A
decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de aprovar o acordo de leniência
da SBM Marketing com a Controladoria-Geral da União (CGU) deve destravar a fila
de negociações em andamento no âmbito do governo federal. Há entre 23 e 25
empresas negociando com a CGU e a Advocacia-Geral da União, muitas delas alvo
da Operação Lava Jato. A Odebrecht e a Andrade Gutiérrez acreditam estar
próximas do fechamento do acordo, após já terem conseguido no Ministério
Público Federal.
Neste
fim de semana, a AGU está revisando o acordo da SBM Marketing, após aprovação
do TCU, e a assinatura poderá ocorrer já no início da próxima semana. O
julgamento serviu para demarcar a atuação de cada órgão do governo nos acordos
de leniência – espécies de delações premiadas de empresas.
O
TCU reconheceu a eficácia imediata dos acordos da AGU, que, por sua vez,
reconheceu que não pode dar a quitação do dano das empresas, prerrogativa do
tribunal de contas. O TCU reafirmou que deve fazer uma análise prévia dos
termos e condições dos acordos assinados, mas uma vez que isso é feito, a
assinatura do acordo pela CGU/AGU não deve ser contestada.
Os
órgãos concordam que, em relação às empresas, se o TCU constatar
superfaturamento e outros tipos de dano, as companhias terão de fazer o
pagamento complementar.
Na
negociação de acordos de empreiteiras da Lava Jato, como Odebrecht e Andrade –
que já têm acordo no Ministério Público Federal (MPF), há uma série de pontos
travados. O principal deles é a forma como será paga a diferença entre os acordos
do MPF e da CGU.
“A
partir do momento que a gente se acerta, e esse passo começa a ser travado de
um modo mais alinhado, de certo ponto isso acaba elevando também a visão do
nosso País em relação a essa política que é efetivamente uma política de Estado.
Não é política de governo, da instituição A, B, C ou D, é uma política do
Estado Brasileiro”, disse a advogada-geral da União, Grace Mendonça.
O
caso SBM passa a ser visto no TCU como um manual para o fechamento de acordos
de leniência, segundo um ministro. O ministro do TCU Bruno Dantas afirmou que a
decisão foi importante para desmitificar o discurso de que há uma disputa entre
órgãos. “A decisão mostra que, quando os acordos são bem feitos e bem
negociados, o TCU jamais será um entrave”, disse. Ele lembrou que a equipe
técnica do TCU recomendou a rejeição do acordo, mas os ministros por
unanimidade decidiram aprovar, acompanhando o Ministério Público no TCU.
Valores.
Um dos desafios que restam para o fechamento de novos acordos é quanto aos
valores a serem pagos. Não apenas o volume total de recursos, mas em relação à
especificação da natureza jurídica dos recursos. Por exemplo, acordos do MPF
não especificam quanto é multa, quanto é indenização.
Diante
de notícias de que a CGU teria estipulado um valor de R$ 40 bilhões para fechar
acordo com a Andrade Gutierrez, que teve de pagar R$ 1 bilhão no acordo com o
MPF, o advogado da empresa, Sebastião Tojal, disse que a construtora “continua
no seu processo de negociação e que ele está avançando”.(AE)
Segunda-feira,
18 de dezembro, 2017 ás 11hs00
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