Os
servidores públicos federais ganham no Brasil 67% a mais do que um empregado no
setor privado em função semelhante, com a mesma formação e experiência
profissional. O chamado “prêmio salarial” do funcionalismo brasileiro é o mais
alto numa amostra de 53 países pesquisados pelo Banco Mundial.
No
relatório “Um ajuste justo – propostas para aumentar eficiência e equidade do
gasto público no Brasil”, o banco avalia que os salários elevados recebidos
pelos servidores contribuem para aumentar a desigualdade no Brasil.
Para
aproximar os salários do setor público aos pagos pelo resto da economia, o
Banco Mundial recomenda o congelamento dos salários. Para o banco, se o prêmio
dos salários federais fosse reduzido pela metade, a economia seria de 0,9% do
Produto Interno Bruto (PIB).
Os
servidores estaduais também têm salários mais altos. A diferença é de 31% em
relação aos trabalhadores da iniciativa privada – patamar muito alto comparado
a países semelhantes da região e ao nível da renda per capita. A média
internacional do prêmio salarial dos servidores é de 16%.
O
banco fez simulações que apontam que o congelamento dos salários do
funcionalismo público reduziria o prêmio salarial de 67% para 36% até 2021, e
16% até 2024.
“Esse
grande prêmio salarial perpetua a desigualdade, porque beneficia as pessoas
mais ricas”, diz o economista-chefe do Banco Mundial no Brasil, Antonio
Nucifora. Como os salários dos servidores são financiados por meio de
tributação, os altos salários do setor público acabam constituindo uma forma de
redistribuição de renda dos mais pobres e da classe média aos mais ricos,
aponta o relatório.
O
alinhamento dos salários iniciais aos pagos pelo setor privado e a introdução
de um sistema mais meritocrático de aumentos salariais reduziriam os custos e
aumentariam a produtividade no setor público.
Os
funcionários públicos federais estão no topo da distribuição de renda do País,
diz o relatório. Das 10 atividades com salários mais elevados, seis estão no
setor público – o que não se observa, com frequência, em países da OCDE e
economias emergentes.
De
acordo com o relatório, o setor público paga, em média, salários
aproximadamente 70% superiores (R$ 44.000 por ano) aos pagos pelo setor privado
formal (R$ 26.000 por ano), e quase três vezes mais do que recebem os
trabalhadores informais (R$ 16.000 por ano).
O
governo federal paga salários ainda mais altos: com base em dados de 2016, os
militares brasileiros recebem, em média, mais do que o dobro pago pelo setor
privado (R$ 55.000 por ano), e os servidores federais civis ganham cinco vezes
mais que trabalhadores do setor privado (R$ 130.000 por ano).
O
Banco Mundial constatou ainda que a massa salarial também é elevada em relação
a outros países. Ela subiu de 11,6% do PIB em 2006 para 13,1% do PIB em 2015,
superando até Portugal e França, que registravam massas salariais mais altas
que o Brasil há uma década. Outros países desenvolvidos, como a Austrália e os
EUA, possuem massas salariais consideravelmente menores, de cerca de 9% do PIB.
Já o Chile gastou somente 6,4% do PIB em salários do funcionalismo público em
2015.
Como
porcentual do PIB, a folha de pagamento brasileira é mais alta que a de
qualquer média regional de países. Os altos níveis de gastos com os salários
são impulsionados pelos elevados salários dos servidores públicos, e não pelo
número excessivo de servidores.
Os
servidores públicos são comparativamente ricos no Brasil: 54% encontram-se no
grupo dos 20% de renda mais elevada, e 77% estão entre os 40% mais ricos. (AE)
Terça-feira,
21 de novembro, 2017 ás 18hs00
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