O
juiz federal Sérgio Moro proibiu o venezuelano Rodrigo Andrez Cuesta Hernandes,
prestador de serviços da Mossack & Fonseca - escritório usado por diversos
condenados da Lava Jato para ocultar a titularidade de contas relacionadas a
recebimento de propinas, - de deixar o Brasil. Hernandes é um dos alvos da
Operação Triplo X, 22ª fase da Lava Jato, que apura dissimulação da origem de
supostas propinas da OAS. A defesa alegava que ele conseguiu um emprego em uma
empresa de telecomunicações espanhola, mas o magistrado manteve medida cautelar
que confiscou seu passaporte.
Hernandes
é um dos alvos da Operação Triplo X, deflagrada em janeiro de 2016, para apurar
se a OAS teria utilizado o condomínio Solaris, no Guarujá, para repassar
propinas no esquema criminoso que se instalou na Petrobras. Além do tríplex
atribuído ao ex-presidente Lula, condenado a 9 anos e 6 meses de prisão, o
condomínio no litoral sul de São Paulo abriga outros três imóveis investigados
na Lava Jato. Dois envolvem parentes do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
A
torre vizinha do tríplex considerado por Moro como propina da OAS a Lula abriga
também em sua cobertura um apartamento de três andares que está em nome de uma
offshore registrada no escritório Mossack & Fonseca - conhecido por
intermediar a abertura de empresas em paraísos fiscais e apontar laranjas como
seus titulares com o objetivo de ocultar capitais ilegalmente internados fora
do País.
A
Mossack foi responsável por registrar empresas de fachada do ex-diretor de
Serviços da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, do ex-gerente Pedro Barusco, do
operador de propinas Mário Góes, entre outros delatores e condenados no âmbito da
Lava Jato.
O
venezuelano Rodrigo Andrez Cuesta Hernandes era um dos prestadores de serviços
da Mossack no Brasil, e teve seu passaporte confiscado pela Justiça Federal.
Ele não está preso e alegou ao juiz da Lava Jato ter conseguido um emprego em
uma empresa espanhola de telefonia. Sua defesa havia se comprometido a avisar
todas as vezes em que o venezuelano saísse do país a trabalho.
"A
restrição ao exercício de atividade laborativa, em consequência da vedação de
saídas do país, é consequência natural dessa medida cautelar. Essa restrição,
porém, é relativa. E isso evidencia-se diante da informação de que o
investigado foi contratado.Ademais, é módica também a restrição à liberdade de
locomoção do investigado, sendo de gravidade bem mais baixa quando comparadas à
prisão. Assim, ao menos por ora, indefiro o pedido de revogação da medida
cautelar de proibição de saída do país imposta a Rodrigo Andres Cuesta
Hernandez. Por conseguinte, indefiro o pedido de devolução do passaporte",
concluiu Moro.
Solaris
O
tríplex na torre vizinha à do famoso 164-A, que foi considerado por Moro como
propina da OAS a Lula, está em nome da offshore Murray Holdings, sediada nos
Estados Unidos. A empresa é controlada pela publicitária ligada à Bancoop Nelci
Warken, segundo a PF.
A
Giselda Rousie de Lima, mulher do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também
declarou à Receita Federal ser proprietária de um apartamento no empreendimento
(43-A), mas o Ministério Público Federal identificou que na matrícula do imóvel
figura como proprietária Sueli Falsoni Cavalcante, uma funcionária da OAS.
Ainda
no condomínio Solaris, o apartamento 44-A chegou a ser adquirido pela cunhada
de João Vaccari Neto, Giselda Corrêa, por R$ 200 mil, em 2012. No ano seguinte
à aquisição, ela desistiu do imóvel e recebeu R$ 430 mil devolvidos pela OAS. A
investigação vê "possível fraude" na negociação porque, em dezembro
daquele ano, a empreiteira vendeu o mesmo apartamento por R$ 337 mil.
Segunda-feira,
24 de julho, 2017 ás 10hs00
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