A entrada da mulher na política
institucional, por meio de cargos eletivos, tem sido ainda muito tímida. Sempre
estiveram presentes na política, mas não na política institucional, ou seja,
nos espaços denominados de poder clássicos (Legislativo, Executivo e
Judiciário).
Essa esfera ainda não atraiu
suficientemente as mulheres, tanto para se candidatarem como para participar de
entidades de classes. Elas se mantêm afastadas por questões históricas e
culturais. Entrar para a política significa romper com as barreiras culturais
que separa homens e mulheres na sociedade.
As dificuldades são inúmeras e
entrelaçadas à construção da divisão sexual do trabalho, onde a função de
cuidar da família, ser boa mãe e esposa ainda se mostra, enquanto objetivo,
central para grande parte das mulheres no território brasileiro. Apesar de
adentrar no universo do trabalho produtivo e angariar sucesso, o casamento e a
família são finalidades principais para a maioria das mulheres.
A participação na política
brasileira é datada de 1928, no Rio Grande do Norte, local que elegeu Alzira
Soriano como prefeita. Foi a primeira mulher a ocupar cargo no executivo na
América Latina. O direito ao voto feminino no Brasil, foi promulgado em
fevereiro de 1932.
Registros apresentam candidaturas
de mulheres à Constituinte de 1934, como Berta Lutz e Leolinda de Figueiredo
Daltro, não obstante somente em São Paulo as mulheres conseguiram se colocar -
Carlota Pereira de Queirós. Em seu discurso na Assembleia em 13 de março de
1934, enfatiza a necessidade de aumentar a participação da mulher na política
do país junto com Berta Lutz, líder da Federação Brasileira pelo Progresso
Feminino. O quadro não se transformou significativamente até a
contemporaneidade.
As transformações mais efetivas
ocorreram de fato com as ações afirmativas que englobam questões sobre as
“cotas” para mulheres na participação político-partidária. No Brasil foram
introduzidas após as discussões realizadas no Encontro Nacional do Partido
Democrático Trabalhista - PDT que defendiam, naquela ocasião, que 30% das vagas
das direções dos partidos fossem destinadas às mulheres. Em 1982, as ações
afirmativas foram inseridas no programa para a igualdade de oportunidades, no
qual foi estruturado o conceito de “Ação Positiva” como instrumento operacional
em favor dos direitos iguais entre homens e mulheres.
Outra questão que necessita ser
discutida para aumentar o número de mulheres na política é a realização de
campanhas eleitorais que efetivamente trabalhem a imagem da mulher,
desconstruindo a interferência forte e histórica da sociedade patriarcal e
machista. Se candidatar e votar em mulheres ainda passa pela desconstrução de
estereótipos e preconceitos de gênero. Muitas mulheres não votam em mulheres. O
número de mulheres eleitas para o cargo de vereadora na Câmara Municipal de São
Paulo nas eleições de 2016 aumentou timidamente.
Onze mulheres estarão ocupando as
cinquenta e cinco vagas disputadas nas eleições. Representarão 20% da Câmara
Municipal. Esse aumento pode ser atribuído às informações dos coletivos
feministas na internet, campanha nas redes sociais por maior representatividade
feminina nas Casas Legislativas, maior apoio a formação de lideranças mulheres,
construção de plataformas nos partidos políticos para que as mulheres
participarem das eleições, capacitação das mulheres na temática de gênero,
obtenção de dados, informações e estudos sobre o tema nas universidades.
Vale ressaltar que 80% dos
candidatos são homens; 20% mulheres - 78% brancos; 18% pretos e pardos; 4%
amarelos. As regiões norte e nordeste tiveram um maior número de candidatas
Salvador- Bahia de 43 vereadores 8 eram Mulheres - Nas regiões Centrais -
Tocantins - de 139, 24 se tornaram prefeitas. Nas Regiões Sul e Sudeste – Rio
de Janeiro – 8 vereadoras. Em Curitiba – 8 vereadoras – antes eram 6 e em
Florianópolis, uma mulher eleita vereadora após 8 anos. Nesse Estado e em 80
anos só foram eleitas três.
Como podemos constatar, pelos
índices atingidos nas eleições de 2016, muito ainda tem que ser feito para
atingirmos uma relação equitativa, igualitária e justa entre homens e mulheres
no Brasil. (Rosana Schwartz é socióloga e especialista em questões de gênero)
Postado pela Galera
Quinta-feira, 06 de outubro, 2016
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