Eduardo
Pelella, chefe de gabinete do procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
afirmou terça-feira(7/02), a senadores que a intenção do Ministério Público
Federal é pedir o fim do sigilo de apenas parte das delações de executivos e
ex-executivos da Odebrecht. Em reunião com parlamentares da oposição, o
procurador da República disse que, diante da “peculiaridade” do caso, a
solicitação deve ocorrer antes mesmo da apresentação da denúncia (acusação
formal).
Janot
deve pedir o fim do sigilo de algumas delações ao solicitar a abertura de
inquéritos baseados nos depoimentos dos 77 executivos e ex-executivos da
empreiteira, ainda sem data para ocorrer. As delações foram homologadas pela
presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, no início da semana
passada e remetidas de volta aos procuradores.
Parlamentares
da oposição e da base cobram que os depoimentos sejam tornados públicos o
quanto antes com o argumento de que isso “facilitaria” as investigações e
evitaria vazamentos seletivos, o que também tem preocupado o governo de Michel
Temer.
Nos
bastidores, porém, a avaliação de parlamentares é de que a divulgação de uma só
vez divide as atenções da sociedade e dilui os efeitos negativos entre os
diversos investigados.
Um
projeto de lei protocolado na semana passada pelo líder do governo no
Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), prevê o fim dos sigilos de investigações.
Caso aprovada, a medida poderia, por exemplo, trazer a público processos e
delações premiadas da Lava Jato, da qual Jucá é um dos alvos.
Na
reunião com os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), João Capiberibe
(PSB-AP), Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) e Lídice da Mata (PSB-BA), Pelella
afirmou que a Procuradoria tenta acelerar as providências necessárias para
pedir a divulgação dos depoimentos, mas apenas aqueles em que a publicidade é
essencial e não atrapalhem as investigações. “Obviamente não vai ser em todos
os casos, não é um levantamento de sigilo linear. É preciso fazer algumas
verificações do que precisa ficar em sigilo, algumas coisas precisam ser
investigadas depois e precisam do sigilo agora”, afirmou.
Ao
vivo. O encontro ocorreu quando os parlamentares foram até a sede da
Procuradoria-Geral da República para protocolar uma representação contra a
nomeação do ministro Moreira Franco na Secretária-geral da Presidência. A
reunião foi transmitida ao vivo pelo Facebook em uma página administrada pela
oposição de Temer no Senado. Pelella, porém, disse que não sabia que estava
sendo gravado.
Na
reunião, o procurador lembrou que o ministro do STF Teori Zavascki, que era o
relator da Lava Jato na Corte, entendia que a abertura era obrigatória quando a
denúncia era recebida e os investigados se tornavam réus. “Mas, nessa situação
de peculiaridade, do caso envolvendo muita gente, para não termos aquela
ansiedade, parece que talvez o procurador-geral já antecipe um pouco esse
pedido, que só vai ser levantado quando o ministro (Edson Fachin) decidir e se
decidir ”, disse o procurador, em referência ao novo relator no STF das ações
envolvendo a operação.
Em
dezembro, Janot chegou a afirmar a Temer e a parlamentares que pediria a
divulgação das delações logo após homologadas. Com a morte de Teori, porém, o
pedido não foi feito.
Pelella,
que auxilia Janot nos trabalhos da Lava Jato envolvendo políticos, disse que o
sigilo das investigações é útil para o Ministério Público, mas é um “grande
ônus” porque custa tempo e dinheiro. “São 77 colaboradores, 950 depoimentos.
Para dar tratamento sigiloso disso, precisamos restringir o número de pessoas
que têm acesso, isso custa tempo, tem pouca gente para trabalhar.” Ele disse
também que, se fosse deixar aberto para mais funcionários do Ministério Público
Federal, o risco de vazamento seria maior.
Sobre
vazamentos de delações em que políticos são citados, Pelella afirmou que os
procuradores são “usados”. “Isso acontece, infelizmente.” Na conversa, Pelella
disse ainda que a publicidade dos fatos investigados protege os réus. “É bom
que seja publicado para evitar que se faça uma denúncia abusiva. A publicidade
não é ruim, o prejuízo político disso tudo é uma (outra) discussão.” (AE)
Quarta-feira,
8 de fevereiro de 2017 ás 10hs10
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