O
relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA),
afirmou na noite deste domingo (16), em Brasília, que a idade mínima de 65 anos
para homens e mulheres "continua sendo o ponto mais alto da PEC".
"Nós pretendemos que assim permaneça, como está na PEC", disse
Oliveira Maia após reunir-se com o presidente Michel Temer e ministros no
Palácio do Alvorada para apresentar pontos já modificados em seu relatório.
O
presidente da comissão especial da reforma na Câmara, deputado Carlos Marun
(PMDB-MS), também disse ser muito difícil alterar esse ponto. "Não vejo
essa possibilidade, mulher luta por uma igualdade", afirmou. Apesar disso,
interlocutores do Palácio do Planalto reconhecem que, se houver necessidade de
flexibilizar a idade mínima das mulheres para vencer resistências
(principalmente da bancada feminina), essa cartada será lançada diretamente no
plenário.
O
relator evitou dar pistas sobre as modificações na proposta, que serão
anunciadas formalmente na próxima terça-feira (18) durante a leitura do parecer
na comissão especial da reforma da Previdência na Câmara. Antes da reunião do
colegiado, haverá um café da manhã para deputados da base aliada no Alvorada,
em que os parlamentares já poderão conhecer as alterações.
O
governo já havia concordado com mudanças em cinco pontos: regra de transição,
aposentadoria rural, Benefício de Prestação Continuada (BPC), pensões e
aposentadoria especiais para professores e policiais. De acordo com uma fonte
presente à reunião, o governo e o relator ainda precisam acertar melhor os
últimos detalhes do texto. O trabalho será intenso nesta segunda-feira para não
haver risco de atrasar ainda o mais cronograma - inicialmente, Oliveira Maia
pretendia entregar seu parecer até o fim de março. "Amanhã vão passar o
pente-fino (no texto)", afirmou um dos presentes.
Segundo
o relator e o presidente da comissão especial na Câmara, a reunião tratou
exclusivamente sobre a reforma da Previdência e não houve conversas sobre as
delações da Odebrecht. Oliveira Maia - que inclusive é um dos apontados na
lista de alvos de inquérito após as delações - disse ainda que a divulgação dos
conteúdos não vai prejudicar o andamento dos trabalhos. "Uma coisa não tem
nada a ver com a outra", disse.
O
relator disse que não há absolutamente nenhuma preocupação em relação a
possíveis impactos sobre a tramitação da reforma. "Eu pessoalmente? Por
que haveria de estar preocupado? Não tenho nenhum motivo para isso. Estamos
caminhando no sentido de aprovar essa reforma", afirmou.
Marun
ressaltou que o calendário de tramitação da reforma está
"sacramentado". A previsão é votar o relatório na comissão até o dia
28 de abril e votar a proposta no plenário da Câmara na primeira ou segunda
semana de maio. "Não existe a mínima possibilidade ou desejo de
mudança", afirmou o peemedebista. O presidente da comissão voltou a dizer
que a reforma terá "margem larga" de votos no plenário e arriscou um
placar superior a 350 votos favoráveis à medida - são necessários pelo menos
308 para a aprovação.
Lava Jato
Apesar
de os presentes terem negado de que as delações dos executivos da Odebrecht
foram discutidas, uma fonte relatou que, antes da chegada do ministro da
Fazenda, Henrique Meirelles, que chegou uma hora atrasado, Temer e os políticos
ficaram em uma sala reservada no Alvorada, sem a presença dos técnicos do
governo.
Um
participante do encontro, no entanto, reconheceu que a reunião de hoje, além de
azeitar o discurso e continuar os debates sobre as reformas, tinha o objetivo
"de mostrar que o governo está trabalhando" e reforçar o que já foi
explicitado por Temer assim que as delações saíram. "Que o governo não
pode parar", disse a fonte. Também foi reforçado o pedido de votar a
urgência da reforma trabalhista na Câmara nesta semana.
Já
durante a reunião sobre a Previdência, os relatos são de que o presidente não
fez discurso e praticamente não fez interferências, dedicando-se mais a ouvir
as considerações dos deputados, assim como Meirelles. O relator, por sua vez,
fez uma exposição sobre os pontos a serem modificados e foi seguido pelas
observações de Marun. O secretário de Previdência, Marcelo Caetano, atuou mais
para tirar dúvidas dos parlamentares.
Após
o café da manhã com deputados na terça-feira, ficou acertado que Temer deve se
reunir no mesmo dia com líderes do Senado para traçar também as estratégias do
andamento na Casa. A ideia é evitar que mudanças sejam feitas pelos senadores,
o que tornaria necessária uma nova rodada de votações na Câmara e atrasaria o
cronograma projetado pelo governo, que é aprovar a reforma nas duas casas ainda
no primeiro semestre.
Segunda-feira,
17 de Abril de 2017 ás 10hs40
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