Cinco
das 11 investigações que envolvem governadores no âmbito da Operação Lava Jato
já foram arquivadas e uma tem pedido de arquivamento feito pela
Procuradoria-Geral da República. O levantamento inclui casos mantidos em
segredo de Justiça. Os governadores detêm prerrogativa de foro privilegiado na
Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que analisa as acusações.
Os
arquivamentos foram feitos a pedido da própria Procuradoria, que não encontrou
indícios concretos para dar prosseguimento às investigações. Os primeiros casos
chegaram ao STJ em 2015 e tinham como alvo os governadores do Rio, Luiz
Fernando Pezão (PMDB), e do Acre, Tião Viana (PT).
Nos
dois casos, a delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa não foi
suficiente para convencer os investigadores. Sobre Pezão, Costa afirmou ter
arrecadado R$ 30 milhões em caixa 2 da campanha de 2010 do ex-governador do Rio
Sérgio Cabral (PMDB).
O
atual governador do Rio era vice de Cabral na época e teria se beneficiado. No
caso do governador do Acre, Paulo Roberto Costa afirmou que R$ 300 mil foram
dados como “auxílio” à campanha eleitoral de Viana para o Senado em 2010.
A
Procuradoria pediu o arquivamento do caso do peemedebista, mas o
ministro-relator, Luís Felipe Salomão, aguarda desdobramentos de outras
investigações, com base em delação da Odebrecht, para avaliar se aceita ou não
o pedido. No STJ, os inquéritos da Lava Jato inicialmente foram distribuídos a
Salomão. Com a chegada dos casos relacionados à delação da Odebrecht a partir
de junho, no entanto, houve uma dispersão das peças. Os 11 casos ligados à Lava
Jato apurados pelo Estado estão distribuídos em gabinetes de cinco ministros.
Foram
arquivados ainda casos envolvendo os governadores do Espírito Santo, Paulo
Hartung (PMDB), duas apurações sobre o mineiro Fernando Pimentel (PT) e a
citação ao governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Todas investigações com
base na Lava Jato.
No
caso de Dino, por exemplo, a Procuradoria não viu elementos suficientes para
sustentar uma acusação de um executivo da Odebrecht que afirmou ter recebido
pedido de R$ 200 mil do governador para defender, na Câmara, um projeto de lei
que beneficiaria a empreiteira. O arquivamento foi autorizado pelo
ministro-relator do caso, Félix Fischer, em agosto.
Ainda
estão diligências de investigação pendentes ou aguardando análise procedimentos
que envolvem os governadores do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB); de Santa
Catarina, Raimundo Colombo (PSD); de Goiás, Marconi Perillo (PSDB); do Paraná,
Beto Richa (PSDB); e mais um caso sobre Pezão.
A
única denúncia enviada ao Superior Tribunal de Justiça pela Lava Jato que não
atinge um governador, mas o ex-ministro Mário Negromonte – que tem prerrogativa
de foro na Corte em razão do cargo de conselheiro de tribunal de contas -, foi
oferecida denúncia em setembro.
Fontes
com acesso aos casos do STJ apontam que a investigação relacionada ao
governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ainda não chegou à Corte. O
tucano foi citado na delação da Odebrecht. Apesar de haver uma petição com a
menção feita pelos executivos da empreiteira ao seu nome, não há pedido de
abertura de investigação nem solicitação de arquivamento até o momento.
O
Supremo Tribunal Federal retirou o sigilo das investigações relacionadas à
delação da Odebrecht em abril. A partir daí, coube à Procuradoria enviar ao STJ
os pedidos de arquivamento ou investigação com relação aos governadores. A
assessoria do STJ disse que não localizou inquérito, ação penal ou sindicância
relacionada a Alckmin, mas que “também não é possível afirmar que não exista,
em razão do segredo de Justiça”.
Outros
casos
Há
denúncias contra governadores já elaboradas pela Procuradoria, mas relacionadas
a casos diferentes das investigações da Lava Jato. É o caso de Pimentel, também
alvo de duas denúncias relacionadas à Operação Acrônimo.
O
STJ contabiliza um total de 60 procedimentos – entre ações penais, inquéritos e
sindicâncias – abertos contra um total de 18 governadores. Há casos antigos,
sem relação com os desdobramentos da Lava Jato. O levantamento da corte não
detalha os casos, já que mais de 40 estão em sigilo. (AE)
Segunda-feira,
6 de novembro, 2017 ás 00hs05
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