A Polícia Federal encontrou
‘grande quantidade de dinheiro suspeito’ em um cofre na residência do
ex-presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap),
Nilson Martorelli. Ao todo, R$ 268,147,54 em dinheiro vivo estavam em poder de Martorelli,
alvo da Operação Panatenaico, deflagrada no dia 23 de maio.
Panatenaico mira um ex-assessor
do presidente Michel Temer, Tadeu Filippeli, e os ex-governadores do DF José
Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PC do B) por suposto desvio de quase R$ 1
bilhão nas obras de reforma do Estádio Mané Garrincha para a Copa 2014 –
empreendimento inicialmente orçado em R$ 600 milhões custou ao Tesouro R$ 1,57
bilhão.
As buscas – e o decreto de prisão
do ex-assessor de Temer e dos ex-governadores – foram autorizadas pelo juiz
Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal de Brasília.
Nesta quinta-feira, 1, o
magistrado mandou executar buscas complementares na sede da Novacap,
espeficiamente nas salas que foram ocupadas por Martorelli e pela engenheira da
empresa, Maruska Lima de Souza Holanda, ex-diretora da Obras da Novacap.
Nesta última decisão, Vallisney
reproduz informação da Polícia Federal relativa à apreensão do dinheiro vivo no
cofre do ex-presidente da Novacap. “Não condiz com a sua condição de ex-servidor
público, desempregado há mais de dois anos, conforme salientado pela autoridade
policial”, destacou Vallisney.
O juiz assinalou, ainda, que
foram encontradas planilhas na residência de Martorelli ‘fazendo referência a
valores que totalizam quinhentos mil reais, o que coincide com a possível
propina cobrada pelo mesmo para a realização de um dos aditivos da obra do
Estádio Mané Garrincha’.
Panatenaico tem origem nas
delações premiadas de dois executivos da empreiteira Andrade Gutierrez. Um deles,
Rodrigo Leite Vieira, declarou ter pago propina de R$ 500 mil ao ex-executivo
da Novacap.
“Agora, após o cumprimento das
primeiras buscas e apreensões, surgiu a necessidade de realização de novas
buscas e apreensões, objetivando fortalecer os elementos probatórios da
participação de Maruska Lima de Souza Holanda e NIlson Martorelli”, observou o
juiz, amparado na informação da PF sobre apreensão de pen drives na residência
da engenheira ‘contendo possível planilha de pagamento de propina, com valores
vinculados à pessoa de nome Pedro’.
Vallisney destaca que Maruska
‘não soube explicar à autoridade policial porque a mídia contendo tais
informações foi encontrada em sua residência’.
‘Pedro’ foi mencionado no
depoimento de Rodrigo Leite – responsável pelo pagamento de propina nas obras
do Mané – como sendo uma das pessoas através da qual ‘foi tal pagamento ilícito
foi feito a Maruska’.
A PF encontrou, ainda,
‘documentos suspeitos’ no veículo Mitsubishi ASX em nome da engenheira sobre a
construção.
Maruska ocupou o cargo de
presidente da Terracap, além de ter exercido outros cargos relevantes no
Governo do Distrito Federal e figurado como integrante da Comissão de Licitação
que consagrou as empresas Via Engenharia e Andrade Gutierrez como vencedoras do
certame das obras do Mané e única signatária da homologação e adjudicação da
pré-qualificação do Consórcio.
Em sua delação, Rodrigo Leite foi
taxativo ao dizer que Maruska, na condição de diretora da Novacap e depois
presidente da Terracap, teria recebido valores ilícitos, tanto da Via
Engenharia, quanto da Gutierrez, ‘tudo a apontar que pode ter incorrido nos
delitos de corrupção, fraude à licitação, associação ou organização criminosa e
lavagem de dinheiro’.
“Verificou-se, ainda, que o
investigado Nilson Martorelli, outro diretor, então presidente da Novacap e
igualmente ocupante de outros cargos executivos no GDF, bastante ligado à obra,
foi alvo das confissões de Rodrigo Leite Vieira de que teria, assim como
ocorreu com Maruska, recebido propina durante os aditamentos contratuais da
reforma do Estádio Mané Garrincha”, pontua o magistrado que deflagrou a
Operação Panatenaico.
“Assim, considerando esses novos
elementos probatórios encontrados nas residências de ambos os investigados, os
quais exerceram relevantes cargos na Novacap no período da ocorrência dos
supracitados delitos, é grande a probabilidade de que, na sede da referida
empresa, existam outros elementos probatórios sobre a prática ilícita”,
destacou Vallisney ao autorizar as buscas desta quinta-feira, 1. (AE)
Sábado, 3 de Junho, 2017 as 10hs00
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