A
maior parte dos recursos sacados das contas inativas do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) por clientes bancários foi destinada para a compra de
imóveis e redução do endividamento, segundo análise publicada no Relatório de
Inflação, divulgado hoje (29) pelo Banco Central (BC), em Brasília.
Na
análise do BC, foi possível mapear o destino de R$ 13,055 bilhões,
representando em torno de 30% dos recursos totais sacados (R$ 44,3 bilhões).
Desse total analisado, 38,4% foram destinados para redução de endividamento,
2,6% para redução de inadimplência, 14% para aumento de gastos no cartão de crédito,
4,5% para compra de veículos e 40,5% à aquisição de imóveis.
De
acordo com o BC, por conta da limitação de dados, a evolução de dívidas
contraídas fora do sistema bancário e o consumo realizado por outros meios de
pagamento não foram investigados.
Entretanto,
o BC acredita que R$ 15 bilhões, ou 54% dos recursos totais sacados, podem ter
sido destinados para financiar gastos realizados com outros meios de pagamento
– dinheiro, cartões de débito, boleto e transferências bancárias – e para
realizar investimentos em ativos financeiros.
Sobre
o montante sacado por indivíduos sem acesso a cartão de crédito ou a
empréstimos do setor bancário e, portanto, não incluídos na análise (R$ 16,1
bilhões), a hipótese é que os recursos foram destinados ao consumo.
A
liberação do saque do FGTS ocorreu no ano passado, com injeção de R$ 44,3
bilhões na economia, representando 0,71% do Produto Interno Bruto (PIB – a soma
de todos os bens e serviços produzidos no país) de 2016, 2,84% do saldo total
de crédito para pessoas físicas e 7,24% do saldo de crédito livre rotativo
(cheque especial e cartão de crédito) para pessoas físicas no final de 2016.
Aproximadamente, 26 milhões de indivíduos foram beneficiados, com saque médio
de R$ 1.704.
Queda no endividamento
chega a R$ 5 bilhões
O
BC estima que houve queda de aproximadamente R$ 5 bilhões no endividamento,
excluindo os novos financiamentos de veículos e imóveis. O relatório também
aponta redução de aproximadamente R$ 335 milhões na inadimplência (valores em
atraso) e impacto positivo de R$ 7,7 bilhões nas despesas das famílias.
No
caso dos gastos, R$ 1,83 bilhão foi destinado a consumo realizado por meio de
cartões de crédito nas modalidades à vista e parcelado com lojistas, R$ 590
milhões no valor gasto na entrada para compra de veículos e R$ 5,3 bilhões
gastos em entrada para compra de imóveis.
O
BC também projeta que houve aumento de R$ 799 milhões e R$ 6,8 bilhões na
concessão de novos financiamentos de veículos e imóveis, respectivamente. Esses
valores representam incremento de 2,7% e 18,9% no valor total financiado quando
comparado com os mesmos meses do ano anterior.
Para
o BC, os saques das contas inativas, “aliados à queda da inflação e melhoria do
mercado de trabalho, com consequente aumento da renda real, à queda dos juros e
ao aumento da confiança”, contribuíram para a retomada da economia brasileira.
“A
liberação para saques dos recursos das contas inativas do FGTS contribuiu para
impulsionar o consumo de bens duráveis e não duráveis e reduzir o endividamento
dos indivíduos beneficiados pela medida, assim como regularizar parte do saldo
de crédito em atraso junto ao setor bancário”, concluiu o Banco Central. (ABr)
Sexta-feira,
30 de março, 2018 ás 00:05
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