A
melhora do mercado de trabalho ao longo de 2017 é generalizada e deverá se
manter em 2018, mas isso não levará necessariamente a uma queda na taxa de
desemprego. A análise está na Carta de Conjuntura, do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), cuja seção sobre mercado de trabalho foi divulgada
nesta quinta-feira, 14.
A
explicação para o desemprego não cair é o ritmo de crescimento da força de
trabalho (a população economicamente ativa, PEA). A força de trabalho é formada
tanto pelos desempregados em busca de trabalho quanto pelos empregados. A
população ocupada vem crescendo, mas o número de pessoas que voltou a procurar
emprego e não encontra cresce mais rapidamente, engordando a população
desocupada.
Como
a taxa de desemprego é a medida do total da população desocupada em relação ao
total da força de trabalho, o indicador não baixa. Nas contas dos pesquisadores
Maria Andréia Parente Lameiras e Sandro Sacchet de Carvalho, que assinam a
seção da Carta de Conjuntura n. 37, a taxa de desemprego do trimestre móvel
encerrado em outubro deveria estar em 11,6%, abaixo dos 12,2% efetivamente
registrados, se o crescimento da força de trabalho no prazo de um ano se desse
no mesmo ritmo da média histórica.
Os
dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, no
trimestre móvel até outubro, a força de trabalho avançou 2,4% ante igual
período de 2016 - a taxa média de crescimento interanual é de 1,4%, segundo os
pesquisadores do Ipea.
Segundo
Lameiras e Carvalho, uma das explicações para o crescimento acelerado seria uma
"mudança na composição" de quem está fora da força em relação a sua
disponibilidade para trabalhar.
"Há
uma parcela dos indivíduos fora da força de trabalho que declara que teria
disponibilidade para trabalhar se tivesse oportunidade. Esse grupo tem uma
maior tendência de transitar para dentro da força de trabalho do que o grupo
que reporta não ter disponibilidade para trabalhar", diz um trecho do
artigo.
Conforme
os pesquisadores, esse grupo constitui "um componente latente da oferta de
trabalho". "O mesmo vale para o grupo de trabalhadores denominados
como 'subocupados', ou seja, aqueles que estão trabalhando menos horas que o
desejado. Os dados mostram que esse grupo também está crescendo", diz o
artigo publicado na Carta de Conjuntura.
Perspectiva.
Para 2018, a tendência não muda. Na avaliação dos pesquisadores do Ipea, as
perspectivas para o mercado de trabalho "são de continuidade da expansão
da ocupação e dos rendimentos possibilitada pela aceleração do ritmo de
crescimento da atividade econômica".
O
rumo da taxa de desemprego dependerá da força de trabalho. "A
desaceleração nas taxas de crescimento da PEA podem exercer uma descompressão
maior sobre o nível de desemprego", diz outro trecho do artigo.
Os
pesquisadores ponderam, ainda, que a composição do crescimento econômico
esperado em 2018 não é exatamente favorável a uma melhora mais forte no mercado
de trabalho. Isso porque o crescimento da atividade deverá vir da retomada do
consumo das famílias.
Esse
tipo de crescimento costuma gerar "menos benefícios sobre a ocupação
formal do que os obtidos caso o crescimento fosse liderado pelo aumento dos investimentos",
dizem Lameiras e Carvalho, que esperam manutenção nas taxas de crescimento dos
salários reais. (AE)
Sexta-feira,
15 de dezembro, 2017 ás 10hs15
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