O
ex vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho
delatou à força-tarefa da Operação Lava Jato que pagou por nove medidas
provisórias aprovadas e convertidas em lei no Congresso Nacional.
Segundo
reportagem do jornal Folha de S. Paulo, em apenas duas delas, a 255/2005
(conhecida como "Lei do Bem") e 677/2015 geraram benefícios de pelo
menos R$ 8,4 bilhões à maior empreiteira do País.
Ainda
segundo com o delator, o sucesso na votação de MPs envolveu o pagamento de no
mínimo R$ 16,9 milhões em propinas a congressistas e doações a campanhas
eleitorais.
Mello
revelou que o senador Romero Jucá (PMDB-RR), hoje líder do governo no
Congresso, atuou ativamente para que as emendas apresentadas pela Odebrecht
fossem incluídas na “Lei do Bem” e o texto final aprovado. Nessa medida, a
Odebrecht pleiteava isenção de PIS e Cofins na compra de matéria-prima (nafta)
para reduzir os custos operacionais da Braskem, seu braço petroquímico. Naquele
momento, a nafta representava 76% dos custos, de acordo com o balanço da
empresa.
Pelos
cálculos da reportagem, feita com ajuda de tributaristas, o ganho com a
aprovação da MP foi de cerca de R$ 408 milhões somente em 2006 (R$ 774 milhões
em valores atualizados pela inflação do período). De 2006 a 2015, os ganhos
acumulados foram de pelo menos R$ 3,5 bilhões, ou R$ 6,9 bilhões em valores
atualizados.
Outro
episódio envolvendo a empresa e o Congresso ocorreu em 2012, segundo Folha. Na
sua delação, Melo Filho menciona a renovação de contratos da petroquímica com a
Chesf, principal fornecedora de energia no Nordeste. Uma das principais
fábricas da Braskem fica em Alagoas.
Na
ocasião, muitas indústrias pressionaram no Congresso para a aprovação de uma
medida que previa a extensão do prazo do fornecimento de energia barata pela
Chesf. O relator na época era Renan Calheiros (PMDB-AL), hoje presidente do
Senado.
"Tentei
resolver com ele a questão sobre a renovação desses mesmos contratos com a
Chesf por via legislativa", afirmou Melo Filho.
"O
senador endereçou o tema por intermédio do senador Romero Jucá", disse.
Segundo
o delator, Jucá tentou colocar as emendas da Odebrecht, ligadas às Chesf, em
outras nove medidas provisórias.
"Depois
de longa dedicação [de Jucá], finalmente uma emenda de sua autoria permitia
geradores a continuar com os contratos de fornecimento direto aos grandes
consumidores do Nordeste", disse o ex-executivo.
A
presidente Dilma Rousseff vetou a primeira medida e, quase três anos depois,
uma outra medida provisória, a de número 677, foi aprovada, como queria a
Odebrecht.
Melo
Filho afirmou que a Odebrecht ainda doou R$ 320 mil à campanha do filho de
Renan Calheiros (Renan Filho, do PMDB) ao governo de Alagoas pelo "forte
empenho" a favor dos interesses da empreiteira. (A/E)
Terça-feira,
20 de dezembro de 2016
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