fundou o partido em 1994 e o tem presidido a maior parte do tempo desde então. Licenciou-se em 2018, durante a campanha eleitoral de Jair Bolsonaro, quando deu lugar a Gustavo Bebianno, braço direito do futuro presidente.

De volta à presidência do seu partido, Luciano Bivar chegou a sugerir disputar a Presidência da Câmara à agência Reuters em outubro. Foi dissuadido da ideia por Jair Bolsonaro, que negocia interlocução com Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Antônio de Rueda é ex-presidente do PSL e membro de longa data da sigla. Já foi simpático ao Livres, movimento liberal (na economia e nos costumes, como disse em artigo publicado pela Folha em 2017) dentro do partido que foi eclipsado pela filiação de Jair Bolsonaro. Foram-se os Livres, Rueda segue agora como vice de Bivar.

Junto aos veteranos chegam os novatos trazidos pelo presidente eleito. Flávia Francischini, nova secretária-geral do partido é esposa do deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR), apoiador incondicional de Bolsonaro, que comemorou em seu site sua também recondução ao cargo de presidente do PSL no Paraná. “O partido sai da condição de nanico para assumir o papel de gigante no Congresso Nacional”, disse.

Respectivamente presidente e ex-presidente do PSL durante a campanha eleitoral, Bebianno agora assumirá o cargo de 2º vice-presidente e Lemos, o de 1º vice-presidente.
Os filhos de Bolsonaro também assumem cargo na equipe. Flávio Bolsonaro será secretário de Formação Política e Eduardo Bolsonaro, secretário de assuntos parlamentares.

A nova Executiva vai administrar uma realidade inédita para o partido. Nas eleições de 2014, o PSL tinha apenas um deputado federal eleito (José Maria Macedo Junior, o Macedo, representante do Ceará, que mais tarde migrou para o PP). Em 2018, se valendo do nome forte de Bolsonaro, a bancada emplacou 52 parlamentares.

É a segunda maior bancada da Câmara, perdendo apenas para o PT, que elegeu 56 deputados. Como o PSL acumulou mais votos válidos que o Partido dos Trabalhadores, receberão a maior fatia do fundo partidário em 2019 (os valores ainda não estão previstos).

Principal responsável pelo crescimento do partido, Jair Bolsonaro foi o segundo candidato à presidência pelo PSL. Em 2006, Luciano Bivar também havia se lançado à corrida eleitoral.

Terminou a disputa em 7º lugar, com 62.064 votos. Para comparação, naquele ano, Lula (PT) recebeu 46,7 milhões de votos no 1º turno; levou a eleição no 2º, quando disputou com Geraldo Alckmin (PSDB) e ganhou 58,3 milhões de votos (60% dos válidos).

O gosto por presidir de Luciano Bivar, contudo, ultrapassa a política e chega ao futebol. Bivar coleciona mandatos como presidente do Sport Clube Recife, do qual foi presidente por cerca de 10 anos. (FolhaPress)


Sábado, 17 de novembro, 2018 ás 17:00

Moro pede exoneração para assumir ministério de Bolsonaro

O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores, assinou nesta sexta-feira 16 o ato de exoneração do juiz federal Sergio Moro do cargo. A medida, pedida pelo próprio Moro na manhã de hoje por meio de um ofício ao TRF4, terá efeito a partir da próxima segunda-feira 19.

Titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, onde correm os processos da Operação Lava Jato em primeira instância no Paraná, o juiz federal assumirá o Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro. Ele havia pedido férias do cargo até a posse, em janeiro, quando pretendia pedir exoneração.

Com a saída oficial de Moro da magistratura, os processos da Lava Jato, que por enquanto estão sob responsabilidade da juíza federal substituta Gabriela Hardt, serão redistribuídos a outro juiz federal do TRF4, por critério de antiguidade no cargo (veja abaixo).

