O
Tesouro Nacional bancou R$ 122,3 bilhões em custos com as estatais federais
entre 2012 e 2016, mas só obteve um retorno de R$ 89,3 bilhões em juros ou
dividendos ao longo desses cinco anos – o equivalente a 73% dos gastos.
Boa
parte do gasto foi direcionado às estatais dependentes, aquelas que não têm
receitas próprias para bancar as despesas correntes e precisam do Tesouro. As
chamadas subvenções somaram R$ 49,1 bilhões no período. O crescimento dessa
conta foi contínuo até chegar a R$ 13,35 bilhões só no ano passado com essas
empresas.
As
empresas estatais dependentes são aquelas que têm custos bancados com recursos
do Orçamento Federal. O que o boletim mostra é que esse socorro cresceu ano a
ano desde 2012, até atingir recorde no ano passado, justamente em meio à crise
fiscal e à necessidade crescente de o governo se endividar para bancar seus
próprios déficits.
O
governo enviou ao Congresso Nacional recentemente um projeto de lei para criar
um programa de recuperação e melhora empresarial para evitar que mais estatais
federais passem a depender de recursos públicos para se manter. As empresas vão
ter indicadores econômicos e financeiros monitorados para que seja possível
aplicar medidas prévias, que evitem a piora da situação das companhias. “É uma
espécie de ‘recuperação judicial’ das estatais”, comparou o secretário de
Coordenação e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamento,
Fernando Ribeiro Soares, em entrevista no início de dezembro.
Controle
A
União controla 16 estatais dependentes de forma direta e outras duas de forma
indireta, por meio de uma autarquia. Entre 2012 e 2016, essas empresas, que
atuam em diferentes setores, receberam R$ 49,1 bilhões em subvenções do Tesouro
no total.
A
empresa que mais recebeu recursos nesse período foi a Embrapa (R$ 12,6
bilhões), seguida pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH),
que recebeu R$ 5,5 bilhões; e pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC),
que contou com R$ 4,6 bilhões de subvenção.
No
conjunto de todas as estatais (não só as dependentes), o governo tem tido um
custo muito maior do que o retorno (sobretudo em dividendos). Entre 2012 e
2016, apenas em um ano essa relação foi positiva, maior que 1 (1,36 em 2014).
Em todos os outros anos, a relação ficou abaixo de 1, o que indica dispêndios
superiores aos retornos obtidos.
No
ano passado, foi o pior ano da relação retorno x custo. Ficou em 0,20. Ou seja,
a cada R$ 5 gastos, apenas R$ 1 real retornou ao Tesouro. “Essa evolução está
associada, no período entre 2012 e 2016, ao aumento continuado dos gastos com
subvenção e à queda das receitas com dividendos”, afirma o boletim.
A
conta mais ampla de custos inclui não só as subvenções para as estatais
dependentes, mas também a injeção de capital por meio de instrumentos híbridos
de capital e dívida (IHCDs) e de adiantamentos para futuro aumento de capital
(AFACs).
“Cabe
ressaltar que a melhoria do desempenho das empresas em 2017 aponta para a
elevação da estimativa de receitas com dividendos, ainda que não o suficiente
para superar as despesas com subvenções, as quais continuam se mantendo em
patamares bastante elevados”, diz o documento. (AE)
Quarta-feira,
20 de dezembro, 2017 ás 07hs00
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