Ex-governador foi punido por manter
comissionados, em vez de contratar concursados aprovados
O
ex-governador Agnelo Queiroz foi condenado mais uma vez por improbidade
administrativa. O Ministério Público do Distrito Federal entrou com a ação
contra o petista e contra o ex-secretário de Administração Pública Wilmar
Lacerda por causa da “omissão dos gestores em não promover a nomeação dos aprovados
no concurso para provimento de cargos no Procon-DF”. De acordo com o MP, o GDF
manteve “apaniguados em cargos de livre nomeação, em afronta aos princípios
norteadores da administração pública”. Pela decisão, Agnelo e Wilmar Lacerda
ficam com os direitos políticos suspensos por cinco anos. A Justiça também
condenou os dois a pagarem uma multa equivalente a 50 vezes o salário de cada
comissionado do Procon.
A
decisão é do juiz Matheus Santarelli Juliani, da 5ª Vara de Fazenda Pública do
Distrito Federal. Ele considerou a
argumentação do Ministério Público de que “mais de 90% dos ocupantes dos cargos
públicos do Procon-DF eram pessoas comissionadas, sem concurso público e sem
exercer função de chefia, direção ou assessoramento”.
“É
imperioso destacar que o dolo dos agentes em questão, elemento subjetivo
imprescindível para atos de improbidade que ofendem princípios da
administração, está evidenciado a partir do instante em que o Tribunal de
Contas do DF determinou a substituição dos comissionados que não exerciam
função de chefia, direção ou assessoramento pelos aprovados em concurso
público, em de 60 dias, prazo que esgotou-se sem que houvesse qualquer
nomeação”, argumentou o magistrado.
Durante
o processo, Agnelo alegou que abriu o concurso durante a sua gestão, que nomeou
para os cargos mais do que o previsto no edital, mas que por desistências dos
próprios candidatos, as nomeações foram tornadas sem efeito. Ainda de acordo
com a defesa do ex-governador, devido à adequação dos gastos com pessoal em
relação Lei orçamentária, foram reduzidos os números de cargos. Segundo ele, só
no Procon, esse número foi reduzido de 305 para 282. Já Wilmar argumentou que
não pode ser responsabilizado por ato anterior à sua nomeação e mencionou que
só entro no governo em setembro de 2011. A defesa de Agnelo Queiroz informou
que vai recorrer da sentença, que foi publicada na noite desta sexta-feira
(09/12)
Guerra contra os
comissionados
O
Ministério Público do Distrito Federal trava uma guerra contra o uso político
do Procon desde 2010. Naquele ano, o governo e o MP assinaram um Termo de
Ajustamento de Conduta, para a elaboração de um plano de cargos e salários para
o órgão. Na ocasião, o governo garantiu que o total de cargos em comissão não
excederia o 30% das vagas efetivas. Logo depois, foi aberto um concurso para o
Procon e o resultado final foi homologado em março de 2012.
“Grande
parte dos candidatos aguarda a tão esperada nomeação, a qual, durante todo o
mandato do governo anterior, foi preterida em razão da nomeação de cargos
comissionados, postergando-se a nomeação dos servidores aprovados em concurso
público”, argumentou o Ministério Público. O Tribunal de Contas do Distrito Federal
também investigou a farra de comissionados no Procon e, em 2012, determinou que
o GDF e a Secretaria de Justiça “substituíssem os servidores comissionados que
não exerciam funções de direção, chefia ou assessoramento no órgão de defesa do
consumidor, dando, ato contínuo, posse aos aprovados no concurso”.
A
Defensoria Pública do DF também entrou com ação civil pública, pedindo para que
o GDF não contratasse servidores comissionados para os quadros do Procon. Em
2015, o MP entrou com a ação de improbidade contra Agnelo e Wilmar Lacerda por
conta da não nomeação de concursados. (Helena Mader)
Sábado,
10 de dezembro de 2016
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