“Assim, venho, mais uma vez registrando meu pesar por deixar a magistratura, requerer a minha exoneração do honroso cargo de juiz federal da Justiça Federal da 4ª Região, com efeitos a partir de 19/11/2018, para que eu possa então assumir de imediato um cargo executivo na equipe de transição da Presidência da República e sucessivamente ao cargo de Ministro da Justiça e da Segurança Pública”, escreveu o magistrado no documento remetido ao TRF4 (leia íntegra abaixo).

Sergio Moro disse que é “notório” que ele foi convidado e aceitou ocupar a pasta no governo Bolsonaro. “Houve quem reclamasse que eu, mesmo em férias, afastado da jurisdição e sem assumir cargo executivo, não poderia sequer participar do planejamento de ações do futuro governo”, afirmou.

“Embora a permanência na magistratura fosse relevante ao ora subscritor por permitir que seus dependentes continuassem a usufruir de cobertura previdenciária integral no caso de algum infortúnio, especialmente em contexto no qual há ameaças, não pretendo dar azo a controvérsias artificiais, já que o foco é organizar a transição e as futuras ações do Ministério da Justiça”, completou.
Como será a substituição de Moro

Com a exoneração de Sergio Moro, terá início o processo de substituição dele como juiz federal titular da 13ª Vara Federal de Curitiba. Segundo o TRF4, depois da publicação do ato de exoneração no Diário Oficial da União, será divulgado um edital de concurso de remoção, em que juízes da Justiça Federal da 4ª Região (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) poderão se candidatar à vaga. Não há prazo para publicação do edital.

Após a divulgação, os magistrados interessados no posto terão o prazo de dez dias para manifestar interesse e outros três dias para desistirem. O processo de substituição, conforme o TRF4, deve durar cerca de um mês. A escolha é feita por critério de antiguidade, ou seja, será o novo responsável pela Lava Jato no Paraná aquele que há mais tempo for juiz federal da Justiça da 4ª Região.

Os critérios seguintes são a antiguidade como juiz federal substituto da 4ª Região e, ainda, a classificação no concurso público para juiz federal.
O ato de remoção, isto é, a oficialização do novo magistrado titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, será publicado no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 4ª Região.

Até que a vaga de Moro seja preenchida, os processos da Lava Jato continuam sob responsabilidade de Gabriela Hardt, incluindo duas ações que têm entre os réus o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois processos estão em fases avançadas e um deles já está pronto para sentença.

Os oito juízes federal mais antigos do TRF4 ingressaram no cargo no dia 23 de maio de 1994. Caso todos eles se candidatem ao posto, o critério seria a colocação no concurso. 

Veja abaixo quem são eles:

Luiz Antonio Bonat, da  21ª Vara Federal de Curitiba (13º lugar no concurso)

Taís Schilling Ferraz, da 24ª Vara Federal de Porto Alegre (19º lugar)

Marcelo de Nardi, da 9ª Vara Federal de Porto Alegre (20º lugar)

Alexandre Gonçalves Lippel, da 19ª Vara Federal de Porto Alegre (22º lugar)

Hermes Siedler da Conceição Júnior, da 26ª Vara Federal de Porto Alegre (23º lugar)

Eduardo Vandré Oliveira Lema Garcia, da 1ª Vara Federal de Santa Cruz do Sul (24º lugar)

Altair Antonio Gregório, da 6ª Vara Federal de Porto Alegre (25º lugar)

Loraci Flores de Lima, da 3ª Vara Federal de Santa Maria (26º lugar)

(VEJA)


Sábado, 17 de novembro, 2018 ás 00:05

16 de novembro de 2018

Ibaneis convida vice-presidente da Caixa para assumir presidência do BRB

O governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), convidou Paulo Henrique Bezerra Rodrigues Costa para assumir a presidência do BRB, o Banco de Brasília, durante o seu governo. Paulo Henrique aceitou o convite.

Atualmente, ele é vice-Presidente de Clientes, Negócios e Transformação Digital da Caixa Econômica Federal, onde é o responsável pela gestão da rede de varejo da Caixa com 55 mil pontos de venda, 66 mil empregados e 91 milhões de clientes e de definição das estratégias de clientes, canais e transformação digital da instituição.

