A
1ª Vara Federal Cível do DF determinou o bloqueio de R$ 2,75 milhões em bens do
ex-governador José Roberto Arruda (PR). Caso a quantia não conste em contas e
aplicações financeiras, itens do patrimônio em nome do ex-chefe do Palácio do
Buriti e da esposa e candidata a deputada federal, Flávia Arruda (PR), serão
indisponibilizados. A relação, elaborada pela Advocacia-Geral da União (AGU),
inclui um apartamento na Asa Sul e outro na Octogonal. Há, ainda, três veículos,
entre os quais dois detêm valor de mercado superior a R$ 150 mil — Volvo XC60
ano 2018 e Land Rover Discovery ano 2015.
A
decisão, que data da última sexta-feira (17), consta em uma ação de improbidade
administrativa proposta pela AGU, em 25 de junho, contra Arruda e o juiz
Fabrício Dornas Carata, baseada no processo disciplinar do Tribunal de Justiça
do DF e dos Territórios (TJDFT) que resultou na aposentadoria compulsória do
magistrado, acusado de favorecimento ao ex-governador.
Segundo
as investigações, em 2015, Fabrício Dornas, de forma deliberada, se candidatou
para substituir a titular da 8ª Vara de Fazenda Pública, onde tramitavam duas
ações de improbidade administrativa contra o ex-governador por irregularidades
na celebração de convênios entre o GDF e municípios do Entorno, numa investida
para absolvê-lo. O juiz é casado com
Paula Maciel, enteada do ex-chefe da Casa Civil José Geraldo Maciel, primo e
braço direito de Arruda no governo do DF.
Àquela
época, a Justiça local tentava, há pouco mais de um ano, notificar Arruda para
manifestação no processo. Ao assumir o cargo, em outubro de 2015, Fabrício
determinou nova tentativa de intimação, apesar de a titular da Vara, Maria
Silda Nunes de Almeida, ter determinado previamente que apenas ela realizaria
os despachos. O oficial de Justiça, então, encontrou o ex-governador em casa e
entregou os documentos.
Em
três dias, os advogados apresentaram a defesa nos autos. Seis dias após o
recebimento das alegações, em 15 de outubro, Fabrício proferiu sentença
inocentando o ex-governador nos processos, que tinham quase mil páginas.
Ações julgadas
As
ações de improbidade julgadas indevidamente por Carata apontam o repasse
irregular, em 2009, de R$ 500 mil por meio de convênio com a prefeitura de
Águas Lindas de Goiás para a reforma e ampliação do Hospital Municipal Bom
Jesus, localizado no município. Também houve investimento de R$ 12 milhões do
DF para capacitação de pessoal, compra de equipamentos e de material. Nas
ações, o Ministério Público considerou que não houve devida prestação de
contas, fiscalização e controle.
Devido
à suposta intervenção em favor do ex-chefe do Palácio do Buriti, Fabrício
Dornas também teve R$ 2,75 milhões em bens bloqueados pela Justiça Federal na
última sexta-feira. Se o dinheiro não constar em instituições financeiras,
serão indisponibilizados dois automóveis, cujos valores de mercado ultrapassam
os R$ 100 mil (Mercedes-Benz C180 ano 2017 e Volkswagen Tiguan ano 2017), além
de uma casa no Lago Sul e uma sala comercial no Setor de Indústrias Gráficas
(SIG). O patrimônio é compartilhado pelo magistrado e a esposa.
A
determinação do bloqueio de bens de Arruda e Fabrício visa assegurar o
pagamento da multa que será aplicada aos dois, se condenados na ação ajuizada
pela AGU. “Tratando de patrimônio público e da devida e efetiva aplicação da
lei, sobressai-se o interesse público em detrimento do particular”, pontuou a
juíza federal substituta Aline Soares Lucena Carnaúba na decisão do processo,
que tramita em segredo de justiça.
A
Justiça Federal ainda não definiu se aceita ou não a petição inicial. Caso
condenados, Arruda e Fabrício ainda podem ter os direitos políticos suspensos
de três a cinco anos e ficar impedidos de receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios pelo prazo de três anos. O juiz também perderia a função
pública, deixando de receber aposentadoria.
“Ação
desconhecida”
Ao
Correio, a defesa de José Roberto Arruda afirmou que “todos os bens do
ex-governador já estão bloqueados, em razão de outras ações”. Destacou,
contudo, que “o valor do patrimônio não chega ao montante de R$ 2,75 milhões” e
acrescentou desconhecer o teor dos autos. A reportagem não conseguiu contato
com os advogados de Fabrício Dornas. (Correio Brasiliense)
Terça-feira
21 de agosto, 2018 ás 18:00
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