O
presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia,
defendeu o afastamento imediato do presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), do cargo. O senador virou réu ontem (1) por decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF) por usar dinheiro de propina para pagar pensão da filha
fora do casamento.
"Com
a decisão tomada pelo STF de tornar Renan réu em processo sobre peculato, é
necessário que ele se afaste imediatamente de suas funções de presidente do
Senado e do Congresso Nacional para que possa bem exercer seu direito de defesa
sem comprometer as instituições que representa", disse Lamachia.
Segundo
o presidente da OAB, não se trata de fazer juízo de valor quanto à culpabilidade
do senador Renan Calheiros, uma vez que o processo que o investiga não está
concluído. "Trata-se de zelo pelas instituições da República".
A
nota divulgada pela OAB diz ainda que "por este motivo, é preciso que o
senador Renan Calheiros seja julgado de acordo com os ritos e procedimentos
estabelecidos em lei, com acesso à ampla defesa e ao contraditório. Mas sem que
isso comprometa o cotidiano e os atos praticados pelo Senado Federal."
Pensão da propina
A
maoria dos ministros do STF decidiu ontem aceitar denúncia pelo crime de
peculato (desvio de dinheiro por agente público) e Renan passou a ser
qualificado como réu. Votaram pelo recebimento os ministros Luiz Edson Fachin
(relator), Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux e Marco
Aurélio Mello. Renan só permanecerá no cargo devido ao pedido de vistas do
ministro Dias Toffoli que adiou, apesar de maioria formada, a conclusão do
julgamento no STF sobre o veto à presença de réus na linha sucessória da
Presidência da República. Toffoli, inclusive, votou pela rejeição total da
denúncia juntamente aos ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.
Renan
é acusado de receber propina da construtora Mendes Júnior para apresentar
emendas que beneficiariam a empreiteira. Em troca, teve despesas pessoais da
jornalista Monica Veloso, com quem mantinha relacionamento extraconjugal e teve
uma filha, pagas pela empresa.
O
senador apresentou ao Conselho de Ética do Senado recibos de venda de gados em
Alagoas para comprovar um ganho de R$ 1,9 milhão, mas os documentos são
considerados notas frias pelos investigadores e, por conta disso, Renan foi
denunciado ao Supremo. Na época, o peemedebista renunciou à presidência do
Senado em uma manobra para não perder o mandato. (A/E)
Sexta-feira,
02 de dezembro de 2016
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