Em seis meses na Caixa, o futuro presidente do BRB multiplicou as agências digitais de 8 para 70 e liderou iniciativas que fizeram aumentar a contratação dos principais produtos de crédito do banco entre 30% e 400% e reduzir a inadimplência da carteira de crédito de 3,08% para 2,25%.

Profissional com 20 de anos de experiência na indústria bancária, de seguros, de investimentos e de saúde, o futuro presidente do BRB é formado em Administração de Empresas pela Universidade Católica de Pernambuco, com pós-graduações em Desenvolvimento Gerencial pela EAESP/FGV e em Inovação Corporativa pela Stanford University, mestrado em Administração de Empresas pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e mestrado executivo em administração na Kellogg School of Management, nos Estados Unidos. (DP)


Sexta-feira, 16 de novembro, 2018 ás 11:00

15 de novembro de 2018

Ibaneis Rocha e Rodrigo Rollemberg se encontram no Palácio do Buriti


Na tarde de quarta-feira (14/11), o governador eleito Ibaneis Rocha (MDB) esteve no Palácio do Buriti para um encontro com o governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Essa é a primeira vez que ambos se encontram após a disputa pelo comando do Governo do Distrito Federal (GDF).

A iniciativa para o encontro veio de Rollemberg que telefonou para Ibaneis na noite de terça (13/11) e fez o convite. O advogado levou seu filho João Pedro, 13 anos, para o encontro na sede do GDF.

De acordo com o Buriti, a reunião teve objetivo de tratar de assuntos sobre a transição do governo, algo natural durante o processo. Já a assessoria de Ibaneis afirmou que esse não foi o motivo, mas que se tratou de um encontro de cortesia.

Mais cedo o governador eleito do DF esteve reunido com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) juntamente com outros 17 futuros chefes de Estado. (DP)

Quinta-feira, 15 de novembro, 2018 ás 00:05


14 de novembro de 2018

Bolsonaro se reúne com presidente da Câmara, governadores e embaixadores


No segundo dia em Brasília esta semana, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, tem quarta-feira (14/11) uma agenda intensa. Ele toma café da manhã com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que disputa a reeleição para comandar a Casa na próxima legislatura, e que conduz uma série de votações ainda este ano.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) disse que a equipe de transição do novo governo quer evitar a aprovação no Congresso das chamadas pautas-bomba, como aquelas que podem aumentar as despesas para a administração federal. O assunto deve ser tratado entre Bolsonaro e Maia.

Em seguida, Bolsonaro se reúne com os embaixadores do Chile, dos Emirados Árabes Unidos, da França e do Reino Unido, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). No Rio de Janeiro, ele esteve com os embaixadores dos Estados Unidos, China e Itália.

O presidente eleito pode ainda nesta quarta anunciar o nome do escolhido para assumir o Ministério das Relações Exteriore. Nesta terça (13), ele disse que o embaixador Luiz Fernando de Andrade Serra está entre os cotados para o posto. O diplomata de carreira era embaixador do Brasil na Coreia do Sul até meados deste ano.

Governadores

Bolsonaro também participa da reunião com os governadores eleitos e reeleitos, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB). Até ontem dos 27 governadores, 18 confirmaram presença. Haverá um almoço com o presidente eleito e parte de sua equipe, incluindo Paulo Guedes, que assumirá o Ministério da Economia, e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE).

O encontro é organizado pelos governadores eleitos de São Paulo, João Doria (PSDB), do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Em discussão, as prioridades dos estados e a relação com o governo federal.

Nesta terça, o presidente eleito afirmou que está aberto ao diálogo e também para conversar sobre a necessidade, de alguns estados, de renegociar dívidas. Mas afirmou que há dificuldades em elevar a destinação de verbas, pois o Orçamento Geral da União “está complicado”.

Transição

Bolsonaro também vai se reunir com a equipe de transição, no CCBB. A expectativa é anunciar ainda hoje o nome do ministro do Meio Ambiente.

