Convocada
a combater a prática da compra de votos nas eleições municipais passadas, em
2016, a Polícia Federal de Alagoas não mediu palavras ao batizar de “Canalhocracia”,
“Safadocracia” e “Viciocracia” as operações deflagradas em três cidades, às
vésperas da votação.
Os
três nomes fazem alusão a supostos sistemas de governo baseados na ilegalidade
e se destacam pela originalidade e total ausência de sutileza, na lista das
mais de 2.300 operações contra o crime organizado promovidas pela PF desde
2013. Nos dicionários, um possível sinônimo seria o termo cleptocracia, que
define um governo de corrompidos.
Foi
em busca de canalhocratas que a PF promoveu, no município de Piranhas, a 260
quilômetros de Maceió, buscas em sete endereços de políticos e assessores
suspeitos de comprar votos. As provas coletadas deixaram pouca margem a
dúvidas: um dos investigados estava com R$ 27 mil, em maços separados e
misturados a panfletos de campanha, além de listas com nomes de eleitores.
Na
capital alagoana, os alvos do combate à chamada viciocracia foram cabos
eleitorais de candidatos à Câmara Municipal. Não houve apreensão de dinheiro,
apenas de listas de eleitores supostamente comprados ou dispostos a se vender.
Antecedentes
Já
a Operação Safadocracia visou a coibir a compra de votos na localidade de
Joaquim Gomes, a 75 km da capital. A PF cumpriu oito mandados de busca e
apreensão na cidade, na véspera e no dia da eleição.
Não
foi a primeira vez que os moradores de Joaquim Gomes relacionaram corrupção e
campanha eleitoral. Em 2014, uma autoridade da cidade fora condenada a cinco
anos de reclusão por comandar um esquema de compra de votos.
Segundo
Fábio Maia de Faria, delegado regional executivo da PF em Alagoas, as três operações
do ano passado, assim como outras no interior, resultaram em inquéritos
policiais, cujas conclusões foram encaminhadas à Justiça Eleitoral.
Para
Faria, as ações tiveram impacto ao desencorajar a compra de votos e podem ter
afetado os resultados das urnas. “Entendemos que alguns desses trabalhos foram
essenciais para a lisura do pleito e para garantir que não ocorressem crimes
que teriam o condão de alterar o resultado das eleições.”
Novidade
Segundo
o delegado, as operações feitas no ano passado representaram uma novidade no
modo de atuar da PF em Alagoas. “Como este é um Estado governado por pessoas
que não tem muito pudor de usar a máquina pública em seu favor, as autoridades
eleitorais sempre tiveram resistência à participação das Polícias Militar e
Civil nas eleições”, relatou.
O
resultado dessa desconfiança era a convocação da PF para fazer trabalhos de
ronda ostensiva e fiscalização, praticamente inviabilizando as atividades de
investigação. Isso mudou no ano passado. “Pudemos distribuir nosso efetivo de
maneira mais eficiente, para participar das eleições de maneira mais
investigativa, focados em coibir crimes eleitorais mais graves.” As informações
são do jornal O Estado de S. Paulo. (AE)
Segunda-feira,
26de junho, 2017 ás 9hs30
Nenhum comentário:
Postar um comentário