No
cenário local, nesse momento, inexistem grupos políticos. O que há são
classificações por tendências ideológicas. Cada político é uma ilha. E nenhum
deles ainda não conseguiu agregar. Conversas existem e os flertes para formação
de grupo são constantes.
O
arquipélago da esquerda está dividido em quatro ilhas.
A
principal delas é o governador Rodrigo Rollemberg, do PSB. A reeleição e a
formação de uma bancada parlamentar genuína são os desafios. A rejeição
atrapalha os dois projetos. Há muito a ser feito para rever esse quadro.
O
presidente da Câmara Legislativa, deputado Joe Valle, é o nome do PDT. Pode ser
uma surpresa na eleição. Tem que estancar a desconfiança. E isso se faz com
ação, não com discurso. Só assim a dubiedade é superada.
PT
tenta se organizar para chegar em 2018 com os danos da Lava Jato reduzidos. Mas,
ainda se perde no discurso repetitivo de golpe. O enredo não pegou. Tem que
achar algo mais convincente do que isso.
O
partido titubeia entre ser governo ou oposição. Por mais que se esforce, a
população ainda não entendeu a posição petista. Erika Kokay, Geraldo Magela,
Wasny de Roure e Chico Vigilante são os nomes que podem disputar a majoritária.
A prisão do ex-governador Agnelo Queiroz foi um duro golpe.
O
Psol vem novamente fazer figuração, com Toninho e Maninha. Chico Sant’Anna vem
ganhando espaço, mas a legenda necessita de renovação.
Ainda
no campo da esquerda, Rede, PCdoB, PV continuarão como satélites.
Rede
tem Chico Leite e Rômulo Neves como expoentes. Precisa ampliar seus quadros. O
partido sempre é lembrado por sua atuação em tribunais superiores e conselhos
parlamentares de ética. Precisa se aproximar da população.
O
PV, do deputado Israel Batista, namora uma união com outros campos ideológicos
que coloque a legenda em outro patamar.
E
o PCdoB segue abraçado com o PT.
Quem
não se reciclar e mantiver o ranço vai ficar para trás. A caduca política da
esquerda ficou literalmente velha.
O
presente da direita é de responder o passado para tentar sobreviver no futuro.
São raros os políticos que não estão respondendo alguma ação na justiça.
Dos
que se salvam estão o ex-deputado Jofran Frejat (PR) e o deputado Izalci Lucas
(PSDB). Coincidentemente, são os dois mais bem colocados nas pesquisas no campo
da direita.
Frejat
seria hoje o melhor candidato para repetir a disputa de 2014 com Rollemberg.
Mas a teoria é diferente da prática. Primeiro porque não deve haver apenas um
candidato de oposição. E, segundo, Frejat precisa de um grupo que apoie o seu
nome.
Izalci
está na mesma. O parlamentar tucano vem cacifando o seu nome, mas só se viabiliza
com apoio de outros políticos e partidos. Juntos seriam fortes. Separados
expõem suas fraquezas.
Ainda
na direita, um nome sempre cogitado é o do deputado Alberto Fraga (DEM). O
fantasma da Secretaria de Transportes no governo Arruda ainda ronda sua candidatura.
Vez ou outra surge alguma denúncia que o deputado precisa responder.
Outros
dois nomes são comentados: Eliana Pedrosa (sem partido) e o suplente de
deputado Alírio Neto (PTB).
Nos
bastidores, fala-se do apoio de Eliana a Frejat. Respeitada por possuir uma boa
articulação, a ex-deputada seria um bom nome ao governo ou ao Senado.
Alírio
tem carta branca do seu partido para trabalhar a candidatura ao Buriti. Como
está sem mandato, só em colocar o seu nome já ganha visibilidade. O bom uso das
redes sociais que vem fazendo, ajuda muito, mas peca na animosidade quando
parte para a desconstrução de possíveis aliados.
A
direita sofreu importantes baixas com a prisão do ex-governador José Roberto
Arruda (PR) e do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB). Todos sabiam que
Arruda não seria candidato. Estava impedido. Já Filippelli trabalhava
fortemente para ser o principal candidato de oposição.
A
prisão e a investigação de irregularidades na construção do Estádio Mané
Garrincha e outras obras o tirou do páreo ao Buriti. Mas, deve ser bastante
atuante nos bastidores.
E,
para não ficar no esquecimento, o rorizismo ainda tem bastante voto, mas não
possui candidatos. Filippelli buscava ser o herdeiro desse eleitorado.
No
centro político, os principais nomes são de Cristovam Buarque (PPS), Rogério
Rosso (PSD) e Valmir Campelo (PPS).
Cristovam
é candidato ao terceiro mandato de senador. Seu nome sempre é lembrado para uma
disputa no cenário nacional, seja a presidente ou a vice. Se isso acontecer,
Valmir Campelo teria mais facilidade de articular uma candidatura ao GDF.
Os
dois são do mesmo partido, e não faz sentido duas candidaturas majoritárias.
Faltaria espaço para aliados. Campelo é experiente ao mesmo tempo que surge
como o novo. Sozinho não vai a lugar algum.
O
deputado federal Rogério Rosso chegou a disputar a presidência da Câmara dos
Deputados, o que tecnicamente o colocaria como primeiro nome da linha
sucessória da Presidência da República. Ex-governador do DF, tem um bom
discurso, faz o tipo boa praça e trabalha nos bastidores a vôos mais altos. A
mesma operação que prendeu Arruda, Agnelo e Filippelli colocou o nome de Rosso
em xeque. Diferente dos três, tem foro privilegiado e os danos foram menores.
Mas a delação da Andrade Gutierrez traz problemas a sua candidatura.
Dois
nomes cogitados até pouco tempo perderam força. O ex-presidente da OAB-DF
Ibaneis Rocha e o conselheiro do Tribunal de Contas do DF, Renato Rainha. Ambos
saíram da bolsa de apostas.
A
formação de grupos deve começar a acontecer no final do ano e até início de
2018. Até lá o que veremos é o cada-um-por-si. A fragmentação ajuda quem tiver
uma estrutura mais organizada.
Foi
assim que Rollemberg chegou ao Buriti. Em 2014, o que tínhamos no tabuleiro era
a candidatura de um governador mal avaliado (Agnelo-PT), duas candidaturas de
direita (Arruda/Frejat-PR e Pitiman-PSDB) e uma terceira via (Rollemberg-PSB).
Hoje,
temos um governo mal avaliado, a direita fragmentada, o PT em decadência e
muitos candidatos a terceira via.
Os
dois cenários possuem semelhanças.
RICARDO
CALLADO (Blog do Callado)
Sexta-feira,
07 de julho, 2017 ás 12hs00
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