Nesta terça, ele avisou que será mantido o status de ministério para o Trabalho, cuja estrutura será absorvida por outra pasta.

A futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que sua área vai agregar também o setor de pesca e as políticas relacionadas à agricultura familiar e reforma agrária. No cenário atual está estruturas estão sob duas secretarias especiais vinculadas diretamente ao Palácio do Planalto. (ABr)


Quarta-feira, 14 de novembro, 2018 ás 08:00

13 de novembro de 2018

Retomada sessão para discutir projeto Escola sem Partido


A sessão convocada para discutir o projeto Escola sem Partido foi retomada há pouco na Câmara dos Deputados. A sessão começou na manhã de terça-feira (13/11) e foi suspensa por volta das 12h50 devido ao início da ordem do dia no plenário da Casa. Tumulto de manifestantes e discussão entre parlamentares impediram a leitura do substitutivo do deputado federal Flavinho (PSC-SP).

O projeto é uma das principais bandeiras para a educação do presidente eleito Jair Bolsonaro. Caso o substitutivo seja aprovado na comissão e não haja pedido para que o projeto seja analisado em plenário, o Escola sem Partido poderá seguir diretamente para o Senado Federal.

A estratégia da oposição é dificultar a leitura do texto com questões de ordem e, caso seja lido, pedir vista. O projeto só pode ser votado após lido. Já os favoráveis ao projeto, querem agilizar o processo e pretendem, caso haja o pedido de vista, pedir vista conjunta. Com isso, o tempo de análise fica restrito a duas sessões de plenário.

Escola sem Partido

O projeto estabelece que as escolas tenham cartazes com deveres do professor, entre os quais está a proibição de usar sua posição para cooptar alunos para qualquer corrente política, ideológica ou partidária. Além disso, o professor não poderá incitar os alunos a participar de manifestações e deverá indicar as principais teorias sobre questões políticas, socioculturais e econômicas.

A proposta inclui ainda entre os princípios do ensino o respeito às convicções do aluno, de seus pais ou responsáveis, dando precedência aos valores de ordem familiar sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa. Projetos de lei com conteúdo semelhantes ao do Escola sem Partido tramitam tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.

Os defensores dizem que professores e autores de materiais didáticos vêm se utilizando de suas aulas e de suas obras para tentar obter a adesão dos estudantes a determinadas correntes políticas e ideológicas.

Já os críticos dizem que as leis atuais já impedem qualquer tipo de abuso por parte dos professores e que um projeto como o Escola sem Partido vai gerar insegurança nas salas de aulas e perseguição aos docentes. (ABr)

Terça-feira, 13 de novembro, 2018 ás 15:00


12 de novembro de 2018

Mano Brown e Cid Gomes têm razão, diz Marta Suplicy ao criticar PT e outras siglas

A senadora, ex-prefeita de São Paulo, ex-deputada federal e ex-ministra Marta Suplicy, 73, vive seus últimos dias no Senado. Em agosto, ela anunciou que estava encerrando a carreira política, não disputaria a reeleição e sairia do MDB, seu partido desde 2015.

Ela disse à Folha de S.Paulo que não sabe ao certo o que fará quando acabar o mandato, mas pensa em trabalhar com o que gosta: defesa de direitos humanos, LGBTs e mulheres. Cogita participar de um programa de TV ou ter um canal no YouTube.

“Não quero mais ser candidata a nada, mas quero continuar na política.”

Petista por 33 anos, ela hoje compartilha das críticas feitas ao partido pelo rapper Mano Brown e pelo senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) e afirma que Lula “escanteou de forma vil” o presidenciável Ciro Gomes (PDT), em quem votou.

Pergunta – Por que não tentou a reeleição?

Marta – No dia de vir para Brasília, eu não tinha vontade. Ir para o aeroporto era um suplício. Estava totalmente desmotivada, diante da política deteriorada, das vendas de emendas que eram noticiadas, dos projetos favorecendo grupos. Aquilo foi me dando ojeriza. Aí caiu a ficha: o mundo mudou, posso fazer hoje de outro jeito. O Senado não é mais uma caixa de ressonância. Fora eu também posso influenciar.

