O
aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho na última década
também estimulou a participação delas em um dos investimentos mais populares do
Brasil. Levantamento feito pelo Tesouro Direto mostra que, de 2006 a 2016, a
proporção de mulheres que aplicam em títulos públicos aumentou de 16% para
26,3%.
No
fim do ano passado, o Tesouro contabilizava 271,5 mil mulheres cadastradas,
contra 854,7 mil homens. A presença feminina era ainda menor em 2002, de 7,6%,
quando começou o programa do Tesouro Direto.
O
levantamento mostra ainda que metade das investidoras tem entre 26 e 45 anos e
é composta por mulheres solteiras. A maioria das aplicações é concentrada em
valores que vão de R$ 10 mil a R$ 50 mil. As ocupações mais comuns são
administradora (8,1%), bancária (7,3%), estudante (4,1%), médica (3,9%) e
advogada (3,8%).
Para
Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, as características da
aplicação estão alinhadas com o perfil comportamental da mulher nos
investimentos. “Estudos mostram que a mulher é mais conservadora e busca
investimentos mais seguros e de longo prazo, pois a ideia é ter uma renda maior
no futuro, independente do objetivo”, afirma.
O
valor das aplicações feitas pelos homens soma R$ 32,4 bilhões, mais de três
vezes maior do que é investido pelas mulheres (R$ 9,1 bilhões). Para Juliana, o
fato é explicado pela renda média também ser menor para as mulheres. O
crescimento do estoque de aplicações, porém, foi maior entre as mulheres: alta
de 83% no ano passado, contra 72% entre os homens.
Mesmo
com mais mulheres aplicando nessa modalidade, Juliana não vê mudanças significativas
na distância entre homens e mulheres no Tesouro nos próximos anos. “Apesar da
maior inserção no mercado de trabalho, muitas mulheres ainda fazem pausas para
a maternidade, o que deve manter esse quadro estável na próxima década”, diz.
Entretanto,
ela considera que os avanços são consideráveis. “Com a democratização da
informação, investidores que nunca se imaginavam comprando um título público
hoje podem fazer isso. Por outro lado, com a internet e as redes sociais, não
existe um filtro do que é relevante ou não. Há canais que, muitas vezes, não
passam informações verídicas”, alerta Juliana. (AE)
Quinta-feira,
9 de Março de 2017 ás 10hs20
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