O ex-presidente Lula (PT), o deputado federal Paulo Maluf
(PP), o ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT/MS) e o governador de São Paulo
Geraldo Alckmin (PSDB) são alguns políticos que aparecem na lista de 80
contatos encontrados em um HD da Queiroz Galvão, última grande empreiteira do
cartel que supostamente fraudava licitações da Petrobrás a ter seus executivos
presos pela Operação Lava Jato.
A agenda da Queiroz Galvão foi anexada a um relatório da
Polícia Federal. O documento não atribui aos políticos citados nenhuma
irregularidade, apenas lista os contatos, que incluem um “doleiro” identificado
como Alexandre Farto.
A relação indica o amplo espectro político de contatos que a
empreiteira mantinha com o então presidente da República de 2003 a 2010, com
senadores, deputados estaduais e federais, vereadores de São Paulo e ministros
e ex-ministros.
Não é a primeira vez que a Lava Jato depara com nomes e
contatos de políticos em computadores das grandes empreiteiras. Desde seu
início, em 2014, a operação identificou muitos contatos, trocas de mensagens de
celular e de e-mails entre executivos da cúpula das maiores construtoras do
País com políticos, assessores e funcionários públicos.
Os dados que estavam na sede da Queiroz Galvão foram
entregues por advogados da empresa às autoridades em cumprimento aos mandados
de busca da 7ª etapa da operação, batizada Juízo Final, desdobramento da Lava
Jato deflagrada em novembro de 2014 e que levou os principais empreiteiros do
País para a cadeia. Em depoimento à Polícia Federal na última sexta-feira, 12,
porém, os executivos da Queiroz ficaram em silêncio.
Da lista de contatos consta inclusive nomes já investigados,
como o empresário Carlos Roberto Cortegoso, dono da Focal Confecção e
Comunicação Visual – segunda maior fornecedora da campanha de 2014 da
presidente afastada Dilma Rousseff (PT). Na semana passada ele virou réu na
Justiça Federal em São Paulo acusado de lavar R$ 309 mil do esquema que desviou
dinheiro de empréstimos consignados de servidores públicos alvo da Operação
Custo Brasil.
O ex-senador Delcídio Amaral – que chegou a ser preso em 25
de novembro, acusado de tentar obstruir as investigações da Lava Jato e acabou
fazendo um acordo de delação premiada – e o ex-ministro do Planejamento Paulo
Bernardo (PT), réu na Custo Brasil acusado de liderar o esquema de desvio de
dinheiro de créditos consignados no Ministério do Planejamento, aparecem entre
os contatos.
Na agenda da empreiteira também há espaço para outro nome
emblemático da história recente de escândalos, alvo de investigações no Brasil
e no exterior, o conselheiro afastado do Tribunal de Contas de São Paulo Robson
Marinho – acusado de receber propina no caso Alstom, esquema de pagamentos da
multinacional francesa em obras do setor energético no governo de São Paulo.
Em alguns casos, a lista de uma das maiores empresas do País
inclui até telefones pessoais (como o de Delcídio e de Robson Marinho), nomes
de familiares e endereço da residência dos políticos. Na maioria dos casos,
porém, são identificados apenas os contatos dos assessores e mesmo os telefones
oficiais dos gabinetes de vereadores da Câmara Municipal de São Paulo, de
deputados federais e de ministérios do governo Lula. Há ainda os contatos do
atual gabinete do secretário de Governo do Estado de São Paulo Saulo de Castro,
que foi chefe da Casa Civil do governo paulista até o ano passado. Apesar de
constar na agenda como sendo da Casa Civil, em referência ao cargo antigo,
dentre os três telefones que aparecem na agenda está o do atual gabinete do
secretário. Procurada, a assessoria do governo de São Paulo não se manifestou.
Em outras ocasiões em que a Lava Jato encontrou referências a
políticos com os executivos das grandes empreiteiras a Procuradoria-Geral da
República chegou a abrir investigação. Um dos casos que chamou a atenção dos
investigadores, por exemplo, foram as trocas de mensagens do ex-presidente da
OAS Léo Pinheiro com políticos, entre eles o ex-presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB/RJ), deram origem a investigações sobre o lobby de grandes empresários
no Congresso. (AE)
Quarta-feira,
17 de agosto, 2016
LEWANDOWSKI
DEFINE HOJE RITO PARA JULGAMENTO FINAL DO IMPEACHMENT
O
presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, definirá nesta
quarta-feira (17) como será o roteiro do julgamento final da presidente
afastada Dilma Rousseff, marcado para começar no próximo dia 25, às 9h, no
plenário do Senado. A exemplo do que fez na fase de pronúncia do processo, mais
uma vez o ministro vai se reunir com o presidente da Casa, Renan Calheiros
(PMDB-AL), e com líderes partidários para acertar os detalhes. O encontro será
às 11h.
Entre
os pontos que precisam ser esclarecidos está, por exemplo, o tempo que cada
senador terá para falar e apresentar questões de ordem. Também precisa ser
acertado quanto tempo terão as três testemunhas indicadas pela acusação e as
seis de defesa. Outra dúvida diz respeito ao dia em que Dilma poderá comparecer
à casa pessoalmente para se defender, caso queira.
Lewandowski
terá que definir ainda o tempo que vai durar cada dia do julgamento, além dos
intervalos e se serão convocadas sessões no fim de semana, como defendem
aliados do presidente interino Michel Temer. Ainda na fase de pronúncia,
questionado pelo presidente da Comissão Especial do Impeachment, senador
Raimundo Lira (PMDB-PB), o ministro já tinha adiantado que não pretende marcar
sessões no fim de semana.
“Uma
coisa é você fazer numa sexta feira, num sábado, numa segunda, uma sessão de
julgamento do afastamento de uma presidente da República. Outra coisa,
completamente diferente, é você estabelecer outros procedimentos, como oitiva
de testemunhas, discussão, participação da defesa ou da acusação. Eu acho que
essa decisão deve ser logo tomada para um lado ou para o outro, com a
participação de todos”, disse Renan nessa terça-feira (16). (ABr)
Quarta-feira,
17 de agosto, 2016
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