Está mesmo se aposentando?

Marta – Eu não quero mais ser candidata a nada, mas quero continuar na política. Tenho uma bagagem e posso acrescentar muito ainda.

Surpreende a sua decisão porque é incomum um político em idade ativa se aposentar.

Marta – Mas eu nunca fiz nada muito comum. Nem na vida pessoal nem na pública.

Pesou na decisão a possibilidade de a senhora enfrentar na eleição para o Senado o vereador Eduardo Suplicy (PT), seu ex-marido?

Marta – Não seria uma coisa agradável familiarmente, né? Teria um peso, mas não foi isso.

O fato de ser uma política tradicional e de ter seu nome atrelado a PT e MDB, partidos investigados, interferiu na decisão?

Marta – Avaliei. Eu tinha um perfil de já ter feito a transição do PT, mas o MDB também está muito atolado em complicações e isso podia ser utilizado contra mim. Mas não foi isso a causa da decisão, porque eu iria à luta, não tenho nada a ver com isso.

A senhora se sentia isolada no MDB?

Marta – Não, fui bem recebida. Tenho ótima relação com os senadores, o Renan [Calheiros], a Simone [Tebet], o [Waldemir] Moka. Fiz boas amizades. Gosto muito do [Romero] Jucá, acho um grande quadro político. É uma pena que ele não tenha sido reeleito e esteja também com processos complicados.

Onde a senhora se localiza no espectro político?

Marta – A nomenclatura esquerda e direita há muito tempo não se sustenta. Eu mesma sou de esquerda em valores, mas não sou mais na economia. Mudei.

Essa degradação política que a senhora menciona, na sua avaliação, tende a permanecer?

Marta – Houve o distanciamento da classe política com a população, o envolvimento na corrupção e a dificuldade em lidar com as questões da segurança. A eleição do Bolsonaro, uma pessoa com ideias opostas, é a consequência. Por isso eu acho que o Mano Brown tem razão. Ele colocou o PT, mas eu ampliaria para os políticos em geral [o rapper disse que, se o PT “não conseguiu falar a língua do povo, tem que perder mesmo”].

Quando a sra. se filiou ao MDB, em 2015, disse que queria um país livre da corrupção. Não via indícios de que ali também havia desvios?

Marta – Do jeito que depois ficou aparente, não. Que tinha pessoas como o [Eduardo] Cunha, o Geddel [Vieira Lima], não. Tinha falação, alguns sendo indiciados, mas não tinha a dimensão que ganhou depois. A corrupção sempre existiu, mas se agigantou nos governos petistas. O PT tem que aceitar isso. O Cid Gomes falou tudo certo, concordo plenamente [ele disse que o PT “tem de pedir desculpa, ter humildade” e reconhecer que fez “muita besteira”].

O PT fará essa autocrítica algum dia? Haddad ensaiou fazer isso durante a campanha.

Marta – Haddad não é PT. Não é orgânico.

Mas era o candidato do PT à Presidência.

Marta – Ele foi candidato porque não tinha outro nome. Na verdade, se prestou a um papel que, como o Lula devia saber, não ia dar certo. Quem é mais esperto nisso é o Lula, não somos nós.
Que papel Lula teve nesta eleição?

Marta – Tétrico. Ele focou na pessoa dele e escanteou de forma vil o Ciro Gomes, que era a candidatura com a qual as esquerdas poderiam talvez ter tido alguma chance. Eu própria votei no Ciro, porque achei que ele tinha o melhor discurso. Mas o Lula não permitiu isso. Ali ele selou o destino das esquerdas.

Qual o sentimento da senhora hoje em relação a Lula?

Marta – [Fica em silêncio por seis segundos] Vou tentar ver dentro. [Mais nove segundos calada] Ele fez tanta coisa boa, que pena que tenha estragado tudo. Não podia ter feito isso com a esperança do povo. O sentimento é de desapontamento.

No segundo turno, em quem a senhora votou?

