A
propina repassada em forma de doação não oficial pela Odebrecht à campanha de
2014 do ex-governador José Roberto Arruda (PR) pode ter custeado,
indiretamente, a candidatura de Jofran Frejat (PR), que assumiu a chapa depois
de o correligionário ter o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). Ex-executivo da empreiteira, Ricardo Roth Ferraz afirmou que, apesar do
recuo de Arruda, não houve devolução de qualquer parte dos R$ 966 mil pagos em
caixa 2 ao ex-chefe do Palácio do Buriti.
As
declarações foram prestadas ao Ministério Público Federal (MPF) em delação
premiada divulgada em abril de 2017. Segundo Roth, a pedido do então diretor da
Odebrecht João Pacífico, o montante teria sido entregue ao operador de propina
de Arruda, Sérgio de Andrade do Vale. O ex-executivo acrescentou que o
pagamento aconteceu em duas parcelas, repassadas em São Paulo. A primeira
atingiu a cifra de R$ 500 mil, em 9 de junho de 2014. A segunda, de R$ 466 mil,
ocorreu em 8 de setembro, cinco dias antes de Arruda desistir da candidatura e
Frejat assumir.
Àquela
época, a esposa do ex-chefe do Buriti, Flávia Arruda, entrou na corrida
eleitoral ao lado de Frejat, como vice. Questionado sobre a situação, Roth
narrou: “Ele (Arruda) acabou tendo que sair, por questões de inelegibilidade.
Colocou o vice dele, mas não tiveram êxito”, lembrou. Os procuradores, então,
perguntam se o dinheiro retornou. “Não”, respondeu o ex-executivo.
“Ele
não continuou. O vice, um médico que não me recordo o nome agora, que ficou no
lugar dele. Ele (Arruda) até estava na frente. Mas, com isso, o substituto não
conseguiu”, complementou Roth. Os representantes do MPF, mais uma vez,
perguntam se os valores foram devolvidos e ele crava: “Não. Foi para a
campanha”.
A
distribuição dos R$ 966 mil encontra-se na documentação entregue ao MPF. O
registro 7-A se refere ao Centro Administrativo de Brasília e o 7-B ao BRT. A
destinação seria Parreira, codinome supostamente usado por Arruda. Roth afirma
que as informações mostram de onde saiu o dinheiro para o caixa 2. “Algum
recurso alocado naquela obra foi destinado a ele”, pontuou.
O outro lado
Ao
Correio, Frejat relatou não ter conhecimento sobre a origem do dinheiro usado
na campanha. “Quando assumi, faltava pouco mais de um mês para a votação. Era
uma corrida louca para chegar ao eleitor. Por isso, não arrecadei recursos, os
negociei ou movimentei. Quem tomou conta da destinação dos valores para a
candidatura foi o próprio PR”, apontou.
Luis
Henrique Machado, advogado de José Roberto Arruda, alegou que “tratam-se de
delações vazias, sem elemento corroborativo sério de prova que atestem as
versões dos delatores. Vale lembrar que todas as contas do ex-governador Arruda
foram sindicadas e aprovadas pela Justiça Eleitoral”.
Por:
Ana Maria Campos/ Ana Viriato
Domingo,
13 de maio, 2018 ás 12:00
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