Deputado
de segundo mandato, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) é conhecido em Brasília como um
político de perfil alinhado ao seu partido: está em todos os governos, não
importa qual. Indicado para ocupar a liderança do governo Michel Temer na
Câmara, Ribeiro já foi ministro das Cidades no governo Dilma Rousseff, votou
contra o impeachment da petista na comissão especial da Casa, mas ao ver a
tendência da bancada do PP, votou pelo afastamento da ex-presidente.
O
comportamento de Aguinaldo se repetiu meses após o impeachment ser aprovado
pelos deputados. Então líder do PP na Casa, Aguinaldo era um dos parlamentares
mais próximos do ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e foi um dos poucos que
esteve com o peemedebista na reunião que selou a renúncia de Cunha ao cargo.
Até a véspera da cassação do peemedebista, Aguinaldo esteve próximo do
ex-deputado, mas na hora da votação aberta acabou sucumbindo à pressão e votou
pela perda do mandato. Cunha não o perdoou e o chamou de “covarde e hipócrita”.
“A política detesta traidor”, desabafou Cunha em entrevista ao Estado, um mês
antes de ser preso.
Assim
como Cunha, Aguinaldo também é alvo da Operação Lava Jato e investigado desde
2015. Ele é um dos nomes apontados pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, como supostamente parte de uma “organização criminosa” que atuava no
âmbito da Petrobrás. Quando o inquérito foi fatiado, a pedido de Janot, Ribeiro
permaneceu entre os investigados na parte relacionada à atuação dos
parlamentares do PP no esquema.
Família
O
deputado não é o primeiro da família a ver seu nome citado em um escândalo de
corrupção. Oriundo de uma família com longa trajetória política na Paraíba,
Aguinaldo viu seu pai, o ex-deputado Enivaldo Ribeiro (PP-PB), ser mencionado
por envolvimento no escândalo da Máfia das Sanguessugas, de 2006. Na época,
parlamentares eram acusados de levar propina para direcionar emendas destinadas
à compra de ambulâncias superfaturadas.
O
pai e a mãe de Ribeiro, Virgínia Velloso Borges, já foram prefeitos: ele de
Campina Grande e ela de Pilar. Já o novo líder do governo na Câmara foi
deputado estadual por duas vezes na Assembleia da Paraíba, função que hoje é
ocupada pela irmã, Daniella Ribeiro (PP).
Ribeiro
é do grupo político ligado ao presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e
do atual líder da bancada na Câmara, Arthur Lira (AL). Evangélico, o deputado é
conhecido pelo seu temperamento calmo e diplomático no trato com os colegas.
Sua
nomeação como líder do governo destrava a formação das comissões permanentes na
Câmara, uma vez que libera o PMDB a permanecer na Comissão de Constituição e
Justiça (CCJ) e indicar Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) para o comando do colegiado.
O PP ameaçava entrar na disputa pela principal comissão da Casa se não tivesse
um espaço maior no governo.
Religião
Evangélico
fiel da Igreja Batista, o parlamentar paraibano é contra o divórcio de casais.
Ele já apresentou projetos para beneficiar igrejas. Um deles foi apresentado em 2011 e propunha a
liberação e recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para
financiar a construção de templos religiosos. A proposta não foi aprovada.
No
mesmo ano, o deputado do PP apresentou projeto para isentar "entidades
religiosas" de pagarem a contribuição para a Previdência Social de
remunerações pagas, devidas ou creditadas relacionadas a obras de construção de
tempos ou de "sede social". A matéria também não foi aprovada. (AE)
Sexta-feira,
24 de fevereiro de 2017 ás 10hs33
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