Marta – Eu votei pela democracia. [Pronuncia o mote dos atos anti-Bolsonaro] Ele não.

Posso entender Haddad?

Marta – Você vai entender do jeito que eu falei [risos]. Votei pela democracia.

Bolsonaro pode representar risco para a democracia?

Marta – Espero que não. Nós temos instituições fortes, temos militares do lado dele que prezam a democracia.

O vice dele, general Hamilton Mourão, já falou no passado sobre possibilidade de intervenção militar e sobre autogolpe.

Marta – O vice dele é meio fora da casinha. Mas de vez em quando ele dá umas declarações que eu gosto. A interpretação dele sobre o Magno Malta é perfeita [Mourão disse que o senador se tornou um “elefante na sala” depois de ter rejeitado ser vice de Bolsonaro e que agora o governo “tem que arrumar um deserto para esse camelo”].

Prefere esperar para ver como será o governo?

Marta – É um mundo muito novo. Não sou contra o que pode acontecer. Podemos ter uma mudança significativa que pode começar com um viés autoritário e conservador, mas eu não creio que o rumo que irá tomar será necessariamente ruim. Tenho esperança em um Brasil que descubra um novo jeito de fazer política. E, se há alguma pessoa que pode fazer isso, é uma pessoa com o perfil do Bolsonaro, que não tem compromisso com nenhum partido, com toma lá, dá cá. É uma possibilidade, mas precisa ver o preço que isso vai ter em termos de autoritarismo.

Casais gays têm corrido para se casar com medo de perderem esse direito. Existe o risco?

Marta – Essa precipitação não é necessária. Acho que é um direito no qual não haverá retrocesso. O que nós teremos em relação aos homossexuais é um aumento da violência. Na hora em que o líder posa fazendo gestos violentos, é como se liberasse isso.

Onde pode haver retrocesso?

Marta – No aborto. Já tentaram muitas vezes passar uma legislação contrária e vão tentar de novo. Uma das funções do Senado vai ser cuidar para que não haja um retrocesso civilizatório.

E a situação da mulher?

Marta – Questão de gênero tem a ver com patriarcado, não tem a ver só com sexualidade, como ficam falando. O medo de levar a questão para a escola é discutir a relação homem e mulher, e isso mexe com a autoridade masculina. Eles transformam isso em uma questão que “ah, vai fazer criança virar trans”. Isso é de uma ignorância profunda. Ninguém vira trans, ninguém fala que vai virar homossexual na quarta-feira. É esse pensamento autoritário que norteia o Escola sem Partido, que é outra bobagem, mas remete ao fato de as crianças não estarem aprendendo. Mas não é porque o ensino é ideologizado, é porque o professor tem uma formação péssima. O que se devia exigir é a escola com muitos partidos, que debata política, gênero e outros assuntos.

Mas a sra. diria que parte dos professores pratica doutrinação?

Marta – Acho que pode ter alguma coisa nesse sentido. E não é positivo. Mas, olha, se eu fosse ser o que a minha escola de freira me ensinou, eu não estaria aqui hoje [ela estudou no colégio católico Des Oiseaux]. Não se pode subestimar o aluno. Ele vai ouvir e buscar outras fontes de informação. O professor pode fazer a propaganda que quiser, que o adolescente vai questionar.

Sai satisfeita do Senado?

Marta – Sou uma personalidade executiva, gosto de pôr a mão na massa, de ter o povo o tempo todo. Mas tive uma experiência legislativa profícua. Expandi minha área para além dos direitos humanos, fui uma senadora voltada para os municípios. Aprovamos na Comissão de Justiça o projeto de lei do casamento gay, que desde 2017 está no plenário para votar.

Acha possível votar neste ano?

Marta – Estou avaliando. O Legislativo continua temeroso. Quem avança é o Judiciário, que liberou o casamento homo afetivo, o aborto de anencéfalos. Então os meus projetos são aprovados, mas só que pelo Judiciário! (FolhaPress)


Segunda-feira, 12 de novembro, 2018 ás 18:00