O
Ministério das Relações Exteriores vai pedir ao governo dos Estados Unidos a
liberação dos documentos produzidos pela Agência Central de Inteligência (CIA,
sigla em inglês) sobre a ditadura civil-militar no Brasil. O ministro das
Relações Exteriores, Aloysio Nunes, ele próprio um ex-perseguido do regime
militar, instruiu a embaixada brasileira em Washington, nos EUA, a solicitar a
liberação completa dos registros sobre esse tema.
A
medida é em resposta à solicitação do Instituto Vladimir Herzog, que enviou uma
carta na última sexta-feira (11) ao Itamaraty pedindo que o governo federal a
liberação dos documentos que registram a participação de agentes do Estado
brasileiro em ações de tortura ou assassinato de opositores do regime.
A
carta é assinada por Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog, morto
durante a ditadura. Na época, o Exército divulgou a versão de que o jornalista
teria cometido suicídio na prisão.
Documentos
que vieram a público, na semana passada, mostram novos fatos sobre a
participação do Estado na execução e tortura de opositores da ditadura. De
acordo com registros da CIA, os generais Ernesto Geisel, presidente do Brasil à
época, e João Figueiredo, então diretor do Serviço Nacional de Informações
(SNI), e que assumiu a Presidência da República depois de Geisel, sabiam e
concordaram com execução sumária de “inimigos” da ditadura militar no Brasil.
Também
participaram da reunião em que Geisel foi informado da política de execução, os
generais Milton Tavares de Souza, então comandante do Centro de Inteligência do
Exército (CIE) e seu sucessor, Confúcio Avelino.
Datado
de 11 de abril de 1974, o documento, assinado pelo então diretor da CIA,
Willian Colby, e endereçado ao então secretário de Estado dos EUA, Henry
Kissinger, diz que Geisel foi informado, logo após assumir a Presidência da
morte de 104 pessoas opositoras da ditadura no ano anterior.
O
informe relata ainda que após ser informado, Geisel manteve a autorização para
execuções sumárias, adotada durante o governo do presidente Emílio Garrastazu
Médici (1969-1974). Geisel teria feito a ressalva de que os assassinatos só
ocorressem em “casos excepcionais” e envolvendo “subversivos perigosos”.
“O
senhor, assim como nossa família, sabe o que foi o terror e a violência
promovida pela Ditadura Brasileira. Uma nação precisa conhecer a sua história
oficialmente para ter políticas públicas que previnam que os erros do passado
se repitam”, diz a carta assinada pelo filho de Herzog e dirigida ao ministro
Aloysio Nunes.
Segunda-feira,
14 de maio, 2018 ás 00:05
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